Antes tarde do que NUNCA! (EC)
Repentes me levam ao meu tempo de pré-adolescência!
Com meus 15, 16 anos... por várias vezes sentava-me solitariamente na mureta da varanda existente em nossa modesta residência e ficava observando o horizonte pensando em como seria minha vida futura!
Em março/1964 instalou-se o regime militar no Brasil e eu contabilizava 16 anos de idade, estudando no curso Científico e trabalhando em Banco, sonho da maioria dos jovens que aprendiam datilografia e sentiam-se privilegiados em exercer função em ambiente de trabalho ‘tão diferenciado’!
Em meus momentos de devaneio, pensava como estaria quando contasse meu 20, vinte ‘e poucos’ anos!
Em nosso ‘habitat’ com ambiente nordestino, havia muita união e respeito mútuos!
Meu genitor, exímio músico, devotava seu tempo em trabalhar em empresa de instrumentos musicais, ‘tomar seus pileques’, fazer parte da Banda Lira de Santo André e ‘faturar’ alguns trocados a mais, quando nos carnavais, juntamente com mais três ou quatro participantes também da banda, formarem um conjunto e animarem bailes carnavalescos que pululavam nos diversos salões da região!
E ‘meu velho’ era figura muito apreciada no meio, pois conhecia muito os melindres da musicalidade!
O tempo, de maneira célere seguiu seus tramites, formei-me no colegial, adentrei um curso superior, formei-me e logo a seguir, contraí matrimônio, ai sim saindo do aconchego do meu lar até meus 25 para 26 anos, indo compartilhar minha vida com minha muito amada companheira!
Totalmente ‘em cima do muro’, no que concerne as aptidões políticas, segui minha vida, ‘obedecendo’ como referido por muitos, a procissão das vaquinhas de presépio que concordavam com tudo, sem ver razões para exasperar-se com o regime vigente! Em sendo assim, segui minha rotina de estudar, trabalhar, ‘curtir’ minha família, praticar meus esportes, conviver com amigos e, felizmente, NUNCA tendo amigos presos, amigos sumindo assim, prá NUNCA MAIS!
Também, de vez em quando, recostava-me em algum canto e ficava elucubrando sobre a evolução de minha trajetória e o que de mais, ocorreria na sequência de minha vida!
E ai, vinha à minha mente, os procedimentos de meu querido velho, que ‘na sua’, criou seus sete filhos, de maneira que julgava a mais ideal e que condizia com o que pensava fosse o melhor para todos!
Antes de sua partida, por várias vezes, solitariamente, verti ‘pesadas’ lágrimas por não adquirir coragem suficiente para abraçá-lo, beijá-lo e dizer a alto e bom som, o que somente vim ver ser enaltecido ‘pelas ondas’ do rádio, em som de um jovem cantor, que mesmo obtendo o clichê de brega e tudo o mais, fazia enorme sucesso cantarolando: “ Meu querido, meu velho, meu amigo “ ...