Muito obrigado professora

“Contar historias eficazes não é fácil. A dificuldade está não em contar a historia, mas em convencer todos os demais a acreditarem nela”- Yuval Noah Harari

Uma quarta-feira de um tempo distante, uma professora de escola rural, Haide Fernanda seu nome, em dado momento e com toda certeza ciente de que estava em lugar seguro, deixou seu conjunto de maquiagem encima de uma carteira escolar qualquer. A aula daquele primeiro ano primário corria solta, Haide ia de carteira em carteira, tentando fazer com que aquela letrinha “a” chegasse o mais próxima possível do seu símbolo, do seu significado; a primeira letra do alfabeto. Aquelas pessoinhas, filhos e filhas daqueles lavradores que labutavam de sol a sol eram particularmente dificieis. Mas a professora era persistente e consciente dos problemas que todas enfrentavam naquela localidade. Alheio a aula e a lição os olhos de um pequeno aluno encontrou a caixa de pó de arroz e seu espelho. Um brilho intenso, algo mágico, coisa jamais vista e observado por aqueles olhos curiosos.

_Eu quero esse negócio, vai ser meu, mesmo que tenha que roubar.

Por muitas vezes ouviu de seus pais que não podia pegar nada de ninguém, que era roubo, não era certo, e, aqueles que roubavam teriam um castigo divino. Mas o aluno procurou esquecer essa questão, a coisa era muito bonita, diferente, algo jamais visto. Inadvertidamente o pegou e guardou no bornal. Bornal, isto mesmo feito de saca branca de açúcar; as pessoas não dispunham de dinheiro para bolsa, mochilas ou algo assim. A curiosidade era tanta, que, apalpava o tecido do bornal a cada instante já que não podia olhá-lo naquele momento. A aula terminou enfim e todos partiram em grande algazarra. Aquele aluno tentou o mais depressa desvencilhar de seus colegas para poder apreciar sua posse, o que o fez com tamanha velocidade, assim que pode desfrutar de sua contravenção. Foi bárbaro, ninguém soube, ninguém viu e a escondeu em lugar seguro. No outro dia estava de volta ao seu bornal.

Na escola a coisa não estava bem, pairava uma nuvem negra mais que o próprio quadro que aquela época era negro. Antes do recreio a nuvem desabou e a professora Haide, aquele anjo começou a falar. O aluno infrator delinqüente, provavelmente se pudesse ver-se no espelho estaria amarelo, roxo. A palavra vinda da boca daquela santa o atingira no peito e o ferira mais do que a surra que o seu pai se soubesse lhe presentearia. Ela em nenhum momento expôs o aluno, o ameaçou, simplesmente disse; no intervalo eu quero o meu conjunto de maquiagem onde ele foi tirado, simplesmente.

_Ordem dada por autoridade competente e respeitada, deve ser cumprida. Assim foi resolvido e ninguém tomou conhecimento da pessoa responsável.

Meus amigos professor é aquele que ensina, mas também distribuir a lição que muitas vezes levamos e corrigimos nosso rumo. O aluno infrator deliquente acima sou eu, e tenho esta lição que carrego pela vida e na medida em que posso distribuo para todos meus filhos, amigos. Indelevelmente a minha professora Haide Fernanda me impactou, marcou e sou eternamente grato por ela ter me proporcionado esta grande lição.

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 15/10/2019
Código do texto: T6770509
Classificação de conteúdo: seguro