Yeda Borba Araujo
Yeda Borba Araujo
Dia 19 de dezembro passado faleceu minha irmã Yeda, aos 87 anos.
Filha, esposa, mãe, sogra, (sessenta e dois anos de casamento com o Luiz Carlos Araujo, outra figura fantástica), avó, irmã, tia, prima, amiga de muitas outras pessoas, casais que cultivavam a amizade se visitando e conversando, gostoso de ver e de se sentir aquela união de pessoas que se queriam bem. Viveu para cuidar das pessoas que a cercavam, de mim, por exemplo, caçula de uma turma de sete irmãos e irmãs. Cuidou, com carinho, de tias solteiras, cuidou da sogra, cuidou do papai e da mamãe, cuidou dos filhos. Agora eram as quatro netas e os dois netos que ocupavam seu mais alto nível de orgulho e alegrias: afirmava sempre: “são uns queridos, belas, bonitos, todos inteligentes, todos muito educados...”. Ficava feliz vendo as fotografias da família e contado histórias do que faziam. Luiz Carlos, seu amado marido, os três filhos, as noras e os netos eram objeto de amor permanente e preocupação carinhosa, incluindo aí os sobrinhos e amigos: “estão bem? já chegaram de viagem? melhorou do resfriado? está frio, agasalhem-se...”. Era notável sua preocupação com o bem estar e a felicidade de todos nós. Lembro-me, há anos, de chegar à sua casa e ver a sala, sempre impecavelmente arrumada, transformada numa bagunça de lençóis e brinquedos e ela sentada em barraca que montara, junto com as netas pequenas, fazendo “comidinhas” - outra Yeda. Telefonava sempre para saber como estávamos, lia os jornais e assistia os noticiosos atenta para a confusão dos nossos dias, com a corrupção e a violência. Sentia medo de “confusão nas ruas”– “que coisa horrorosa, será que não vão tomar uma providência?”.
Nossa Senhora dos Navegantes e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus fortaleciam sua fé simples e exemplar. Seu testemunho de vida ficará na memória de todos nós. Sentirei muita falta do casal Yeda e Luiz Carlos, referencia de um porto seguro, de uma família de amor e carinho que souberam criar. Sentirei muita falta, como já sinto agora, do sinal da cruz que sempre fazia, nas despedidas, nas nossas testas. Sinal de fé e a extensão física do seu carinho e amor. Fica sua imagem tranquila, ficam as memórias de tantos momentos gostosos que tivemos, fica a certeza do nosso reencontro. Continue aí no Céu onde estás a cuidar da família. Precisaremos sempre da tua benção e do exemplo de amor e fé, querida irmã.