Alva Alma Alda
Quisera por ela na noite da despedida não sabida,
Ter dito alguma palavra a mais ainda não dita.
Ter dado um abraço forte a mais que não foi dado,
Ter me aninhado mais uma vez ao seu lado.
Quisera ter ajeitado mais uma vez o travesseiro,
Quisera no momento derradeiro trocar esse último suspiro pelo primeiro,
E de tantas imperfeições ver saída,
Antes que ela se fosse...
Mas amanheceu e já não lhe restara vida,
Muito embora a tivesse por inteira consumida
Na mais bela trajetória já composta.
Pudera! Já não havia mais resposta sem pergunta.
Plena e limpa foi sua passagem, por onde quer que olhem;
E como uma sombra na paisagem sobreveio o dia da partida,
O sol tão intensamente reluzia que parecia tentar apagar a morte
Que lhe cobrira o rosto.
Entretanto foi o oposto,
Posto que mal notaram o brilho, aqueles que emergidos em lágrimas
Agradeciam a Deus.
Ela cuidou bem dos seus, e dos outros, nesses cem anos que passaram num sopro...
Viveu de modo que eternizará o seu amor em lembrança,
Deu tudo de si e deixa toda a saudade do mundo em herança
Como privilégio para quem a conheceu!
Eu diria que de fato ela não morreu,
Somente exauriu-se de zelo e afeto, despendeu-se em sorrisos abertos,
Esvaiu-se pelas mãos sempre dispostas a ajudar,
e sua alma pelo ar ebuliu,
E assim leve, alva como neve, para o céu subiu.