Mosaico da estrada
Lembra da estrada?
Eu pisei no seu pé,
Quer ser minha namorada?
Perdi um pouco a fé.
Queria estar longe,
Mas a estrada me lembra você,
Ficar dói,
E ir também.
Eu não posso falar pra alguém.
Nem te dizer,
Será que corro de mim ou de você?
Qual sua última lembrança tranquila?
Eu não me saio bem aos domingos,
Não compreendo como os dias acabam,
Não entendo como você não está
Do que serve a poesia?
A lembrança é um suco amargo,
Que não marca a hora de ser deglutido,
Ninguém escolhe ter sentido.
A estrada parece uma pareidolia,
Em cada canto dela vejo sua forma,
Nessa cidade, ou em outra,
Mais forte quanto mais se distancia.
Ninguém pede pra continuar sentindo,
Eu me resignei, aceitei o destino.
Não sei se um dia consigo ir,
Até lá fico perdido.