Virol viral no varal...?
Fernanda Araújo, nossa confreira recantista, antes de vir para cá, e trazer consigo uma chusma de neo-recantistas, militou na Usina de Letras e mui proficuamente obrou por lá. Fez amizades duradouras e ganhou incentivos decisivos para publicar suas criações. Favos de Mel, caminhando para a segunda edição, reúne maiormente situações vividas e narradas com muita verve e graça pela nossa mais simpática e talentosa escritora. O texto seu que transcrevo abaixo, pinçado da Usina de Letras, dá-nos um retalho da colcha literária de nossa querida Nanda:
Quando era noiva, eu mesma fiz o meu enxoval como era costume na época. Comprei, entre outras coisas, uma peça de cretone com listras verdes para eu fazer o virol e as fronhas. Já o imaginara lindo com umas aplicações de flores brancas feitas na máquina de costura Elgin Zig-Zag que conseguira comprar com meu primeiro “salário”. Só que meu tempo estava cada vez mais escasso. Foi chegando o dia do casamento e cadê que eu conseguia fazer o virol? A solução seria fazê-lo depois que passassem as bodas. Quem sabe eu teria mais tempo?
Depois é que não tive tempo mesmo: fazer o almoço, arrumar a cozinha, ajeitar a casa, lavar a roupa, passá-la ... tudo isso é serviço que considero desgastante e alienante mas que precisava ser feito.
E logo veio a gravidez. Os meses passavam tão rápidos e minhas roupas não mais me serviam. E dinheiro para comprar outras também não tinha. Foi uma época de vacas magérrimas! Mas para tudo há uma saída. Lembrei-me dos vários metros de cretone de listras verdes. Deu para fazer dois vestidos que usei durante toda a gravidez. E para diferenciar um pouco, as listras de um vestido eram na horizontal e no outro ficaram na vertical! Também eu só saia de casa para ir à Igreja e para trabalhar. Vergonha dos vestidos?
Na minha terceira gravidez, com as finanças já resolvidas, eu abusei das roupas. Comprei batas, vestidos “tudo do bom , do melhor e muito”! Acho que foi para tirar o trauma. Mas também virol de listrinha verde? Nunca mais!