Homenagem a Catulo

Em se tratando de poetas, um deles não poderá jamais ser esquecido: CATULO DA PAIXÃO CEARENSE. Sua poesia simples entra peito a dentro sem pedir licença. Passeando pela internet, encontrei por acaso este site - http://www.jornaldepoesia.jor.br/ (me parece que da Paraíba) riquíssimo em poesia, e dele extraí este belo exemplo do trabalho de Catulo:

O AZULÃO E OS TICO-TICOS

Do começo ao fim do dia,

um belo azulão cantava,

e o pomar que atento ouvia

os seus trilos de harmonia

cada vez mais se enflorava.

Se um tico-tico e outros bobos

vaiavam sua canção,

mais doce ainda se ouvia

a flauta desse azulão.

Um papagaio, surpreso

de ver o grande desprezo

do azulão, que os desprezava,

um dia em que ele cantava

e um bando de tico-ticos

numa algazarra o vaiava,

lhe perguntou: " Azulão,

olha, diz-me a razão

por que, quando estás cantando

e recebes uma vaia

desses garotos joviais,

tu continuas gorjeando,

e cada vez cantas mais?!"

Numas volatas sonoras,

o azulão lhe respondeu:

"meu amigo, eu prezo muito

esta garganta sublime,

este dom que Deus me deu!

Quando há pouco, eu descantava,

pensando não ser ouvido

nestes matos ,por ninguém,

um sabiá que me escutava,

num capoeirão , escondido,

gritou de lá: "meu colega,

bravo!....Bravo!...Muito bem!"

Queira agora me dizer: -

quem foi um dia aplaudido

por um dos mestres do canto,

um dos cantores mais ricos

que caso pode fazer

das vaias dos tico-ticos?!"

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 15/01/2020
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