POESIA & ÉTICA
“Do Livro Sexto”
Escreveu a discreta Sophia
Que “a Poesia é uma moral”…
Eu direi antes que é magia
E, mais ainda, que é ritual.
Além de ritual ela é conduta
E, quer na forma como na ética,
Ela é o jeito de ser e de permuta
No agir do poeta e na estética.
Não é moral, pelo seu teor
De um horizonte extra-humano,
Todavia implica ter valor
No mais-que-ser de cada plano.
A poetisa respira poesia
Na própria onda da emoção,
Não se topa, mas há energia
Nos embates de cada opção.
O seu leme está na vontade
De cada verso e de cada poema,
Seu mar as palavras de verdade
Que lhe dão uma ética suprema.
O Livro de Sophia, na relação
Com os seus leitores e poetas,
Manifesta a comunicação
De virtudes nuas e discretas.
Seu cálamo é tão só tremulante,
No singelo rodopiar da escrita,
Mas é, porém, seguro e vigilante
Na palavra que deve ser dita.
O Livro de Sophia navega
Num mar infindo de espanto,
Em cada remada se entrega
Nas mãos duma sereia-encanto.
Por isso ele é magia e ritual,
Poesia ingénua a baloiçar,
Mas bem firme, no pantanal
De estranhos mares a navegar.
Livro Sexto, como noutros mais,
Da poetisa p´ lo seu escrever
É, entre os Livros conjunturais,
Uma água fresca para beber.
Se as palavras dão vida às coisas
Estas brilham na luz da estrela
Que corta célere as grades
À clareza pura d´ alma bela.
Na simplicidade do seu canto
E na profundeza da mensagem
Encontra-se todo o acalanto
Do sentido puro da Viagem!
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA