Sobre a manhã de uma sexta feira do ano de 1.997.
Meu pai,
Você se foi... Aqui ficamos com a certeza de que todos nós um dia passaremos para o outro lado do caminho.
Ontem, 05/12/2.018, decorrido mais um ano da sua partida para o além, recebi esta breve mensagem escrita pela sua nora que o relembrou com carinho e sentida emoção.
Eis o pequeno texto, porém grande em significado:
"Que coisa... Como o tempo passa rápido, já são 21 anos da partida de seu pai. Foi a 20 dias antes do Natal do ano de 1.997, numa sexta feira, às 0 8:30h que fiquei sabendo. Já estava com a árvore de Natal pronta e acabei retirando um enfeite dela (um Papai Noel) e o levei comigo para o velório. Não sei bem porque fiz isso, só segui meu coração. Fiquei com aquele enfeite todo o tempo sem saber muito bem o que fazer com ele. Até que um momento em que não havia muitas pessoas por perto fui e o coloquei entre as suas mãos. Acho que foi para que ele tivesse um pouquinho do nosso Natal com ele... E agora, depois de 21 anos, a saudade continua. De onde estiver Feliz Natal!"
É, meu pai. Cada um de nós guardou na memória a tristeza das horas tumultuadas que se seguiram ao acontecimento. Tudo parecia não passar de um pesadelo. Infelizmente não era um sonho ruim, era real.
Reporto-me à memória daquele dia. Acordei bem cedo. O dia era de suma importância porque nós, professores, faríamos a escolha de classes para o próximo ano letivo. Não podia de forma alguma perder as horas ou atrasar-me.
Preparei o café, abri o armário, parei uns momentos pensei em ti, falei mentalmente: “ ah, meu pai, tantas coisas gostosas para comer e o senhor no hospital, sem que possa correr um filete de água pelo seu esôfago! Doença ingrata! Olhei para o relógio e eram 06:55 h, o momento exato da sua despedida desse nosso mundo. Acho que pressenti o que tinha acontecido, mesmo não o sabendo ainda.
Assim fui para a E.M.E.I., a escola em que estaria no período matutino. Creio que não passou a primeira hora do início da reunião quando vieram anunciar o ocorrido. O telefone tocara lá primeiro. Meu coração bateu forte quando Mário, nosso secretário da E.M.E.F., surgiu na porta da sala. Percebi no seu rosto a seriedade com que sussurrava para a diretora Clemilda, também minha amiga pessoal. Ela não conseguiu segurar o choro quando veio em minha direção.
Foi aí que desmoronei, dei vazão às lágrimas. Amigas me rodearam. Terezinha de Jesus me ofereceu os seus florais de Bach. Rosangela Gonçalves e Carmem me acompanharam até em casa me confortando, me revitalizando. Todas as amigas e diretoras das duas escolas foram de uma imensa solidariedade, não me deixando só.
Pai. Elaborar uma perda não é um processo fácil. A gente não sabe se chora ou se fica forte para não desesperar os familiares. Somente o tempo é capaz de suavizar as dores. Aprendemos com Deus que é preciso ressignificar a dor, a mente, o comportamento, o espírito para enfrentar a vida novamente.
Hoje consigo pensar em ti como mais uma estrela no céu e com certa paz na alma.
Agora precisamos curar a dor da perda do nosso Carlos, seu neto muito amado. Desejamos sinceramente que seus espíritos tenham se encontrado por aí, pois, se a dor é grande para quem fica, é ainda maior para quem parte e deixa seus amados aqui!
Pai, transmita nosso amor incondicional ao Carlos Alberto, especialmente da sua mãe Helena, que jamais o esquece e fala:
"Dessa ausência física,
da ausência da voz e do cheiro,
das conversas intermináveis, do piscar de olhos,
da saudade do sorrisão aberto,
das lembranças de tudo que você viveu, sentiu, gostou, amou,
resquícios de antigas reencarnações,
realidades agora eternizadas no amor que ficou guardado no coração
e nas muitas fotos que ambos amavam.
Amor até a eternidade."
E eu digo:
Quando alguém que amamos viaja fora do combinado, deixa de viver entre nós para viver dentro de nós!
Desejamos Feliz Natal a ambos!
Saudades eternas...
Mas vocês dois sigam em frente, viu!? Coragem, força, foco e fé pra todos nós!