Tia Noeme
Ela sentiu que nos deixava
Mas não ficamos no vão
Nos deixou um lindo legado
De amar cada um ente
Como do seu ventre tirado
A labuta foi pesada
Pra criar prole numerosa
Mas depois do fim do dia
O cansaço dissipava
Na calçada com uma prosa
A dureza exigia coragem
E entender de economia
Para produzir o sabão
Do uso no dia-a-dia
E cozinhar seu guizado
Transformando em iguaria
Se sua rotina foi dura
Sua sina foi pesada
Pois a cólera humana
Rasgou-lhe como facada
Tirando do seu coração
Parte da parte amada
A sua ferida não virou rancor
E o seu olhar sempre enxergou
Até numa estranha barriga
Um instante belo e acalentador
A sua calçada foi o ponto certo
Da distribuição do seu grande amor