A VOZ POÉTICA

“Parafraseando Teixeira de Pascoaes”

Voz que clama no deserto,

Num mundo pouco desperto

Pelas sombras da inconstância

E da ignóbil ignorância!

Voz que sonha ser Verdade

Neste cosmos de imensidade,

Voz que é murmúrio d´amor

Que um dia abrirá em flor!

Voz de suavidade e paz

Vinda do alto, e na terra jaz,

Que sublima o sofrimento

Pela brisa ou pelo vento.

Voz que anseia pelo criar,

Que espera a hora de raiar

E brota p´ la etérea origem

Como no casto seio da Virgem.

Voz que insiste em existir,

E que o mundo terá de ouvir,

Que está longe, mas é presente

Que murmura, mas que sente.

Voz que à luz do grande dia

Revestida pela harmonia

E, emergindo do coração,

É sempre espelho da Criação.

Incriada e inominada ainda

Resplende uma luz infinda

Qu´ alumia qualquer tristeza

E transfigura a Natureza.

A Voz, que sendo misteriosa,

Dá cor e luz a toda a rosa,

Que tem alma de piedade

E no escuro é claridade.

Eu, qual poeta como Ideal

De uma crença virginal,

Na voz de Deus que escuto

Creio, um dia, poder ser fruto!

Num mundo descrente e aflito

Quem é esta Voz, este Grito?

Em prol da moral e da Ética

Só o pode ser a Voz Poética!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 06/03/2019
Reeditado em 06/03/2019
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