CARLOS MENDONÇA, UM MESTRE INESQUECÍVEL

CARLOS MENDONÇA, UM MESTRE INESQUECÍVEL

“Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu caráter, suas idéias e a nobreza dos seus ideais.”

Charles Chaplin

Como já notaram, gosto de escrever. Levando em conta que sou engenheiro, é um hábito estranho para minha profissão. Em 46 anos de trabalho em empresas de engenharia, lembro raras exceções que confirmam a regra segundo a qual, os profissionais escrevem o mínimo necessário, limitando suas letras a cartas para clientes, preencher diário de obras, relatórios técnicos, especificações e coisas do tipo. Confesso não me considerar um escritor, mas gosto de escrever, talvez por não reconhecer minhas limitações literárias. Me pergunto o que leva uma pessoa a sentir necessidade de registrar em papel suas estórias, pensamentos, opiniões, etc. Evidente que o principal requisito é amar a palavra escrita, seja de sua autoria ou de outros. É preciso consciência e sensibilidade de que as letras têm um poder, transmitindo sentimentos, registrando fatos, contando a História, levando conhecimento, pedindo socorro, e tantas outras funções. Como se cria esse sentimento é inexplicável, mas tudo tem uma origem. Após ser aprovado no exame de Admissão ao Ginásio do glorioso Instituto Estadual de Educação Martim Afonso, em São Vicente, pertenci à primeira série “E” do ano de 1959. Dentre saudosos mestres de variadas matérias, um ou outro permanecem em minhas recordações por terem marcado indelevelmente meus conhecimentos. Dentre estes uma figura destaca-se sempre que lembro de meus anos de ginásio: Professor Carlos Mendonça, responsável por ministrar aulas de Português. Antes de tudo o professor Mendonça era um gentleman, e credito a ele boa parte desse meu gosto por ler e escrever. Verdadeiro mestre na matéria que lecionava, Mendonça não transmitia só conhecimento. Muito mais do que ensinar, Mendonça era uma pessoa que fazia nascer nos alunos aquela vontade de “quando eu crescer, quero ser como ele”, possuía uma postura de dignidade e seriedade em sua profissão únicas. Respondia às perguntas dos alunos com atenção, sem transparecer ou mostrar superioridade, apenas buscava esclarecer dúvidas. Com uma maneira muito clara de expor a matéria, Mendonça tornava nosso complicado idioma totalmente inteligível. A imagem que ficou em minhas lembranças foi de um profissional da educação capacitado, equilibrado, gentil e bem-humorado. Conquistava autoridade devido sua competência, pois não era autoritário. Lembrando desse mestre, entendo que cada palavra que escrevo tem um pouco dele. Mendonça nos deixou há alguns dias atrás, e, a nós, seus alunos, resta a lembrança e a saudade de um exemplo de professor íntegro e merecedor de todas as homenagens. Onde estiver, será recebido com Amor.

Paulo Miorim 29/08/2019

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 29/08/2019
Reeditado em 22/09/2020
Código do texto: T6732214
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