Homenagem aos servidores aposentados do INSS em Mossoró
Maio de dois mil e dezenove.
O trem que até então andava com toda a sua força e velocidade resolveu parar.
Sons de freios...
Aposente-se. Publique-se.
Mudança. Medo. Expectativa...
Entre sonhos realizados, memórias construídas e obstáculos superados, fomos percorrendo as várias estações. Em algumas delas, passamos rapidamente e, em outras, pudemos apreciar melhor as paisagens.
Ao longo do caminho, o INPS se transformou em INSS, as máquinas de datilografia foram substituídas pelos computadores, os papéis foram cedendo espaço para as mídias digitais, os filhos cresceram, os netos chegaram, os cabelos brancos vieram. Muitas pessoas embarcaram e desembarcaram...
E a história que construímos pode ser contada em conto, verso ou rima, em anos, dias ou mês, em tempo vivido ou em tempo de contribuição, pela quantidade de segurados que atendemos, de processos que arquivamos, de senhas que distribuímos, de perícias que marcamos, de pessoas que aposentamos, que instruímos, pelas viúvas e órfãos que acalentamos durante o atendimento de pensões por morte, pela quantidade de histórias de vida que ouvimos dos beneficiários, dos olhares que retribuímos, dos sorrisos que despertamos...
E, de todos esses momentos vividos, de alguns ainda conseguimos sentir o cheiro, de outros, o gosto ainda está forte na nossa boca. Ainda conseguimos ouvir alguns sons, alguns ensurdecedores, outros sussurrados... Ainda conseguimos sentir as mãos dos outros viajantes, algumas calejadas, outras macias, mas todas amigas. Ainda conseguimos ver a vida de todas as pessoas que tocamos...
Pela Janela do trem, contemplamos juntos algumas mudanças no contexto social, econômico e histórico, tanto do Instituto quanto do País. Algumas delas queremos recontar, outras esquecer... Mas sabemos que não seríamos os mesmos sem elas.
E, apesar de tudo que foi vivido, ainda nos lembramos do primeiro dia que pisamos aqui. Do primeiro passo dado, dos olhos curiosos e brilhantes, da respiração acelerada...
Neste dia, parecia tão distante o dia em que desembarcaríamos, mas o tempo, mais uma vez, passou... e chegamos.
E, hoje, é até um pouco difícil imaginar este lugar sem nós, mas nem é necessário porque por mais que não estejamos mais aqui todos os dias, a nossa história está nos guichês, nos processos que trabalhamos, nos corações que deixamos... Está em todos os lugares. E, principalmente, nas coisas que não conseguimos contar...
Mas o trem sempre recomeça a andar. No início, às vezes desajustado, fora dos trilhos, mas volta.
E, da mesma forma em que sempre permaneceremos aqui, vamos com ele, vamos para novos horizontes, mas carregando na nossa bagagem um pouco de cada um de vocês.