"Olhar, olhar até não ser mais si mesmo"* (20/05/2019)

O olhar treinado do fotógrafo Alarcon Messias impressiona pelo simples, que se faz belo. O preto e o branco do quadro com tudo arrumado dentro; o preto e o branco do olho com o mundo todo dentro. Em cada quadro, um extrato da vida; e, na composição, uma lembrança de plano de fundo: "por entre os becos da feira: eu, meu pai, e o "'balaeiro' na volta apressada pra casa". Eu não tenho mais pai, eu não tenho mais casa. E parecia que a feira estava viva. Vida que pulsa naquele espaço aglomerado e de miscigenação tão bem capturado pelas lentes do nosso Sebastião Salgado. A fotografia não mente. Na disposição dos elementos: o drama, a paz, a sombra, a luz... Escrever com a luz. E ele em precisou contar essa história exagerando na linguagem. Em lugar do plongèe, um sorriso. A fotografia de Alarcon tem esperança. Seu objeto é gente. Não lembro de Alarcon sem seu equipamento de fotográfico. Ele não seria quem é: "o máximo em fotografia", sem falsa modéstia. O resultado do seu trabalho é o que lhe sustenta. E, por meio dessas imagens capturadas, especialmente, para esta exposição o mercado sempre existirá; feito um recorte da realidade de um tempo menos arrogante... - Para que as futuras gerações possam se ver ali. E "Olhar, olhar até não ser mais si mesmo". Afinal, a impressão que voga é aquela que nos transforma não a que nos faz feliz.

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 31/08/2019
Reeditado em 22/12/2023
Código do texto: T6734073
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