VIVER É LUTAR - HOMENAGEM PÓSTUMA A FLÁVIO MIGLIACCIO E ALDIR BLANC
VIVER É LUTAR - Homenagem póstuma a Flávio Migliaccio e Aldir Blanc
Entristecido pela morte de dois grandes artistas brasileiros a saber, Flávio Migliaccio e Aldir Blanc, resolvi republicar um texto escrito em OUT de 2017, porém de uma atualidade desconcertante, onde fiz um comentário sobre um artigo do iminente professor de direito da UERJ, Afrânio Silva Jardim, dirigido mais ao primeiro, que resolveu dar fim à sua existência, mas que tem tudo haver com Aldir, considerando que uma das justificativas de Flávio diz respeito ao desrespeito ao idoso brasileiro.
Longe de querer criticar sua atitude, visto que tenho enorme admiração por quem tem coragem de decidir sobre sua vida e sua morte (neste aspecto sou um covarde declarado), acredito, e deixo claro no meu comentário, que desistir não é a via adequada. Evidente que não podemos ajuizar o que se passava na mente de ator tão extraordinário.
Mas o fato é que ele invocou, através de bilhete, sua extrema insatisfação com a atual situação política brasileira, nas mãos de um psicopata genocida e sua caterva de aduladores maus caracteres e também portadores de transtornos de conduta. Chegou a se preocupar com o futuro do Brasil ao pedir que olhem pelas crianças deste país.
É realmente muito triste, como também é triste sabermos da morte de um gênio da MPB como Aldir Blanc, grande parceiro de outro gigante que é João Bosco, autor de inesquecíveis e maravilhosas canções que marcaram muitas gerações, inclusive fazendo parte da minha vida com a esplêndida ¨O Mestre Sala dos Mares¨ em homenagem ao marinheiro João Cândido (também conhecido como Almirante Negro), marinheiro gaúcho líder da ¨Revolta da Chibata¨. Aprendi violão tocando incansavelmente esta música, a qual reproduzo no final.
Ficamos sabendo que um gênio musical como ele foi a óbito pela covid 19 atendido de forma precária pelo SUS (não querendo criticar o SUS pelo SUS, que em tese é um fantástico sistema de saúde, infelizmente sucateado e subfinanciado por gerações e gerações de mandatários e políticos canalhas e desqualificados), mas não fosse a ajuda de muitos admiradores e amigos, teria ficado abandonado à própria sorte.
Da minha parte, a partir de hoje não quero mais me relacionar fraternalmente com pessoas que apoiam o governo e esse desprezível verme que está à frente dele, a não ser pelo estritamente necessário como trabalho ou outros interesses não fraternais.
Acredito que essas pessoas não fazem isso apenas por ignorância ou desconhecimento histórico, mas também por serem portadores de um caráter suspeitoso e apodrecido. Infelizmente ai estão inseridas pessoas que considerava inteligentes e de boa fé, inclusive alguns parentes.
Já com esta postagem, envio somente para amigos que estão acima de qualquer suspeita rsrs.
A seguir, minha mensagem de força, esperança e fé, no homem, na natureza e na harmonia do universo.
Marco Antônio Abreu Florentino
VIVER É LUTAR
Concordo com o Prof. Afrânio que desistir não é a via adequada, mas essa luta tem que ser redimensionada pelos novos valores impostos por uma sociedade que se desumaniza cada vez mais, num ritmo alucinante.
A estratégia tem que ser repensada e executada de forma inteligente. Porém acredito que certos valores nunca mudam e sempre serão ferramentas e armas importantes de luta, como o anarquismo enquanto movimento político e a desobediência civil inteligente, principalmente em se tratando de governos e lideranças estabelecidas de forma ilegítima ou maquiada por um poder judiciário conivente.
Registro um dos mais expressivos poemas da literatura brasileira sobre o assunto em questão, escrito pelo genial poeta maranhense de Caxias, Gonçalves Dias:Não chores meu filho
Não chores, que a vida
É luta renhida,
Viver é lutar,
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
Marco Antônio Abreu Florentino
A SEGUIR, O TEXTO DO PROFESSOR DE DIREITO DA UERJ AFRÂNIO SILVA JARDIM:
ABAIXO O CONFORMISMO !!! NÃO AO DERROTISMO E AO PESSIMISMO. A LUTA É CONSTRUTIVA POR SI SÓ !!!
TENDO EM VISTA ALGUNS PRONUNCIAMENTOS PESSIMISTAS DE UNS POUCOS LEITORES, AÍ VAI O MEU RECADO:
Não podemos nos abater pelo pessimismo. Não podemos "jogar a toalha"
Este comportamento conformista só serve aos nossos adversários. A "luta" tem de ser permanente. Não podemos nos entregar ... A "'luta", por si só, nos dá razão para viver.
Lutar pelo que julgamos ser justo já nos proporciona uma "parcela de felicidade".
Pensemos em quantos companheiros idealistas morreram e foram torturados lutando por uma sociedade mais justa. Certo ou errado deram as suas vidas pelos outros ...
Quando menos se espera, o povo desperta e passa a ser agente de sua própria história. Enquanto houver injustiça neste mundo, haverá quem lute contra ela.
A rebeldia é inerente ao ser humano. Não existisse a rebeldia e ainda estaríamos dentro das cavernas.
A evolução da humanidade se deve muito às transgressões das normas impostas pelo poder dominante. Se não houvesse o comportamento "marginal", a sociedade não teria evoluído.
Falo marginal no sentido de agir questionando o status quo. Vale dizer, agir à margem das regras injustas, impostas por quem detém o poder político em determinado momento histórico.
No caso, no momento atual, estamos apenas lutando por um verdadeiro Estado Democrático de Direito.
Temos que lutar permanentemente contra o autoritarismo, contra o massacre do poder econômico, contra a corrupção, contra a retirada de direitos da população, contra o racismo, contra uma justiça inquisitiva e parcial, contra uma mídia desonesta e vulgar, vale dizer, contra o fascismo.
Invoco aqui os pensamentos de Eduardo Galeano:
“SI ME CAÍ, ES PORQUE ESTABA CAMINANDO
Y CAMINAR VALE A PENA AUNQUE TE CAIGAS".
(Se eu caí, é porque estava caminhando e caminhar vale a pena ainda que venhamos a cair).
“A UTOPIA ESTÁ NO HORIZONTE. ME APROXIMO DOIS PASSOS, ELA SE AFASTA DOIS PASSOS. CAMINHO DEZ PASSOS E HORIZONTE CORRE DEZ PASSOS. POR MAIS QUE EU CAMINHE, JAMAIS A ALCANÇAREI. PARA QUE SERVE ENTÃO A UTOPIA? SERVE PARA ISSO: PARA QUE EU NÃO DEIXE DE CAMINHAR".
Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito da Uerj.
https://youtu.be/Qga3mBv_Fz0