RÉQUIEM PARA O ZÉ

“Aos que já partiram, aos que aqui estamos e aos que ainda chegarão. Família somos todos.”

Eu juro que ouvi canções entoadas pelas árvores, ao serem tocadas pelo vento, quando o caixão do Zé, desceu ao tú-mulo. Eu nem sei se ele gostava de cantar, se ele tocava al-gum instrumento. Acho que gostava sim... a música faz parte da nossa família, tem gente que toca, tem gente que canta e tem muita gente que ouve, sabe ouvir.

Na verdade não sei se era as árvores que cantavam ou se era orações, mantras ou salmos entoados pelos que já parti-ram: Mamãe, Papai, tia Mariazinha, tia Ester, tio Alcides, tia Célia, tia Divina, os dois tios Antônio, tio Geraldo, o primo Zezinho, e todos aqueles que estavam aqui quando ele nasceu.

Eles entoavam orações de boas vindas para recebê-lo.

Talvez eles conversem e ele lhes conte fatos da nossa histó-ria, falem de nós que ficamos aqui. Riem da nossa tristeza. Sintam pena da nossa ignorância.

No que me toca, sei que ele vai contar pra Mamãe e pra Tia Mariazinha, que a Inezinha, assim que ele chamava a Inês Helena, vai ser mãe. Vai falar da minha alegria.

Sei que ele foi bem recebido. Acredito na misericórdia de DEUS.

Não há tragédia maior que conviver com a dor chamada saudade.

Um dia, nós também iremos rir de tudo isso.