Crônica - falecimento do Pe. Roberto Landell de Moura - em 30.6.1928 - ALMAR PIO SCHNEIDER Faz parte de minha modesta biblioteca, um livro que considero uma preciosa obra, a respeito de um eminente inventor brasileiro, que foi muito incompreendido
PE. ROBERTO LANDELL DE MOURA, CIENTISTA E PENSADOR
IALMAR PIO SCHNEIDER
Faz parte de minha modesta biblioteca, um livro que considero uma preciosa obra, a respeito de um eminente inventor brasileiro, que foi muito incompreendido e, por que não dizer, injustiçado, em sua época que não faz muito tempo passou. Trata-se de O “Incrível” Padre Landell de Moura - história triste de um inventor brasileiro, de Ernani Fornari, consagrado poeta gaúcho. Esses dias, ainda passei por ali, onde nasceu em 21 de janeiro de 1861, no centro da cidade de Porto Alegre, “na então Rua de Bragança, hoje Marechal Floriano, numa casa que fazia esquina com a antiga Praça do Mercado. Consta que foi batizado, conjuntamente com sua irmã Rosa, a 19 de fevereiro de 1863, na Igreja do Rosário, de cuja freguesia, anos mais tarde, e até ao falecer, viria ser o vigário. Era ele o quarto de doze irmãos, sendo seus pais o Sr. Inácio José Ferreira de Moura e D. Sara Mariana Landell de Moura, ambos descendentes de tradicionais famílias sul-rio-grandenses”; conforme seu biógrafo à pg. 32.
Começou seus estudos no Colégio dos Jesuítas, em São Leopoldo, terminando o curso de humanidades, diz-se que “todo ele com excepcional brilhantismo”, por volta de 1879, quando transferiu-se para a Corte, “onde, segundo uns, se matriculou na Escola Politécnica, e, segundo outros, se empregou num armazém de secos e molhados, como caixeiro de balcão”. Há controvérsia a este respeito. Todavia, por influência de seu irmão Guilherme, que o visitou, no Rio de Janeiro, de passagem, e que ia seguir a carreira eclesiástica em Roma, despertou-lhe a vocação de seguir também o sacerdócio, o que, inclusive, era o sonho de seus pais. Como prossegue seu citado biógrafo, ipsis litteris : “Homem de resoluções prontas e firmes, Roberto segue imediatamente para Roma, em companhia do irmão. Ali ingressa no Colégio Pio Americano, e passa, concomitantemente, a freqüentar a Universidade Gregoriana, na qualidade de aluno de física e química, para o estudo de cujas matérias manifestara, desde criança, a mais pronunciada inclinação”. Foi o inicio do seu desiderato rumo às invenções que realizariam e que seriam patenteadas pelo nosso genial patrício pelo Governo dos EE. UU., no distante ano de 1904, em virtude de pedidos por ele apresentados em 1901.
O primeiro foi o Telefone sem fio, cuja Patente, tem o n.º 775.337. Depois vem o Telégrafo sem fio, através das Especificações que formam parte da Carta Patente Nº 775.846. Finalmente, o Transmissor de ondas, com especificações que formam parte integrante da Carta Patente N.º 771.917, datada de 11 de outubro de 1904 – requerimento de 9 de fevereiro de 1903 – Série N.º 142.440. Tentei resumir o máximo, pois para conhecer-se as invenções, há que conhecer-se os relatos do seu biógrafo Ernani Fornari, que às pgs. 86 e 87 de sua obra, assim se expressa, com justa indignação:
“E Monsenhor Roberto Landell de Moura, o pioneiro escarnecido, o precursor negado, o esquecido inventor brasileiro, morreu anonimamente, aos 67 anos de idade, no dia 30 de junho de 1928, num modesto quarto da Beneficência Portuguesa, de Porto Alegre, cercado apenas por seus parentes e meia dúzia de amigos fiéis e devotados.
Quanto a seus inventos e descobertas, esses andam aí pelo mundo fora, a fazer a glória de uns e a prosperidade de outros.
Como pôde ser isso?
Responde a essa pergunta o próprio Monsenhor Roberto Landell de Moura, através da citada entrevista concedida, em 1924, ao jornal de Porto Alegre, Última Hora: “- Os americanos, decorridos aos 17 anos de prazo a lei das Patentes, puseram em execução prática as minhas teorias. Não sou menos feliz por isso. Eu vi sempre nas minhas descobertas uma dádiva de Deus. E como, além disso, sempre trabalhei para o bem da humanidade, tentando, ao mesmo tempo, provar que a religião não é incompatível com a ciência, folgo em ver hoje realizado, na prática utilitária, aquilo que foi o meu sonho de muitos dias, de muitos meses, de muitos anos.””
Isto posto, cabe-nos interpretar apenas com humildade a altivez dessa alma generosa de um dos nossos mais importantes inventores. E concluir com suas próprias palavras: “O concurso de Deus, pois, é a suprema lei que rege, governa e conserva o Universo.”
Cronista e poeta – E-mail: menestrel@brturbo.com
Publicado em 02 de março de 2005 – no Diário de Canoas.
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EM 30.06.2009
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EM 29.06.2010
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em 10.3.2011
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