A mulher que salvou a Apollo 11

Um segredo guardado pela NASA em plena Guerra Fria esconde a verdadeira história da primeira tentativa do homem de pousar na lua.

A missão, se encontrava próxima de concluir o passo mais importante de sua jornada e o módulo de pouso lunar, que havia iniciado sua descida.

A sorte estava lançada, tudo dependia do sistema de navegação, responsável por calcular a velocidade de aproximação, ângulo de ataque e o local de pouso.

Os astronautas, a esta altura passageiros do módulo pilotado pelo computador, foram surpreendidos, um alarme disparou.

Reportaram o erro imediatamente, tentando manter a calma. Cada segundo era crucial: com o procedimento de pouso iniciado, tudo terminaria em poucos minutos, seria o primeiro pouso tripulado na Lua ou uma colisão desastrosa que custaria a vida de todos.

O controle da missão na Terra orientou reiniciar o sistema, na esperança de que um estouro de memória aleatório tivesse disparado o alarme. Os astronautas assim fizeram, mas o alarme disparou novamente após o reset.

As rotinas de pouso na Lua trabalhavam com redundância e a posição era calculada por dois radares distintos. Um erro na implantação desse algoritmo fazia o computador recalcular a velocidade e ângulo indefinidamente, sobrecarregando o sistema e disparando os alarmes.

A sobrecarga gerada pelo erro no código impedia o sistema de navegação de operar as demais tarefas. O módulo de pouso iria colidir no solo lunar.

Os astronautas tentaram outro reset, sem sucesso. Seguindo o treinamento, decidiram abortar o procedimento de pouso, mas o sistema não respondia a estes comandos.

O sistema estava preso no loop. Um erro simples de programação custaria o sucesso da missão e a vida dos dois.

A agonia durou menos de dois minutos. Observado pelo silêncio indiferente do espaço, o módulo de pouso finalmente se chocou contra a lua, espalhando suas peças pela superfície lunar.

Essa teria sido a história da missão Apollo 11 se não fosse o brilhante trabalho de Margaret Hamilton. A cientista, que cunhou o termo engenharia de software, foi a arquitetura de software que evitou o acidente espacial mais trágico da história.

Ao contrário dos demais sistemas operacionais da época, o computador da missão Apollo 11 possuía conceitos robustos de prioridades que impediam um algoritmo defeituoso de alocar um espaço exagerado de processamento e impedir o funcionamento dos demais.

A falha narrada foi real. Durante o procedimento de pouso da Apollo 11 um algoritmo do radar entrou em loop, consumindo 80% do processamento. Foi quando a rotina de prioridades de Margaret, que era considerada uma bobagem pelos colegas, entrou em ação. O sistema que criou impediu o erro de consumir mais processamento e o sistema de navegação operou o pouco normalmente, apesar da falha.

Sem o trabalho de Margaret, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin entrariam para história como as primeiras pessoas a morrerem na Lua em vez de serem os primeiros a pisarem nela.

Margaret Hamilton fez muito mais do que escrever linhas de código, suas ideias causaram uma verdadeira revolução na forma de pensar os sistemas operacionais, superando em muito as práticas da época e os modelos de arquitetura existentes.

Ela publicou mais de 100 artigos e seis livros na área de ciência da computação e trabalhou em mais de 60 projetos diferentes na NASA.

De certa forma, todos os softwares modernos devem algo à Margaret Hamilton.

Ela se destacou numa época em que mulheres não eram respeitadas e através da força de seu intelecto, criatividade e determinação provou que era preciso levar a sério a contribuição feminina se quisermos alcançar as estrelas.

Vinicius Moratta
Enviado por Vinicius Moratta em 02/08/2019
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