O passeio de Luiz
Luiz morava com sua mãe negra, alforriada e solteira, em Salvador, porém, conhecia seu pai, que era branco, de família portuguesa e livre.
Após a revolta dos malês (1835), negros de cultura muçulmana, como sua mãe, foram deportados. Foi quando seu pai o pegou pela mão e, num, aparente passeio, foi caminhando para as bandas do cais do porto, mas não se preocupou em levar malas ou bagagens, por isso Luiz não achava que iriam viajar. Seu pai mandou aguardá-lo num canto enquanto conversava longamente com um homem branco de aspecto forasteiro. Ele percebia que às vezes ambos olhavam para ele e continuavam a conversa.
Num dado momento, ambos se aproximaram de Luiz. Seu pai o avisou que ele embarcaria para São Paulo no navio que estava prestes a partir junto com o estranho. Foi quando Luiz se deu conta do que estava acontecendo e exclamou "pai, o senhor está me vendendo?". O pai afastou-se apressado sem dar resposta; Luiz acabara de ser vendido como escravo para aquele estranho senhor pelo próprio pai. O rapazola, embora inconformado, seguiu resignado para a capital paulista; eram meados do século XIX.
Luiz chegou à capital paulista na condição de escravizado, entretanto jamais aceitou essa condição e prometeu a si mesmo lutar contra essa situação, e lutou. Apegado a seus, ainda que parcos estudos, passou a buscar brechas na lei que o livrassem daquela condição. Ao descobrir que tinha direito a liberdade por ser filho de um homem livre, lutou e conquistou sua liberdade. Em sua busca, descobriu que havia outros escravizados na mesma condição que ele passando a defendê-los junto aos tribunais. Como rábula, conquistou a liberdade de aproximadamente 500 pessoas.
Luiz Gonzaga Pinto da Gama morreu em 24 de agosto de 1882 na cidade de São Paulo, seu funeral foi concorrido contando com a presença de diversas autoridades, inclusive o governador do Estado.
Valeu o "passeio" do Luiz.