FABÍOLA
No intuito de homenagear a Fabíola que hoje aniversaria e comemora o importante feito de completar seis décadas, “bem vividinhas da silva”, quis fazê-lo com um texto, de forma a registrar esse tempo de vida.
Achei inicialmente que deveria comparar a minha amiga e cunhada Fabíola com uma guerreira da tribo Tupi, encontrando na figura do indígena o símbolo adequado para lhe homenagear, de forma lírica, na ocasião da comemoração do transcurso desse “hexágono” de décadas vividas.
Imaginei que o poema “I Juca Pirama”, de Gonçalves Dias, poderia me dar dados para comprará - la com aquele índio da tribo Tupi que cai prisioneiro de outros indígenas; os Timbiras. Mas o poema apesar de tratar de bravura indômita, tal qual a que a Fabíola possui, tem um final tenebroso com desagradáveis passagens e é justamente ao contrário de que, por certo, todos nós que aqui estamos queremos para ela.
Desejamos unidos é que essa data se repita pelo menos mais uma vez, ou seja, mais outros “sessentinhas”.
Recorri então ao “santo g- ó- ó- g- l- e”, o popular google, onde procurei dados no tarô, significado de nomes próprios, sinastria e em outros tantos caminhos que ali se abriram para as minhas pesquisas. Registro aqui que não sou iniciado em astrologia ou qualquer ou qualquer ocultismo, apenas, de vez em quando, minha esposa Celina lê para eu ouvir o meu horóscopo e sempre com aquela frase final: “então é assim que você é, né”?
Após várias buscas, de repente achei algo que me deixou surpreso... Frases se encaixavam como uma luva na mão e retratavam os mais marcantes atributos da personalidade da Fabíola. Garimpei então meia dúzia das que lá estavam. Queria ligá-los às seis décadas que hoje ela completa e vejam como expressam por demais a personalidade e a trajetória dessa nossa “guerreira - com - final - feliz”, as quais as compartilho com todos agora. Vejamos:
1. Corre-lhe nas veias a coragem e a ousadia e por isso dificilmente abandona seus projetos.
Sempre buscou ter independência. Na realização pessoal graduou-se em Serviço Social. Dispendeu esforço para isso pois o iniciou o curso em Fortaleza, indo conclui-lo em Recife para onde fora depois do casamento. Vieram as especializações em Gerontologia e em Gestão de Serviços de Saúde entre alguns cursos que fez e, ultimamente, foi aprovada com louvor no mestrado em Saúde Pública. A realização profissional veio quando logrou ingressar como Assistente Social na Universidade Federal de Santa Maria no Rio Grande do Sul, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro e por fim para a nossa UFC. Hoje desenvolve seu potencial como gestora na coordenação do Centro de Atenção Psicossocial II - CAPS Geral II do município de Fortaleza. Aliás, coordena o primeiro CAPS de Fortaleza nascido fruto de uma luta em prol da reforma psiquiatra, a “luta antimanicomial”, capitaneada pelo hospital universitário da Universidade Federal do Ceará.
2. Pessoa romântica que tem muito amor para dar.
Apaixonada, conheceu o Andrade aos 11 anos e nunca mais os dois se desgrudaram. O casal tem ao todo quase meio século de vida compartilhada. Foram 10 anos de namoro e 37 de casados. São três filhos, duas noras e “quase” dois netos. É está quase chegando o Pedro, filho do Flávio e da Diana, que veio juntar-se ao neto Lucas, esse filho do André e da Elaine. Dedica-se a todos filhos e netos com afinco e procura estar ao par de suas vidas, o que faz com o convívio continuado, além de seus famosos telefonemas noturnos, onde lhes prestam contas os filhos, quer queiram ou não.
3. Divertida, não economiza gentileza e simpatia.
A Fabíola é reconhecidamente uma pessoa de altíssimo bom astral. Dificilmente a veremos tratar alguém com aspereza. Sempre gentil e com simpatia irradiante, por anos participou de acampamentos e passeios, com a família e amigos, em vários cantos desse Brasil. Foi uma quantidade considerável de bailes carnavalescos, corsos de mela - mela, ensaios de escola de samba, carnavais na serra, que participou juntamente com o marido Andrade, sempre arrodeada de casais amigos, aonde sempre contagiou e ainda hoje contagia a todos com animação, beleza e simpatia.
4. Transmite seu lado afetuoso e sua serenidade, passando sempre a impressão de tranquilidade.
A quantidade de amigos que o casal possui lhe atesta essa qualidade. São inúmeros os amigos que lhe acorrem de vários estados. São companheiros de turma do Andrade, colegas de profissão dela, dos filhos, amigos do irmão do Andrade, eu, que sempre me escalo e ainda trago o povo. Até mesmo amigos que veem de outros países. A Fabíola sempre os acolhe a todos com uma tranquilidade de um “almirante num mar de azeite”.
5. O seu jeito bondoso de ser faz com que todos busquem seus conselhos.
São vários os casos que a nossa “mestra” em Saúde Pública e conselheira sentimental já contribuiu para aliviar as tensões de pessoas acometidas de “sofrimentos da alma”. Namoros já foram feitos por ela, casamentos encaminhados, relações reatadas, confidências íntimas das mais diversas lhes são confiadas, que com jeito bondoso e muita paciência facilmente são intermediados, sempre com uma boa solução.
6. Excelente anfitriã, cerca-se sempre de conforto, qualidade de vida, com muita criatividade.
É fato notório a hospitalidade do casal. É certo que o Andrade é esse “gourmet” de primeira e está sempre disponível, mas ela se destaca no esmero da preparação , oferecendo ao hóspede, por mais íntimo ou mais cerimonioso que seja, um tratamento que o faz sentir-se em um hotel cinco estrelas e ao mesmo tempo, como se na própria casa estivesse. E que casa essa da Tabuba! Chamam os amigos de “Casa do Tufão”, no bom sentido é claro, como casa farta e acolhedora de toda a família.
Alguém discorda dessas assertivas? Não é deveras impressionante que elas estivessem lá como se fossem escritas para a Fabíola? Ela tem poderes e não duvidem nunca do seu poder mental que; quando mentaliza um desejo, consegue! Embora possa demorar um pouquinho, as vezes. Até para outras pessoas o seu poder mental funciona e quantas já não lhe pediram uma “forcinha” e foram atendidas prontamente.
Afloram na minha memória alguns episódios que aconteceram em relação aos partos da Fabíola: No primeiro, do André, faltou luz no hospital a caminho do centro cirúrgico. O Andrade foi consertar o gerador do hospital e subimos com ela por uma escada escura e apertada.
Depois do retorno da luz elétrica, sentimos a falta do anestesista na equipe médica e saímos, a “comadre” Carminha e eu, desorientados “em busca do anestesista perdido” nas ruas escuras da do velho Recife. Só isto bastaria para desencorajar a maioria das mulheres de continuar a senda da maternidade, mas veio o segundo filho, o Flávio.
O menino nem completou sete meses e danou-se a querer vir ao nosso mundo. sem condição nenhuma. Dessa vez, mesmo que durante o dia, o trânsito infernal do Recife dificultou a chegada ao hospital militar, sendo de lá transferido, pela gravidade do caso, para a Beneficência Portuguesa, hospital localizado num bairro onde o trânsito era pior ainda. Finalmente nasceria o Eduardo. Sim, Eduardo seria o nome do segundo filho que diante de tanto sufoco e após mais de quinze dias na UTI neonatal, comemoramos o “vigamento” do menino que teve o nome trocado para Flávio, em homenagem ao irmão mais velho da Fabíola que falecera.
O Eduardo, o verdadeiro Eduardo, chegou tranquilo após dois partos de muito risco. Veio finalizar o desejo de maternidade que não se aquietou e venceu os traumas dos dois primeiros. Mas o sufoco desta vez viria na viagem feita com oito meses de gestação, de Santa Maria para Fortaleza. É que já passara o prazo para a viagem de avião pois o Andrade havia sido transferido e ela necessitava resolver pendências na universidade. Fizeram de carro uma verdadeira aventura nos últimos dias de gestação, cruzando o Brasil do sul ao nordeste: o casal; a Maria; que morava com eles e os dois filhos pequenos.
Após esses “causos” que relatei comprovando a verdade das frases encontradas à esmo, desejamos todos nós muita saúde e o completar de suas realizações pessoais, se é que lhe falta alguma. Fabíola, em nome dos presentes, o desejo de FELIZ ANIVERSÁRIO!
Tal qual o velho Timbira, no épico poema de Gonçalves Dias, I Juca Pirama, que citei no início, posso dizer: guardei a memória dessa guerreira! E hoje, nesta noite, na oca, se alguém duvidar do que eu contei, prudente vos digo: - "Meninos, eu vi”.