As mãos de Helena
As mãos de Helena
Era muito mais o riso e a forma divertida de falar pelas tardes mornas de Benguela que me encantava do que o jeito despachado em transformar tudo em arte.
Nem as longas, inteligentes e perfumadas conversas daquela minha amiga reduziam a beleza daquele sorriso. Toda ela irradiava energia e vivacidade. Sempre.
-Filho, olha para as minhas mãos. Achas que são mãos de artista?
Eu olhava, encantado, para aquelas mãos de escrever, mãos de olaria, mãos de pintura, mãos de mãe, mãos de trabalho, mãos de Helena.
Todos os seus movimentos eram graciosos e davam uma clara imagem de nobreza. Tudo parecia fácil ao seu gesto, tudo parecia simples ao seu olhar. Uma princesa, pensei.
Lembro-me de nos abraçarmos e eu sentir um profundo conforto, um grande amor por Helena.
Amo-te, tia.
Victor Amorim Guerra