APARECIDA, A MARIA, A CIDA

Foi num belo dia de sol que escutamos a voz familiar do nosso tio. Pensei comigo: “mas ainda não é semana do natal!”. Achei inusitada aquela visita em outra data, mas senti alegria. Surpreso fiquei quando vi um carro diferente daquele que pertencia ao meu tio. E a partir daí a surpresa foi maior ainda! Descrevo, na minha visão esse acontecimento:

“Foi num dia ensolarado

De raios de sol de vida

Que nos foi apresentada

Nossa irmã Aparecida

Cujo nome abreviado

Era simplesmente Cida”

Nosso tio todo contente, desceu todo feliz do carro anunciando alegremente a todos nós aquela novidade. Sim, novidade, porque todos nós sabíamos da existência dela, porém jamais imaginávamos que um dia iríamos conhecê-la.

Nosso tio Sebastião

Um homem abençoado

Visitou-nos meses antes

Em que era esperado

E nos trouxe uma irmã

Perdida lá no passado

Eu fiquei muito alegre

Com o fato inusitado

E senti meu coração

Em compasso acelerado

Bater muito mais intenso

Do que estava acostumado

Com doçura e amor, ela veio até nós:

“Mãe, irmãos e família

Eu sou a Aparecida

Maria entre outras tantas

Mas me chamem só de Cida

Demorou, mas encontrei

Minha parte desconhecida”

Toda feliz ela apresentou sua família: o esposo e os filhos...

Eu fiquei ali por alguns instantes anestesiado com aquela visita. Era um misto de alegria e vergonha. Alegria porque finalmente eu estava frente a frente de uma irmã cuja existência me era sabida, mas que jamais imaginava que a veria um dia. E vergonha devido à nossa condição social miserável. De tudo não tínhamos quase nada... Mas nossa querida irmã nos abraçou efusivamente e, tanto ela, quanto o marido, não deixaram transparecer qualquer incômodo com a nossa condição precária. Isso contribuiu para que meu amor em relação a ela transbordasse de mim daquele dia em diante.

Fiquei super feliz porque nossa mãe nunca se abrira sobre detalhes mais aprofundados sobre ela.

É importante dizer que há um outro irmão, o Marcos, cujo paradeiro nos é desconhecido.

Nossa mãe lá no passado,

Cometeu alguns deslizes

E esses erros se criaram

E lançaram suas raízes

(Lá na sua consciência

Seus enganos são juízes)

(Eu sinto que não nos cabe

Fazer juízo de valor

Apontar dedo só gera

Desconforto e rancor

Vivamos o nosso agora

Plantemos somente amor)

Naquela tarde de alguns anos atrás, nos foi apresentada a nossa irmã mais velha. Cujo nome, Aparecida, tal qual a famosa santa, nos apareceu de súbito. O pescador da ocasião foi o nosso tio Sebastião, que a trouxe até nós, inteira, sem faltar nada. Numa tacada só conhecemos a nova irmã e toda a sua família.

Uma nova etapa começava ali. A partir daquele momento ninguém seria mais o mesmo. Todos haviam ganhado alguma coisa. Eu ganhei uma irmã, um cunhado e os sobrinhos.

Eu não sei o que o futuro

Reserva para a gente

Mas torço para que Deus

Nos permita docemente

Que sigamos nessa vida

Unidos feito corrente

Assim termino essa homenagem a minha doce irmã, que fica registrada em ISAÍAS, CAPÍTULO I, ano da graça do senhor de 29/08/2018.