JIRAU DIVERSO nº 19

JIRAU DIVERSO

Nº 19 – setembro.2007

por Enzo Carlo Barrocco

A poesia mato-grossense de Nicolas Behr

O Poema

boa viagem meus amigos

que todos os dias

pegam esses ônibus lotados

que vão para taguatinga,

gama, planaltina...

boa viagem meus amigos

que vão em pé, sentados,

dormindo

sonhando chegar em casa

antes da novela começar

O Poeta

Nicolas Behr, mato-grossense de Cuiabá, poeta e ativista político, no convés da fragata desde 1958, é um escritor irrequieto. Começou publicando seus livretos no antigo mimeógrafo, vendendo-os de mão em mão. O eixo central de sua poética é Brasília para onde se mudou em 1977. Foi perseguido e preso pela repressão ditatorial em 1977 por porte de material proibido. A sua poesia nos dá a visão do cotidiano, da luta pessoal de cada um de nós para sobrevivermos na doidice desse mundo atual. Que nos venha a poesia sucinta e instigadora de Nicolas Behr.

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ESTANTE DE ACRÍLICO

Livros Sugestionáveis

Xadrez, Truco e Outras Guerras (romance)

Autor: José Roberto Torero

Edição: Plenos Pecados / Objetiva

Uma guerra sem propósito engendrada por um rei sequioso de glória contra um país belicamente fraco. Torero pormenoriza todos os horrores da guerra numa excelente narração.

Gotas de Sol (poesias)

Autor: Zeca Tocantins

Edição: Ética Editora

Dá enorme prazer descobrir bons poetas. Gotas de Sol é uma descoberta excepcional com poemas habilmente criados. Um livro para ser degustado.

ABC de Orfeu (poesias)

Autor: Antônio Juraci Siqueira

Edição do Autor

Juraci se dá ao luxo, neste pequeno livro, de compor versos aliterados usando, para isso, toda a sua sensibilidade poética. Pequenas peças literárias de valor inestimável.

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A FRASE DI/VERSA

Quantos há no mundo que preocupados em fazer o mal aos outros esquecem o bem que poderiam fazer a si próprios.

. Malba Taham (Rio de Janeiro 1885 – Recife 1974) contista, romancista e matemático fluminense

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DA LAVRA MINHA

É ASSIM MESMO EM AGOSTO

Enzo Carlo Barrocco

Umas nuvens finas e amarelas

Sobre as casas simples da invasão

A tarde caía incontinente; as belas

Andorinhas nos fios do verão.

Era agosto e um calor medonho

Aumentava, mas era a estação

Uma luz nestes versos ponho,

Luz nos telhados ocres da invasão.

É assim mesmo em agosto, o dia

É tão claro, tão sutil, tão quente

Que as casinhas da invasão recente

Viram paisagens nunca vistas antes.

Como são belas as tardes azuis

E simples das invasões distantes.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 17/09/2007
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