ANIVERSÁRIO DO PAPAI 2019

Hoje meu pai faria 87 anos, bem que poderíamos fazer uma festa muito legal, ele seria homenageado pela mulher, seus filhos, netos, cunhada, amigos e demais parentes.

No entanto, nada disso é possível acontecer, na verdade, já fazem aproximadamente 43 anos que esta festa foi silenciada. Ele faleceu repentinamente, no dia 11 de dezembro de 1976 aos 44 anos de idade. Só para que se tenha noção do tempo, daqui a 12 dias (8/11) completarei 59 anos.

Foi uma verdadeira catástrofe em nossas vidas, mas, a criação se vale do tempo, como sempre, para dá um jeito de colocar ordem na casa, limpar tudo e por fim, toca o barco como se nada tivesse acontecido.

O que mais lamento é que a saudade já nem entende o motivo de sua existência, pois foram tantos os acontecimentos após, que aos poucos as lembranças vão ficando cada vez menos nítidas e, até o que restou das imagens registradas não mais conseguem reproduzir em nossas mentes a importância que foi a pessoa que elas representam.

Claro que falo por mim apenas, são impressões pessoais que outras pessoas poderão ou não se identificar ao lembrar dos seus entes queridos.

Ao meu pai devo minha infância feliz, só depois de também ter uma família entendi o quanto foi difícil para ele manter cinco filhos e uma mulher, nas condições em que fomos mantidos e, mesmo assim, se sentir parte do mundo vivo.

As vezes sinto que as pessoas não gostam de me ouvir, simplesmente porque eu morava numa vila de um subúrbio, tinha uma baixa condição financeira e, mesmo assim, não consigo falar de tristezas, traumas e outras mazelas qualquer, pois, na verdade, aprendemos a ser felizes com o pouco, não com o glamour da pobreza, mas, pela cultura que recebemos, sem rituais de doutrinação ou coisa assim.

Eu tive o prazer de brincar de tudo o que aparecia e era tradicional para um menino brincar na época, não dava para ter uma bicicleta, mas, a gente alugava uma, em compensação tinha arráia, com ou sem encerol, bila, figurinha, bata, bozó, sete pecados, jôu ajuda, arrêia, major filipim, macaca, balango tengo, pega-pega, rola bosta, forte apache, mãos ao alto, corrida, cavalo de pau, soldadinho, andava nos muros, represava água da chuva na areia da rua, tomava banho de chuva, de rio, pegava peixe beta, subia em árvores e muito mais.

Vivi o que vivem as infâncias ao longo do tempo, com a liberdade de chegar em casa, encontrar uma mãe e um pai sorrindo, procurando ensinar muito mais do que conseguiram aprender. Via nos olhos deles um brilho de amor por nós que, lamentavelmente não é possível encontrar em muitos lares de ontem, hoje e creio que em muitos lares de sempre.

Não tive o desprazer de viver violência familiar, meu pai não bebia. Agora me digam como é que eu daria para as pessoas que me ouvem ou leem o que escrevo, um testemunho que não seja recheado de alegria?

Quem comandava este cenário positivo que era utilizado por nós para viver? Claro que meus pais, seu Luiz e dona Fransquinha. Hoje eles já se foram, a esperança de toda a humanidade é que eles estejam juntos, pois, se isso tiver acontecido, certamente, será o destino de todos nós. Tomara que estejam, neste caso, mais cedo ou mais tarde, estaremos novamente comemorando juntos nossos aniversários.

Claro que eu não conheci meu pai por inteiro, mas, a parte que consegui ver e entender, formeiuma ideia positiva a seu respeito. Ele era humano, demonstrou isso ao assumir alguns casos, aliviando a dor de pessoas, algumas bem próximas de nós. Como ele multiplicou o pouco que recebia para fazer isso, não me pergunte, mas que conseguiu, ele conseguiu. Era um cara apaixonado por sua família, isso sei que era, em especial por nossa mãe, talvez isso tenha inspirado meus sentimentos.

Ele sorria, fazia piada, dormia depois do almoço, teve Lambreta e zelava com muita dedicação (lamento não ter herdado isso, nosso carro que o diga). Sei que meu pai sempre chegava na frente para resolver problemas e que tentava ser justo.

Como podem ver, tenho orgulho de minha vida, sei que fizeram o melhor para me ajudar na sua edificação. Se hoje tento mostrar o lado bom das coisas, tentando ao máximo menosprezar seu lado ruim, isso não é à toa, tem origem e me orgulho muito disso.

Feliz Aniversário Pai, torço para que a vida tenha extensão pós, para que possamos sentar e refletir sobre tudo, em especial sobre perdas e danos. Beijo!019

Hoje meu pai faria 87 anos, bem que poderíamos fazer uma festa muito legal, ele seria homenageado pela mulher, seus filhos, netos, cunhada, amigos e demais parentes.

No entanto, nada disso é possível acontecer, na verdade, já fazem aproximadamente 43 anos que esta festa foi silenciada. Ele faleceu repentinamente, no dia 11 de dezembro de 1976 aos 44 anos de idade. Só para que se tenha noção do tempo, daqui a 12 dias (8/11) completarei 59 anos.

Foi uma verdadeira catástrofe em nossas vidas, mas, a criação se vale do tempo, como sempre, para dá um jeito de colocar ordem na casa, limpar tudo e por fim, toca o barco como se nada tivesse acontecido.

O que mais lamento é que a saudade já nem entende o motivo de sua existência, pois foram tantos os acontecimentos após, que aos poucos as lembranças vão ficando cada vez menos nítidas e, até o que restou das imagens registradas não mais conseguem reproduzir em nossas mentes a importância que foi a pessoa que elas representam.

Claro que falo por mim apenas, são impressões pessoais que outras pessoas poderão ou não se identificar ao lembrar dos seus entes queridos.

Ao meu pai devo minha infância feliz, só depois de também ter uma família entendi o quanto foi difícil para ele manter cinco filhos e uma mulher, nas condições em que fomos mantidos e, mesmo assim, se sentir parte do mundo vivo.

As vezes sinto que as pessoas não gostam de me ouvir, simplesmente porque eu morava numa vila de um subúrbio, tinha uma baixa condição financeira e, mesmo assim, não consigo falar de tristezas, traumas e outras mazelas qualquer, pois, na verdade, aprendemos a ser felizes com o pouco, não com o glamour da pobreza, mas, pela cultura que recebemos, sem rituais de doutrinação ou coisa assim.

Eu tive o prazer de brincar de tudo o que aparecia e era tradicional para um menino brincar na época, não dava para ter uma bicicleta, mas, a gente alugava uma, em compensação tinha arráia, com ou sem encerol, bila, figurinha, bata, bozó, sete pecados, jôu ajuda, arrêia, major filipim, macaca, balango tengo, pega-pega, rola bosta, forte apache, mãos ao alto, corrida, cavalo de pau, soldadinho, andava nos muros, represava água da chuva na areia da rua, tomava banho de chuva, de rio, pegava peixe beta, subia em árvores e muito mais.

Vivi o que vivem as infâncias ao longo do tempo, com a liberdade de chegar em casa, encontrar uma mãe e um pai sorrindo, procurando ensinar muito mais do que conseguiram aprender. Via nos olhos deles um brilho de amor por nós que, lamentavelmente não é possível encontrar em muitos lares de ontem, hoje e creio que em muitos lares de sempre.

Não tive o desprazer de viver violência familiar, meu pai não bebia. Agora me digam como é que eu daria para as pessoas que me ouvem ou leem o que escrevo, um testemunho que não seja recheado de alegria?

Quem comandava este cenário positivo que era utilizado por nós para viver? Claro que meus pais, seu Luiz e dona Fransquinha. Hoje eles já se foram, a esperança de toda a humanidade é que eles estejam juntos, pois, se isso tiver acontecido, certamente, será o destino de todos nós. Tomara que estejam, neste caso, mais cedo ou mais tarde, estaremos novamente comemorando juntos nossos aniversários.

Claro que eu não conheci meu pai por inteiro, mas, a parte que consegui ver e entender, formeiuma ideia positiva a seu respeito. Ele era humano, demonstrou isso ao assumir alguns casos, aliviando a dor de pessoas, algumas bem próximas de nós. Como ele multiplicou o pouco que recebia para fazer isso, não me pergunte, mas que conseguiu, ele conseguiu. Era um cara apaixonado por sua família, isso sei que era, em especial por nossa mãe, talvez isso tenha inspirado meus sentimentos.

Ele sorria, fazia piada, dormia depois do almoço, teve Lambreta e zelava com muita dedicação (lamento não ter herdado isso, nosso carro que o diga). Sei que meu pai sempre chegava na frente para resolver problemas e que tentava ser justo.

Como podem ver, tenho orgulho de minha vida, sei que fizeram o melhor para me ajudar na sua edificação. Se hoje tento mostrar o lado bom das coisas, tentando ao máximo menosprezar seu lado ruim, isso não é à toa, tem origem e me orgulho muito disso.

Feliz Aniversário Pai, torço para que a vida tenha extensão pós, para que possamos sentar e refletir sobre tudo, em especial sobre perdas e danos. Beijo!

jrogeriobr
Enviado por jrogeriobr em 28/10/2019
Reeditado em 05/11/2019
Código do texto: T6781245
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