Alva Alma Alda

Quisera por ela na noite da despedida não sabida,

Ter dito alguma palavra a mais ainda não dita.

Ter dado um abraço forte a mais que não foi dado,

Ter me aninhado mais uma vez ao seu lado.

Quisera ter ajeitado mais uma vez o travesseiro,

Quisera no momento derradeiro trocar esse último suspiro pelo primeiro,

E de tantas imperfeições ver saída,

Antes que ela se fosse...

Mas amanheceu e já não lhe restara vida,

Muito embora a tivesse por inteira consumida

Na mais bela trajetória já composta.

Pudera! Já não havia mais resposta sem pergunta.

Plena e limpa foi sua passagem, por onde quer que olhem;

E como uma sombra na paisagem sobreveio o dia da partida,

O sol tão intensamente reluzia que parecia tentar apagar a morte

Que lhe cobrira o rosto.

Entretanto foi o oposto,

Posto que mal notaram o brilho, aqueles que emergidos em lágrimas

Agradeciam a Deus.

Ela cuidou bem dos seus, e dos outros, nesses cem anos que passaram num sopro...

Viveu de modo que eternizará o seu amor em lembrança,

Deu tudo de si e deixa toda a saudade do mundo em herança

Como privilégio para quem a conheceu!

Eu diria que de fato ela não morreu,

Somente exauriu-se de zelo e afeto, despendeu-se em sorrisos abertos,

Esvaiu-se pelas mãos sempre dispostas a ajudar,

e sua alma pelo ar ebuliu,

E assim leve, alva como neve, para o céu subiu.

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 16/01/2020
Reeditado em 16/01/2020
Código do texto: T6842879
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