Parabéns meu pai.
Hoje, dia dois de fevereiro, faria 91 anos, seria muito pedir a Deus que o mantivesse comigo por tanto tempo.
O Sr Juan, foi uma criança , brincou com seus irmãos , viu os horrores da Guerra Civil Espanhola (1936-39), a sua escola bombardeada, como o primogênito ajudou a criar os irmãos menores , acompanhou o seu pai que era lanterninha do cinema, assistindo furtivo aos clássicos , se apaixonando pela sétima arte.
Era um homem de números, amante dos cálculos e enveredou por esse caminho. Quando a marinha o recrutou em 1946, lhe deram uma roupa branca, e o embarcaram em um navio escola, nadava muito bem , mas não tinha jeito para manobras terrestres, logo perceberam que o seu tino era a matemática, e assim foi até o fim da sua vida, passando os dois anos seguintes atrás de uma escrivaninha.
Nesse período conheceu a minha mãe, cujo irmão Rafael era amigo do irmão do meu pai, e nessa troca de olhares iniciou-se um romance. Casaram-se e tiveram dois filhos, eu o caçula.
O meu irmão seguiu o que estava no seu DNA, a matemática, tornando-se um grande professor, catedrático da USP, com várias obras , e eu segui o meu caminho , do meu jeito e mais próximo do meu pai, que foi sempre meu grande amigo.
Hoje, lhe dedico um pedacinho do meu espaço, embora ele merecesse todos, ainda guardo o violão que ele me deu, ele sabia ler o meu coração, e isso não tem preço.
Recebeu a minha esposa como uma filha, do primeiro ao último momento da sua vida, e meus filhos...ah...os meus filhos, eram seus também.
Já falecido, esteve no meu colo durante horas, até a perícia chegar e o levar, as horas não se passaram enquanto tocava seus cabelos tão lisos quanto os meus.
Quanto mais envelheço mais nos aproximamos, e um dia se Deus me permitir, quero voltar a abraçá-lo.