Henrique, enriquece...dor
Sob intensa nebulosidade e cerração nas montanhas que a orlam, como sói nos períodos chuvosos estivais, Pitangui despertou sob o pressagioso torpor de uma tragédia humana nesta segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020. O jovem calouro de Medicina, Henrique, orgulho de seus pais, seus pares, e concidadãos, dera adeus à vida, antes ainda de completar a maioridade legal.
Não há como descrever de forma minimanente clara e compreensível, a gravidade e a magnitude dos desdobramentos que se seguiram ao longo da pesarosa jornada. Nada obstante, uma movimentação inusitada saltava aos olhos e aos corações: numa acelerada espontaneidade multiplicavam-se as manifestações de solidariedade à família enlutada, sobretudo Sophia e Ronaldo, pais do desafortunado e tão querido filho.
Como entender um vida ceifada no seu mais intenso e definidor desabrochar? Já tive a oportunidade de prestar homenagens a conterrâneos no momento de sua partida, cujo traço comum, e mais dignificante, no mais das vezes, era a longevidade de uma existência profícua e prenhe de realizações, a rigor, mais uma exaltação do que
um pesar pela perda.
Contudo, uma partida abrupta e tão prematura, como foi o caso de Henrique, a quem se antevia um futuro promissor, justamente no domínio da saúde, coloca desafios de compreensão insondáveis, de vária ordem e profundidade. Por quê? Como entender, queridos Ronaldo e Sophia, essa sentença irrecorrível, definitiva e impostergável, senão à luz da fé e dos mistérios inextricáveis do viver...?