ANNE FRANK (DA SÉRIE MULHERES QUE ME INSPIRAM)
A história da alemã Anne Frank, nascida em 12 de junho de 1929, em Frankfurt, situa-se no contexto da Segunda Guerra Mundial. Aos quatro anos de idade, segundo informa em seu diário, mudou-se para a Holanda, pois sua família era judia e à época os judeus sofriam perseguição, devido às “leis de Hitler”.
Anos depois, com a invasão da Alemanha Nazista à Holanda, por lei, os judeus deveriam usar um distintivo no peito (uma estrela amarela) para serem identificados. Foram proibidos de andar nos bondes ou em seus carros; proibidos de sair às ruas entre oito da noite e seis da manhã; tinham horários determinados para ir às compras, além de outras restrições: “os judeus eram proibidos de frequentar teatros, cinemas, ou ter qualquer outra forma de diversão; os judeus eram proibidos de ir a piscinas, quadra de tênis, campos de hóquei [...]; os judeus deveriam frequentar escolas judias.” (FRANK, 2016, p. 27).
A situação da menina tornou-se ainda pior quando seu pai decidiu fugir com a família para o esconderijo onde viveriam pelo menos dois anos, o Anexo Secreto, após receber notificação dos nazistas dirigida à filha mais velha, Margot, à época com 16 anos. Ao serem informadas da fuga, as irmãs se prepararam, conforme disposto no Diário: “Margot e eu começamos a pôr nossos pertences mais importantes numa pasta da escola. A primeira coisa que agarrei foi este diário [...] para mim as lembranças são mais importantes do que os vestidos.” (FRANK, 2016, p. 41).
Em princípio, o diário parecia coisa de criança, considerando a idade de Anne quando começou a fazer seus registros: 13 anos. No entanto, após ouvir no rádio que cartas e diários poderiam ser utilizados como registros do sofrimento do povo holandês, a menina que não sonhava em se casar e ter filhos, mas em ser jornalista e escritora, decidiu que publicaria um livro após a guerra. Assim, passou a reescrever alguns trechos de seu diário. A vida no Anexo lhe rendeu evolução na arte da escrita, pois durante os dois anos no esconderijo dedicou-se a ler e a escrever.
Até ser descoberta, em 1944, Anne viveu o que seria boa parte de sua vida, considerando que morreu no ano seguinte, antes de completar 16 anos. No esconderijo, viveu a transição da infância para a adolescência; viu chegar “suas regras”, após certo período de “mancha esbranquiçada na calcinha”; experimentou as sensações da descoberta do próprio corpo e do primeiro amor; cresceu e amadureceu em dois anos, presa, sem poder sair, andar pelas ruas, correr, brincar, como as meninas de sua idade. Sem poder, sequer, tomar banhos diários ou se alimentar dignamente. Experimentou, ainda, medo, apreensão, sentimentos conflituosos em relação à sua mãe, etc., registrando tudo no Diário.
Segundo consta no livro “O diário de Anne Frank”, em 04 de agosto de 1944, Anne e os demais com quem convivia no Anexo foram presos (havia mais quatro pessoas dividindo o esconderijo com a família de Anne).
[...]
O transporte dos prisioneiros durou três dias, num comboio que levava mais de mil, em vagões de gado, em condições desumanas. No campo de concentração, foram separados os que podiam trabalhar dos que não podiam, parte destes sendo mortos em câmaras de gás. Anne, a mãe e a irmã foram para o campo de trabalho para mulheres e o pai para o campo para homens. (https://www.annefrank.org/en/anne-frank/the-short-life-anne-frank/curta-vida-de-anne-frank/).
Alguns meses depois, a mãe de Anne morreu, de fome e exaustão, em um campo de extermínio nazista; Anne e Margot, sua irmã, morreram em outro campo, junto a milhares de prisioneiros, vítimas de uma epidemia de tifo (como eu me choquei ao saber nos pormenores o que isso quer dizer, prefiro não explicá-lo aqui, é muito cruel). O pai de Anne sobreviveu e foi quem cuidou da publicação do livro, um dos mais lidos no mundo.
REFERÊNCIAS
FRANK, A. O diário de Anne Frank. 62ª ed. Traduzido por Alves Calado. Rio de Janeiro: Editora Record, 2016.