À razão da minha vida, minha Portela querida

Nasci sem nascer, vivi a minha vida sem vida, sem alegria, sem cor. Andava emergido num mar de escuridão, não ouvia bom som e nem olhava boa obra, com admiração. Eu era cego a qualquer diferença, o medo irracional me cobria, quanta coisa perdi. Perdi, mas encontrei a luz, o sol, que surgiu em forma de águia altaneira no misto azul e branco do céu. Pôs seu olhar a mim, me resgatou das trevas com suas garras e fez a minha assunção ao céu, para me encontrar com os meus irmãos, com tua sentinela - Monarco, Surica, Eunice, Guaracy, Casquinhas e outros nobres mais -, com o teu sabiá, com o SAMBA...

Encheu minh'alma com teu samba, me fez enxergar além das dores. Do céu dá pra ver tantas cores... E agora, meu eu revigorado, transformado em águia, me fizeste teu filho e seguirei o meu caminho ecoando o nosso grito guerreiro, levando o teu nome onde quer que eu esteja. Obrigado por me trazer a luz, minha amada Portela.