Acordo De Campeões
Bebeto, Dunga, Raí e Ricardo Rocha não tiravam o olho de Carlos Alberto Parreira na concentração da seleção brasileira. O ambiente estava pesado em uma madrugada de agosto de 1993 e o quarteto futuro campeão, tinha certeza que o então técnico pediria demissão do cargo de treinador da seleção, diante da pressão por resultados melhores nas Eliminatórias da Copa de 1994. Parecia questão de tempo.
O plano dos líderes era esperar o melhor momento para conversar com o então comandante e assim tentar evitar a saída. A ideia começou a ser colocada em prática durante uma refeição em um hotel de Maceió. Elenco e integrantes da comissão técnica comiam lado a lado, mas o silêncio era o protagonista da cena depois de mais um resultado ruim - um empate por 1 a 1 com o México, na capital alagoa.
"Sei a marca que fiz na história", diz Bebeto após discussão sobre o tetra
Parreira, experiente e há quase dois anos no comando do time, sentiu que algo diferente estava em curso. "Disputamos o amistoso à tarde e chegamos tarde na concentração. Percebi que eles não levantavam, que estavam esperando por alguma coisa. Quando levantei, eles levantaram", relembrou o comandante do tetra mundial.
No quarto de Parreira, os atletas foram direto ao ponto: "Que história é essa que você vai largar a seleção?", perguntaram. O então treinador, Carlos Alberto Parreira, assustado, negou imediatamente, afirmando tratar-se de um boato surgido dias antes(atual fake news).
O Brasil corria sério risco de ficar fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez. Nos primeiros três jogos das Eliminatórias, empate sem gols com o Equador em Guayaquil, perdeu por 2 a 0 para a Bolívia em La Paz, no primeiro revés da seleção na história do torneio qualificatório, e fizera 5 a 1 na fraca Venezuela, em San Cristóbal. Dali a uma semana, enfrentaria o Uruguai em Montevidéu.
Uma promessa, foi feita pelo quarteto. O Brasil se reergueria nos jogos de volta, disputados no Brasil. "A pressão estava muito grande em cima dele. Falamos com ele, dissemos que ele não ia sair, falamos que iríamos nos classificar em primeiro, que seríamos tetracampeões do mundo e que ele seria o nosso treinador", contou Bebeto.
O Brasil, de fato, reergueu-se. Depois de empatar por 1 a 1 com o Uruguai, o time emendou quatro vitórias seguidas, com direito a uma goleada por 6 a 0 sobre a Bolívia enfraquecida sem a altitude como aliada. Em julho de 1994, há 25 anos, o tetra viraria realidade. A madrugada do dia 9 de agosto de 1993, entretanto, mostrou-se essencial.
"A gente começou a ganhar a Copa do Mundo ali", disse Bebeto.