homenagear
Estar presente em espírito é dar corpo a presença em nós presente, sente quem ler o que quero dizer se eu disser que os poemas que deixo foram escritos para um encontro de poetas no Gerês: celebrando a terra, evocando Miguel Torga.
Sendo eles poemas dedicados a um poeta e a uma terra e à serra onde é lugar, dedico-os à Tecas que espero ainda os leia enquanto o encontro onde ela se encontra decorre (hoje e amanhã).
GERÊS
Gerês na Serra do Gerês
construções de granito
sobre o granito usado
para as construções,
habitação do Homem
Lugar onde a paisagem
espera pela viagem
de andar pela sua serra
onde fica esta terra,
pouso para ter repouso
+
EM MEMÓRIA DE TORGA
há vozes que não fazem poesia
pela sua melodia, são-na
no são: no solo mais firme
onde a humanidade se procura
alma para um corpo
assim recordo Miguel Torga
o português transmontano
enraizado na ibéria
solto no mundo português
duma visão universal
para ele falando dele sou
procura de palavras exactas
para fazer a acta coerente
dum dizer rente ao sentir
como o colo da planta
esse lugar que determina
no corpo dum vegetal
união e separação dando
nome ao ponto onde
se une a raiz ao seu caule
Miguel de Unamuno
a Cervantes, Torga indo
procurar a raiz nas pedras
dessa trás-os-montes
natal de Adolfo rocha
uma rocha límpida, nu
seu cristal de vibração,
no tempo da resistência
falando uma voz clara
que ainda viu a liberdade
com ele todos os valores
pátrios, humanos, animais
até às raízes vegetais
dum nome, semeado fundo,
para dar a Língua ao mundo!