Meu poodle Billy foi para a Ponte do Arco-íris
Billy meu querido, como fui ingênuo com você, apesar de toda esta minha idade.
Quantas vezes em minhas saídas pra fazer uma coisa ou outra, corri contra o tempo para voltar rapidinho, acreditando que você dependia muito de mim. Ledo engano. Agora estou vendo o quanto dependemos de você, a falta que você nos faz. Convivemos durante 12 anos e só agora consigo decifrar o que você queria me mostrar com aqueles beijinhos lambendo minha face. No dia em que você partiu, à noite, passei a mão no violão e não consegui cantar e tocar a música do Chapeuzinho Vermelho de que você tanto gostava. Tocar pra quem? Ninguém iria prestar tanta atenção quanto você. 
Só você seria capaz de imaginar com tanta profundeza, as cenas daquela historinha.
Confesso que é muito difícil descrever o nosso convívio. 
Cheguei a pensar em narrá-lo pausadamente,  acrescentando frase por frase, uma à cada dia, até que esta sua cartinha ficasse pronta. Mas as lágrimas estão atrapalhando e colocando em cheque minha coragem.
Então ao invés de escrever, resolvi falar sobre a Ponte do Arco-Íris.
Trata-se de uma ponte inaugurada em 1993 que cruza o cais da Baia de Tóquio e chega até a cidade de Minato-ku onde existe um gigantesco centro comercial.
Suas torres de apoio são brancas, projetadas para harmonizarem com o belíssimo céu da cidade.

Há lâmpadas verdes, vermelhas e brancas sobre os cabos de aço de sua sustentação que, à noite são iluminadas com a própria energia solar obtida durante o dia.
Exatamente por irradiar toda esta beleza multicolorida, é conhecida como a Ponte do Arco-íris.

Como soube disso? É isso?
Ah sim, foi através do mesmo confidente passarinho que me avisou que é nela que tu resolveste morar.

“Tem um lado desta Ponte do Arco-Íris em que há prados, montanhas e vales cobertos de um verde exuberante para que todos os animais, nossos amiguinhos especiais, possam correr e brincar. 
Há comida farta, água e sol. Nela, todos os animais que um dia se tornaram velhos e doentes, têm sua saúde e vigor restaurados; aqueles que foram machucados ou mutilados, ficam inteiros e fortes novamente, exatamente como os vemos em nossos sonhos.
Todos estão felizes e contentes, exceto por uma pequena coisa: cada um deles sente saudade de alguém que lhe é muito especial, já que tiveram que ser deixados para trás.
Correm e brincam juntos, mas chega o dia em que um deles, de repente pára e olha ao longe.

Seus olhos brilhantes estão fixos; seu corpo treme de ansiedade.
Subitamente ele começa a correr, se afastando do grupo, voando sobre a grama verde, suas pernas o levam cada vez mais rápido.
Quando nos reconhece e finalmente nos reencontra, nos unimos para nunca mais afastarmos um do outro.
Com beijos felizes cobriremos nossas faces, nos acariciaremos mirando nossos olhos confiantes, de há muito distantes de nossas vidas, mas nunca longe de nossos corações.
Então, atravessaremos tranquilamente a Ponte do Arco-Íris juntos, de um lado e de outro, pra lá e pra cá...
Beijos meu cachorrinho.

Billy, Billynho, Ninho, Lenga, Lenguinha, Dí,...e tantos outros codinomes mais.






A Ponte do Arco-íris - autor desconhecido.
 
 
 

Afonso Rego
Enviado por Afonso Rego em 07/12/2018
Reeditado em 14/01/2022
Código do texto: T6521626
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