NEM É TARDE NEM CEDO
«À Comendadora Sophia»
Pois, pois, nem é tarde nem cedo
Vir, desta Pátria, o Presidente
Sem nenhum laivo de segredo,
Dar-te, Sophia, o qu´ alma não sente!
Terá ido ao fundo do MAR,
Por entre mergulhos risonhos,
Lograr um engenhoso CORAL
E com ele coroar-te os sonhos.
Buscando p´ lO NOME DAS COISAS
Em justas SINGRADURAS e ILHAS,
Ornamentou-te com um COLAR,
Tu, que sempre odiaste maravilhas.
Tua obra é a tua GEOGRAFIA
E tu hás-de romper as GRADES
Em MAR NOVO respirando poesia
Sem que nele haja ruins entraves.
Por mil e uma NAVEGAÇÕES
Ousaste com teu LIVRO SEXTO
Um TEMPO DIVIDIDO em emoções
P´ lO CRISTO CIGANO, fiel gesto.
Tu nasceste MENINA DO MAR
E partiste em DESCOBRIMENTOS,
CAVALEIRO DA DINAMARCA no ar,
Em DUAL praia d´ encantamentos.
P´ la bênção de A FADA ORIANA,
Na quentura da MUSA em festa,
Descobriste ORPHEU E EURYDICE
Nas ínvias sendas de A FLORESTA…
Quais HISTÓRIAS DA TERRA E DO MAR,
Na sobriedade de O BOJADOR
Viste um BÚZIO em A NOITE DE NATAL
Transformado em O ANJO DE TIMOR.
E contaste a´ O RAPAZ DE BRONZE:
«ERA UMA VEZ UMA PRAIA ATLÂNTICA
Em qu´ um destacado Presidente
Me deu a “Ordem de Santiago de Espada”».
Não precisarias dessas benesses,
Muito menos banais fantasias,
Mas há poetas que ensaiam preces
P´ ra tais homenagens e honrarias.
Comendadora, já tu o és,
Comendadora sempre serás,
Mas fugirás a quatro pés
Desses Reinos de Satanás.
Contigo – Sophia de Mello Breyner,
A nova Fada que Deus lembre –
Sabe bem ler, cantar e escrever
Numa aura de POESIA SEMPRE!
Não é tarde, nem cedo, diz o refrão
Sempre oportuno nestas “Viagens”,
Não aquece nem arrefece a distinção
Qu´ ao Mundo sobram as vassalagens!
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA