Anos 1960: Os Panteras

Embora Raul mantivesse um gosto muito sincero pela música, seu sonho maior era ser escritor como Jorge Amado. Na sua cidade, escutavam Luiz Gonzaga todos os dias, nas praças, nas casas, em todos os estabelecimentos. Enquanto isso, Raul junta-se à cena do Rock, que se formava em Salvador. "Em 54/55, ninguém sabia o que era rock. Eu tocava e me atirava no chão imitando Little Richard." Com o passar do tempo, a banda que chegou a ter diversos nomes, como Relâmpagos do Rock, formadas então pelos irmãos Délcio e Thildo Gama, passa por várias formações e, em 1963, passa a se chamar The Panters, banda que agora já se tornara sensação de Salvador. A fama se espalha e a banda é rebatizada pelo nome Os Panteras, tendo em sua formação definitiva além de Raulzito, os integrantes Mariano Lanat, Eládio Gilbraz e Carleba. Em 1967, Raul Seixas começa um relacionamento com Edith Wisner, filha de um pastor protestante americano. O pai de Edith não aceita o namoro da filha. Em 6 meses, completa o segundo grau, faz cursinho pré-vestibular e passa em Direito, Psicologia e Filosofia. Com isso, casa-se com Edith. Logo em seguida, abandona os estudos, volta a reunir os Panteras e aceita o convite de Jerry Adriani para ir para o Rio de Janeiro.

Em 1968, Raulzito e os Panteras gravam o seu primeiro e único disco, Raulzito e os Panteras. Assinando contrato com a gravadora EMI-Odeon, após encontrarem Chico Anysio e Roberto Carlos, que os reconheceu nos corredores de uma grande gravadora. O disco no entanto não teria sucesso de critica nem de público. Eládio Gilbraz, um dos panteras, diria: "De um lado, havia a inexperiência de quatro rapazes, recém-chegados da Bahia, falando em qualidade musical, agnosticismo, mudança de conceitos e sonhos. Do outro lado, uma multinacional que só falava em "comercial". Talvez não tenha sido o disco que o grupo imaginara, mas o nosso sonho era gravar um disco. A partir daí, Raulzito e os Panteras passariam sérias dificuldades no Rio de Janeiro. Raul morava em Ipanema e ia a pé até o centro da cidade, para tentar divulgar as suas músicas, não obtendo sucesso. Algumas vezes, os Panteras recebiam ajuda de Jerry Adriani, tocando como banda de apoio, o que, segundo o próprio Raul, lhe deu muita experiência e lhe ajudou a descobrir como se comunicar, pois suas "músicas eram muito herméticas". Raulzito passaria então fome no Rio de Janeiro(como mais tarde escreveria em Ouro de Tolo).

Vinicius Moratta
Enviado por Vinicius Moratta em 21/08/2019
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