Faia, bétula e lárix (republicação)
Nazaré, aquele encanto de morena, era a mestra de Geografia. Casada embora, toda moçada não via a hora, de ser o homem de Nazaré... Eu não sabia com qual delas, mestra ou a geografia, a atenção dividia. Afinal tinha meus treze anos e, pela frente, conquanto fremente, tempo e quota para enganos e desenganos.
Sei que o gosto pela disciplina precedia o apreço desmesurado pela professora, mas como ambos se fundiam, tudo parecia casamento perfeito em demasia. Será que ninguém sabia?
Assim, senti-me meio vitorioso, e quase vitoriano, no dia em que resisti a uma aparente insolência da mestra, ao brincar com um colega já bem mais maduro, e muito bom aluno, por seguro, ao chamá-lo de primo, pois ele, como ela, era Lemos. Vitória pírrica aquela.
Entretanto, quando vinham as notas, eu me refestelava, e em provas quase perfeitas já me habituava, e a meiguice de Nazaré tudo amenizava.
Faia, bétula e lárix entraram numa de suas exposições rotineiras, no capítulo da cobertura vegetal do Canadá, e esquecê-lo, ainda não dá, apesar de mais de cinquenta anos.
E por acaso e pelos caminhos que me conduziu a Geografia, tive uma passagem pelo Canadá, dois anos e meio, com dois longos invernos de recheio. Não cheguei a me aventurar pelas matas do país para tornar-me mais íntimo dessa vegetal trindade, e nem ao menos recorri aos dicionários para decliná-la em inglês e francês, línguas oficiais do Canadá. Guardá-la em bom português já dá. Com fé em Nazaré.