SENSEI FERNANDO ROCHA
SENSEI FERNANDO ROCHA
Aos cinco anos de idade, ingressei no Karatê, fruto do convencimento de meus pais e também levado a reboque pela matrícula (nº 409) na ASKASE, na Rua Maruim, nº 600, Centro de Aracaju/SE, do meu tio Márcio e do meu primo André. É evidente que como qualquer garoto da minha época (no ano de 1978), os filmes de Bruce Lee incentivavam à prática da Arte Marcial.
Em Aracaju, naquele ano, só existiam duas Artes Marciais, o Judô e o Karatê. Este negócio de ficar se segurando em Kimono de outro atleta e depois cair ao chão com o mesmo, abraçando-se até vencê-lo no Tatami, nunca foi a minha “praia’, mas tem quem goste. Por esta razão, sempre descartei o Judô. Aliás, tinha um grande amigo, que infelizmente não está mais conosco fisicamente, o saudoso Evaldo Campos Júnior (filho de um dos melhores juristas e professores de direito de Sergipe, que tenho o orgulho de ter sido seu aluno, e mesmo hoje, já Pós Doutor em Direito e professor de direito há anos, vejo que sei muito pouco perto dele), um excelente atleta do Judô, que quando comparávamos as duas Artes Marciais, ele com o Judô e eu com o Karatê, a minha bandeira era sempre esta, ou seja, no Karatê resolvemos um Kumite com um Mae Geri ou um Kizami Zuki, por exemplo, sem muito contato, já no Judô, eles resolvem um Shinken com um Ippon Seoi Nagi ou com um Sankaku Jime, v.g., ou seja, um segurando no outro e derrubando dentro do Dojo. Brincadeiras à parte, pois tenho grande respeito pela Arte do Judô e seus atletas, que foram muito bem representados por Junior, pessoa que faz muita falta.
Muito novo, porém motivado pelo clima na ASKASE, cresci ouvindo os ensinamentos do Karatê. Alguns destes soube assimilar com tranquilidade, outros, a maturidade ajudou a compreendê-los. São muitos os ensinamentos deixados pelo Mestre Japonês Funakoshi, que destinam ao praticante do Karatê, a real necessidade de ter corpo e mente sã, além da disciplina no treino e respeito aos seus Mestres.
Todo este ambiente, extremamente saudável, e histórico apresentados, só foi possível, graças ao professor e Sensei FERNANDO ROCHA. Um homem que dedicou toda a sua vida ao Karatê Sergipano, apesar de ser Baiano de nascimento. Tive a felicidade e a honra de ter aprendido com ele a Arte do Karatê e sua Filosofia, que é totalmente diferente do Karatê praticado nas escolas e academias hoje em dia, voltado apenas para competições, sem a preocupação com os valores morais do praticante de uma Arte Marcial.
Na minha época, até chegar à faixa preta, os treinos eram mais rígidos, não era um lugar para diversão e sim para aprendizado de uma Arte. O silêncio muitas vezes fez parte do treino. Um Kata só era ensinado gradativamente, pois cada faixa deveria realmente representar o nível do praticante. Quando o professor Rocha entrava, mesmo muito jovem, o semblante de toda a turma mudava, pois os espíritos do Mestres deveriam ser respeitados, na figura do professor, e o Tatami também. Cada exame de faixa não era a certeza de mudança de faixa, como acontece em muitas academias hoje, para não deixar desiludidos o praticante ou os seus pais ou responsáveis, pelo contrário, só galgava novo grau, nova cor (amarela, vermelha, etc), se realmente fizesse tudo certo na avaliação. Era tenso, mas respeitoso e gratificante. Toda a orquestra era muito bem regida pelo Professor Fernando Rocha. Era bonito de se ver.
Assim, com esta poucas palavras, só tenho a agradecer ao Professor (Sensei) Fernando Rocha, por todo o carinho e ensinamento que foi passado. Tive a sorte de ter sido o 4º faixa preta da ASKASE (na minha turma foram mais de vinte, porém, como seguiram a ordem alfabética, tecnicamente, passei a ser o quarto faixa preta da Academia), após um excelente curso com os professores Caribé e Inoki. O Karatê em Sergipe tem um Mestre que é respeitado em todo o Brasil e cuja marca está enraizada naqueles que realmente amam o Karatê. Oss.
Alessandro Buarque Couto
Faixa Preta de Karatê