CNH – CONDUTOR NÍVEL HONORES

Começo dos anos 60 e apesar de seu Valdemar já dirigir caçambas e tratores ou maquinas pesadas, ele ainda não possui habilitação, pois quase não era exigido naquela época pelas autoridades de transito, uma vez que, quem conduzia estes veículos e maquinas, trabalhavam para construir o que um dia viria a ser o transito, refiro-me as estradas, pontes e rodovias.

Foi exatamente em um município pequeno que resolveu tirar sua habilitação, município este, que pouco mais de uma década depois, e por força das circunstancias, será seu domicilio juntamente com sua família, que talvez até então, não estava em seus planos.

Seu Valdemar chega para o teste de rua em um Jeep, o examinador de trânsito lhe pergunta se realmente está preparado, ele então com a maior frieza de quem parecia se preparar apenas para dar uma carona para o fiscal, responde que sim, e espera as ordens para iniciar o percurso em que deveria conduzir o veículo para que fosse avaliado. A cidade possui aproximadamente cinco bairros, e todas as avenidas principais se dirigem ao centro, que é banhado pelo grande rio onde se encontra o porto, de onde chegam os barcos com mercadorias e partem com gado, para outros estados. Próximo ao porto há uma ladeira meio íngreme, ao chegarem no meio da subida desta ladeira, o examinador pede para que seu Valdemar pare o carro, sem desliga-lo, ele obedece prontamente, o examinador desce, passa em frente do carro e chega até a janela do motorista e diz:

- Você dirige bem, mas para que eu lhe aprove, vou lhe fazer um último teste.

Seu Valdemar ficou aguardando o último teste com o carro parado e funcionando no meio da ladeira, foi então que o examinador se aproximou novamente da janela e lhe disse:

- Você sabia que eu fumo?

E sem esperar qualquer resposta de seu Valdemar, já foi retirando do bolso da camisa uma caixa de fósforos e balançando próximo ao seu ouvido e falou:

- Eu irei colocar esta caixa de fosforo atrás do pneu traseiro do carro e você irá sair com o carro para frente, eu só lhe peço uma coisa, procure não deixar o carro descer, por que se não, a caixa de fosforo pode amassar, aí como acenderei meu cigarro, entendeu!

Antes de executar o teste seu Valdemar chamou o fiscal, que ao atende-lo imaginava que o futuro motorista faria um apelo para fazer outro teste, pois aquele não teria habilidade suficiente, só que ao chegar próximo ao veículo o que ouviu foi o seguinte:

- Meu amigo, eu trabalho já a algum tempo em maquinas e caçambas que muitas vezes quase não possuem freio, e até embreagem, e nós temos que se virar, porque a obra não pode parar. Mas tudo bem, vou fazer o que me mandou, mas queria pedir uma coisa pra você; mas só se você puder fazer.

O examinador olhou para seu Valdemar, e lhe disse:

- Se não estiver fora do regulamento, eu farei com prazer.

Foi então que seu Valdemar falou, com seu jeito irônico e em resposta ao apelo sarcástico do fiscal, quando lhe pediu que não destruísse a caixa de fosforo:

- Eu queria lhe pedir que tirasse a caixa de fosforo, e colocasse o dedão do pé, pode ficar tranquilo, que nada vai acontecer.

O examinador lhe olhou com um olhar meio raivoso, e já foi dizendo:

- Mais uma gracinha dessa e eu lhe reprovo.

Seu Valdemar concluiu o teste sem amassar a caixa de fosforo e o examinador lhe aprovou, mas sem muitas palavras e com cara de poucos amigos.

Elton Portela
Enviado por Elton Portela em 21/05/2020
Reeditado em 18/07/2023
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