LAÇOS...
VÓ ! VÔ !
Ninguém sonha ser avó ou avô. Sonha-se em ter filho, ou filha, ou filhos. Os que afirmam que assim se imaginam, estão confundidos, talvez estejam desiludidos ou desesperançados de se verem realizar nos filhos, nossas extensões.
O tempo convencional, individual producente, é tão curto ! Daí, o intento de nos projetarmos e nos estendermos neles, numa tentativa egoísta de realização, até do que gostaríamos de ser na construção de uma pessoa, inclusive profissionalmente, e tudo fazemos para a realização desse projeto, .num “SOS” por precisarmos de mais tempo.
Na criação dos filhos tentamos passar o que há de melhor em nós, de que nos vejam como adultos equilibrados emocionalmente, e bem sucedidos, até camuflando as profissões exercidas no presente como se acertadas, como se modelos de exemplos a serem seguidos. Nada mais do que a luta do sonho em nos estendermos e nos realizarmos, carentemente, também nos filhos.
E ao nos vermos ante ao neto ou neta, acontece o maior susto ! Tomamos consciência e refletimos, de fato, sobre o que alcançamos na breve jornada ! Se ainda não nos sentimos realizados, dificilmente nos veremos projetados nos netos, é bem provável que na sua fase adulta producente, tenhamos morrido ou nos perdido na memória.
E por sobrevivência, de não nos querermos ver como passados, nos rendemos ao encantos do pequeno ser que se apresenta diante, como neto ou neta. Só nos resta relaxar, “ soltarmos a extensão do elástico” , vendo-o retornar ao ponto inicial... nos recordarmos crianças. E dá uma alegria inusitada ! extravasamos toda a inocência contida na fase adulta, sem nenhum medo que nos vejam como idiotas. Agradecidos, damos Graças!
E no embalo do tempo, ouvindo música, os passos do humano ser, ora bebê, se sustentando desengonçado, são os mesmos do ora envelhecido, às vezes insustentável. No contínuo do tempo, antenados, dançam juntos... desengonçados.