Alexandre Pereira da Fonseca ou "Alexandre Palhaço"

Há bem uns 15 anos, o parente São Baía (Sebastião Baía), sabendo que eu estava interessado em genealogia, procurou-me para checar algumas informações sobre os Pereira da Fonseca e os Baía, de Pitangui. Em troca, deixou-me uma série de manuscritos, parte de uma correspondência do Desembargador Juvenal Gonzaga Pereira da Fonseca e seu irmão, Genaro Gonzaga Pereira da Fonseca, residentes em Belo Horizonte. Desses manuscritos, um, em especial, me chamou a atenção e o transcrevo ipsis litteris, atualizando apenas a ortografia. É parte de um texto maior, do qual não encontrei o restante.

Entendo que tem interesse geral, porque retrata um modo de vida do interior mineiro, já perdido no tempo. Terá, evidentemente, mais interesse familiar, pois trata de um ancestral dos Pereira da Fonseca e dos Baía, que estão aí, esparramados pelo Brasil e exterior. Seja qual for o uso desse material, sinto que devo compartilhar o trabalho do querido São Baía:

“Alexandre Pereira da Fonseca, ou Alexandre Palhaço.

Aos 16 anos de idade fugiu da casa de seus pais, acompanhando uma companhia de circo de cavalinhos que esteve em Pitangui e de cujo elenco fazia parte uma moça pela qual se apaixonou. Na companhia, da qual passou a fazer parte, tornou-se exímio artista. Ótimo cavaleiro que era e extraordinário peão, exibia-se no picadeiro fazendo as mais incríveis acrobacias, montando fogosos cavalos. Mais tarde, desiludido em seus amores, afastou-se da Cia. e, na zona da Mata, empregou-se como peão. Envergonhado, não quis retornar à família da qual fugira.

Homem dotado de grande agilidade e bravura, meteu-se em muitas lutas naquela zona. Segundo me contou, certa vez em que montava uma grande besta preta, foi cercado à noite por dois pretos que queriam dar-lhe uma surra. Não teve outro remédio senão atirar a besta em cima de um dos negros e abrir a cabeça do outro com um facão que trazia à cabeça do lombilho. Esta façanha o obrigou a deixar aquela zona e então se transferiu para Itatiaiuçu, onde constituiu família e passou a comerciar com tropas desta localidade, até Pitangui. Trazia mercadorias fabricadas em Itatiaiuçu e Itaúna e as ia vendendo pelas fazendas e lugarejos até Pitangui, aqui adquiria novas mercadorias e retornava a seu lar, comerciando.

Casou-se com Rita Luíza de Faria, em Itatiaiuçu.

Filhos: Antônio Pereira da Fonseca, Ambrolina Pereira da Fonseca, Isaltina Pereira da Fonseca, Zeno Pereira da Fonseca.”

William Santiago
Enviado por William Santiago em 31/01/2019
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