O ALÇAR VOO DO MEU PRIMEIRO AMOR

O ALÇAR VOO DO MEU PRIMEIRO AMOR

Meu primeiro amor, criou asas e voou por entre as árvores da terra que tanto amou, tanto ou mais que a do seu próprio nascimento. partiu silenciosamente, em paz consigo mesmo. Simplesmente! Alçou voo em direção ao paraíso, sem despedidas, sem um adeus, sequer!... Com suas asas de anjo, Voou! Hoje encontra-se a descansar, no paraíso, dos céus azuis, águas mornas, claras, e extensos campos verdejantes. Eu creio! O bairro que ele popularizou, com seus feitos de mestre, chora a sua partida, a falta que fará na rua em que morava, a sua comunidade, a toda a essa gente...

Aconteceu... em 14 de agosto, de um ano qualquer, plena manhã de uma segunda feira, o sol despontava como sempre majestoso, reinando calorosamente, os cantos dos pássaros e os cacarejos das galinhas no quintal, parecia sinfonia de Beethoven, uma sinfonia de adeus. Os que foram suas companhias de todas as manhãs, naquele pequeno pedaço de chão tão amado e cuidado por ele, saudava o seu voar preciso, era chegado o final da sua estadia ou passagem na terra, ele tinha que voltar para casa, renovar suas forças para retornar um dia revigorado e recomeçar tudo outra vez.

Naquele dia o céu estava impecável, lindo, de um azul anil, poucas nuvens, um mensageiro chega cabisbaixo, percebo a falta de alegria costumeira, que era a dele ao me ver, e... recebo com todo seu cuidado, o comunicado daquele voo, sem adeus, meu coração se entristece, caio em prantos, sinto o chão se abri sob os meus pés, a melancolia toma conta de mim, como aceitar o que não teria volta! Que não mais o veria! que não sentiria aquele cheiro outra vez! Aquele rostinho que parecia durão, mas que com o tempo descobri ser um docinho de coco, que eu o amava...e eu que não tinha o visitado no dia anterior, em que se comemorava uma data especial, me abateu o remorso.

Meu velho pai, estava cansado, apenas ocorreu que, Jesus tendo misericórdia da sua alma em sofrimento, deu-lhe asas e forças apenas para voar para junto de si, levou-o. verdade!... É, acontecem coisas que por mais esperada que sejam, nos surpreendem sempre, essa foi uma delas!...

A morte é a única certeza que temos no decorrer da nossa vida, mas nunca estamos preparados para recebê-la, aceitá-la.

No momento em que vejo e contemplo apenas aquele corpo inerte, como acreditar! Ele não podia ter feito aquilo comigo, eu dizia! Meu primeiro amor, houvera partido sem me avisar, que ia sem volta, todo o cortejo foi muito merecido, as pessoas queridas e mais próximas, se mantiveram todo tempo alí!...Sabiam da falta que agora ele faria a todos, aos membros da família e àqueles que ele adotou e cuidou durante tantos anos, povo do bairro de Areia Branca, Catu e adjacências, são gratos até hoje, por sua bondade e dedicação, por suas vitórias com bravas lutas, tudo em benefício da população, ele foi incansável, nunca se acovardou perante os adversários, sempre foi superior aos obstáculos que surgiam, inimigos nunca colecionou, era de paz, amigo de muitos, todos o admiravam e reconheciam o seu valor, aqueles que não o fizeram, porventura não conhecem a sua história de vida, das suas lutas em defesa da população, do homem sábio e guerreiro que foi.

Hoje envolta nas recordações do meu primeiro amor, um passado, tão presente em mim! Me impressiona o poder que tem a nossa imaginação, as minhas lembranças são tão claras, tão evidentes, tão vivos os nossos momentos. Um filme passa em minha mente, nele revejo as alegrias e a felicidade de um tempo vivido, lindo e tranquilo ao lado do meu guardião, meu porto seguro, por décadas. Ele era durão, sim! Mas era por pura proteção aos seus amados, lembro-me, nas nossas noites de luar, a olharmos “o cavalo de São Jorge”, na plena lua cheia, o caminharmos juntos pelas ruas da cidade, do bairro, de mãos dadas, nunca foi possível! Acompanhar àquele homem de passos largos, firmes e seguros, era um orgulho pra mim, que o seguia sempre atrás, como esquecer meu pai!

Saudade me domina, uma mistura de felicidade do que vivi, com a tristeza do vazio que deixastes em meu coração, custa-me aceitar que voastes para os confins dos céus, passados doze anos, que hoje se faz, de saudades eternas e de lembranças constantes, sinto um amor que alça voo em busca de um abraço teu, benção MEU PAI. Te amo! Amar-te-ei, todos os dias da minha vida, o teu alçar voo, não mudou esse sentir por ti, em mim.

Neide Rodrigues, poetisa potiguar em, 14/08/2018

Revisado em 29/04/2020

NeideRodriguesPoetisaPotiguar
Enviado por NeideRodriguesPoetisaPotiguar em 14/08/2018
Reeditado em 29/04/2020
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