O CHORO DO ASILADO

Eu respiro, eu resisto, ainda assumo

As avarezas e soberbas dos meus,

A quem ofertei tanto amor e preocupação,

E hoje vivo a montar um quebra cabeça que

Só me desmonta a cada dia que se passa.

Eu respiro, eu resisto, ainda creio

Que amanhã o sol me trará novidades

E a lua que me mata numa crônica solidão,

Será detida para a luz solar prolongar-se

E manifestar o seu calor pulsante,

Sobre a minha penumbra fria.

Eu respiro, eu resisto, ainda teimo

Em viver e defender a tese histórica da minha vida

Que a custo de carne esmagada construí e ergui.

Onde estão? Que lugar esconderam o amor?

Estou só. Ó amarga companhia que me disseca o coração

Não me abuse. Não me mate!

Eu respiro, eu resisto, ainda vejo

Minha identidade com valia e soberania,

Dando descrédito ao descartável que sou

Buscando ser reciclável, querendo reconstruir.

Ó filhos meus! Onde estão? Que lugar esconderam o amor?