VELORO DO TUNICO

VELORO DO TUNICO

Fui cunvidada mode i num veloro

mai o morto ainda num tá lá não

mi avisô inhantes mode num qué queu choro

cando ele já tivé infiado nu caxão

O defunto qui ainda tá vivo

feiz um monte de pidido isquisito

chamô todo mundo do seu convivo

pra fazê festa no dia mardito

Pidiu pras muié i bem arrumada

e que não qué nada de chororô

não qué missa, só a sua arma encomendada

i menos ainda coroa de frô

O coitado acha que vai prestá

fazê tanta recumendação anssim

os oto pode inté concordá

mai é só mode num disagradá o bichin

Mode qui logo se vê quêle tá priocupado

qui organizá o propi veloro é coisa nova

deve de sê pur carsa que o danado

já tá sintindo qui tá cum pé na cova

I nóis que é amigo do Tunico

num havemo de fazê feio quêle não

amigo é pra tudo, inté sigurá o pinico

cando o difunto cismá q tá cum ereção

I vamu, que vamu agradá o morto

inquanto ele tá vivo i quintin

mode o Tunico sinti quêle num é pau torto

i qui nóis vai amá ele inté o fim

Célia Jardim

Célia Jardim
Enviado por Célia Jardim em 27/08/2018
Reeditado em 27/08/2018
Código do texto: T6431632
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