PANDEMIA E SOLIDÃO*
Solitário,
caminho na cidade,
caminho de terra que me leva
a cemitérios mexicanos,
onde as cinzas e as cores
da vida sem objetivo,
depositarei, depois dos 70.
Gente louca e com razão
é o que nunca nos faltará
com essa onda de pandemia e solidão.
Ontem estávamos todos reunidos
e se acabou. Todos na praça,
já não podemos mais.
E o máximo que podemos fazer
é cantar em nossas varandas e janelas,
meditando na massa do pão,
enquanto estudo com a lua
o desaparecimento do não.
Vou desenhando letras e lendo desenhos,
mas, procuro contar a sua história de vida.
As letras em nossas vidas,
nos servem para isso mesmo.
Para contar a história de cada um de nós.
A lama, Vale, nada.
Mais importante
que todo o dinheiro do mundo,
são as vidas soterradas
por este Vale de dor e lágrimas.
Por um instante,
nesta Selva Misionera
pensava estar sozinho
buscando a la Superalma en las Veredas
ao som de cordas e tambores na fronteira.
Outra vez sinal fechado?
Ah! isso não nos importa,
pois vejo que chegou a primavera,
e dentro da etimologia do verso,
tentarei compor um novo poema
En la Zona del Silencio
(Poema para el Norte Mexicano).
Para um ser especial,
ao qual lhe dedicarei
como um presente sem presença,
já que não podemos nos abraçar.
Venha comigo,
necessito de mais pessoas
para compor esse trabalho,
que também será um poema para Patagônia,
pois um poema
é muita gente ao mesmo tempo,
que clama por uma só salvação
com amor, união, paz,
e muitas outras coisas
que aprendi na Montanha Sagrada.
Salam, Shalom, Shanti.
*Esse texto foi composto, usando todos os 33 títulos, já publicados até hoje, dia 24 de março de 2020, pelo escritor e poeta, Júlio Moreira, no Recanto das Letras.
São Gonçalo do Pará (MG), 24 de março de 2020.