A PELEJA DO POETA CANTADOR COM O POETA POETRIX

A minha saudosa amiga Kathleen Lessa, a mais paulista das paulistas, era apaixonada por um Poetrix, esse fazer literário que se torna interessante quando feito dentro da sua característica original. Eu gostava de zoá-la, dizia que era poesia pra quem ama a lei do menor esforço, então, certa vez escrevi esse treco abaixo para ela. Hoje, aniversário da cidade que ela mais amava, publico aqui em sua homenagem. Fica em paz, amiga!

(poeta cantador)

Estes meus cantados versos

Levei tempo para escrever

Enquanto o poeta poetrix

Vive a seu bel-prazer,

Fazendo versos encurtados

Que não podem ser cantados

Nem tampouco declamados

Ou faça o povo entender!

(poeta poetrix)

Com fome

Não escrevo nada

Depois que como... dá uma preguiiiiiiiiiça!

(poeta cantador)

Vejam agora meus senhores

Se não tenho plena razão

Nesta peleja de poetas

Quem encanta o coração.

O poetrix nada fala

Se articula, logo cala

Feito nota sem escala

Feito pássaro sem canção.

(poeta poetrix)

O Ivo

Viu a uva

O cacófato, viu uivo.

(poeta cantador)

Nestes termos eu não posso

Com este moço pelejar

Seus versos são impossíveis

De na viola dedilhar

Poetrix é a poesia

Para quem dorme de dia

Passa a noite em letargia

Leva a vida a engabelar.

(poeta poetrix)

O ovo

Para ficar em pé novamente

É preciso descobrir outra América.

(o poeta cantador, irritado com os subterfúgios do poeta poetrix, quebrou a viola na cabeça do mesmo. O poeta poetrix levou vinte pontos na cabeça; o poeta cantador seguiu cantando estrada afora e ninguém nunca mais ouviu falar dele)