A VOZ POÉTICA
“Parafraseando Teixeira de Pascoaes”
Voz que clama no deserto,
Num mundo pouco desperto
Pelas sombras da inconstância
E da ignóbil ignorância!
Voz que sonha ser Verdade
Neste cosmos de imensidade,
Voz que é murmúrio d´amor
Que um dia abrirá em flor!
Voz de suavidade e paz
Vinda do alto, e na terra jaz,
Que sublima o sofrimento
Pela brisa ou pelo vento.
Voz que anseia pelo criar,
Que espera a hora de raiar
E brota p´ la etérea origem
Como no casto seio da Virgem.
Voz que insiste em existir,
E que o mundo terá de ouvir,
Que está longe, mas é presente
Que murmura, mas que sente.
Voz que à luz do grande dia
Revestida pela harmonia
E, emergindo do coração,
É sempre espelho da Criação.
Incriada e inominada ainda
Resplende uma luz infinda
Qu´ alumia qualquer tristeza
E transfigura a Natureza.
A Voz, que sendo misteriosa,
Dá cor e luz a toda a rosa,
Que tem alma de piedade
E no escuro é claridade.
Eu, qual poeta como Ideal
De uma crença virginal,
Na voz de Deus que escuto
Creio, um dia, poder ser fruto!
Num mundo descrente e aflito
Quem é esta Voz, este Grito?
Em prol da moral e da Ética
Só o pode ser a Voz Poética!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA