MINHA HOMENAGEM AO ESPÍRITO SANTO: ALMA DA IGREJA ATÉ A PARUSIA DE JESUS. DESEJAMOS A EFUSÃO DOS DONS DO ESPÍRITO.
EFUSÃO DO ESPÍRITO SANTO
(Espírito Santo”, gr. en PNEUMATI HAGIOI. )
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JOÃO CAMPAGNOLO - nos explica a XENOGLOSSIA.
O fenômeno das línguas é xenoglossia (Atos 2, Bíblia) cada estrangeiro ouvia os apóstolos e os discípulos falando-lhes na própria língua (dos Apóstolos).
(CONTRIBUIÇÃO DO MEU AMIGO: PEDAGOGO - PREGADOR CATÓLICO DA RCC - JOÃO CAMPAGNOLO).
Obrigado! O autor do presente artigo.
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E não Batismo no Espírito Santo (Espírito Santo”, gr. en pneumati hagioi.) como sacramento.
Porque já fomos batizados desde pequenos.
São momentos de fé diferentes. Um é o sacramento e o outro, é a espiritualidade e aproximação das aspirações do Espírito Santo em nós como católicos.
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Queira receber a efusão do Espírito Santo
QUARTA-FEIRA, 8 DE FEVEREIRO DE 2017, 10H11
Precisamos clamar a efusão do Espírito Santo
https://padrejonas.cancaonova.com/informativos/artigos/queira-receber-a-efusao-do-espirito-santo/
Vamos dizer ao Senhor: Senhor Jesus, quero receber a efusão do Espírito Santo, como diz a Tua Palavra: “Sereis batizados”. Quero ver-me banhado no Teu Espírito, possuído, até as últimas fibras do meu ser, pelo Espírito Santo de Deus. Vem, Espírito!
“Sim, Jesus, dá-me Teu Espírito. Plenifica-me, Senhor. Derrama sobre mim o Teu Consolador. Senhor, concede-me a graça. Peço que manem de mim rios de água viva, que se realize em mim a promessa: ‘Vós sereis batizados no Espírito Santo’. Realiza a Palavra, Senhor Jesus:‘Do seu interior correrão rios de água viva’. Realiza a Palavra: ‘Descerá sobre vós o Espírito Santo. Recebereis força, poder e sereis minhas testemunhas até os confins da terra.'”
Vem, Espírito Santo, porque eu preciso de Ti agora. Cobre cada um dos meus (nomeie cada pessoa que você deseje abençoar) e o conduz a Tua Igreja. Vem, Espírito Santo, derrama-Te sobre nós. Jesus, Tu és o batizador; batiza-nos no Espírito Santo. Precisamos desta graça.
Cumpra-se, Senhor, a Tua Palavra. Amém!
Artigo do livro: “Aspirai aos dons espirituais“, monsenhor Jonas Abib
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O Espírito Santo na Igreja - Por William Macleod
‘É necessário que eu vá: pois se eu não for, o Consolador não virá para vós outros’ (João 16.7).
A obra do Espírito Santo é tão necessária quanto a obra de Cristo. Talvez isto surpreenda você. Mas Jesus diz: ‘É necessário que eu vá: pois se eu não for, o Consolador não virá para vós outros’ (João 16.7).
João Batista disse: "Eu na verdade batizo com água para arrependimento, porém Aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mat. 3.11).
O Espírito é entristecido pelo pecado. (ídolos, materialismo, mundanismo e falta de oração e aceitar o Espírito Santo enviado por Jesus!)
O Espírito Santo Governa a Igreja
Cristo é o cabeça e Rei da Igreja. Cristo, porém, está nos céus. É através do Seu Espírito que Ele governa a Igreja. O Espírito dá dons e equipa indivíduos para ofícios e guia a Igreja para que aponte tais indivíduos. Quando os profetas e mestres de Antioquia ministraram e jejuaram ao Senhor, "o Espírito Santo disse: Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (At 13.2). Dirigindo-se aos presbíteros de Éfeso, Paulo disse: "Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus" (At 20.28). O Espírito também está guiando ativamente o desenvolvimento da obra. Paulo numa certa altura "tendo sido impedido pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia; defrontando Mísia tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu" (Atos 16.6-7).
Foi da vontade do Espírito que o Evangelho fosse pregado na Europa. O Espírito governava e guiava a Igreja naqueles dias de maneira sobrenatural. Hoje em dia Ele trabalha através da Bíblia, da providência e dos pensamentos do seu povo ao orarem pedindo direção. O Espírito também é ativo no exercício da disciplina da Igreja. "O que ligardes na terra será ligado nos céus... pois onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles" (Mateus 18.19-20). Nós ligamos esta "presença" em primeiro lugar ao culto, mas a sua primeira referência é à disciplina.
5. O Espírito Unifica a Igreja
"... o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros , sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo" (1 Cor 12.12).
"Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus" (João 3.5). Este novo nascimento ou regeneração acontece quando o Espírito entra no indivíduo e, habitando nele, assim como ressuscitando-o de um estado de morte espiritual, une-o a Cristo. Estando todos unidos a Cristo, assim estamos também unidos uns aos outros. "Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito" (1 Cor 12.13).
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SCHOONEN-BERG[8] dizer:
a) trata-se de uma efusão de dons, uma superabundância e plenitude, como deduzimos do freqüente uso da expressão “estar cheio do Espírito Santo” que encontramos p. ex. em At 2,4; 4,8.31; 6,3.5; 7,5.5; 9,17; 13,9 etc.
b) essa plenitude do Espírito e a simultânea união com Cristo são conscientes e reconheceis, como o foram. p. ex ., nos gálatas recém-convertidos (cf. Gl 3,2-5).
c) essa efusão do Espírito atinge o próprio corpo, manifestando-se na glossolalia, na profecia, nas curas, o corpo tornando-se “templo de Deus e habitação do seu Espírito” (cf. 1Cor 3,16).
d) esses dons não são para fruto particular, mas para edificação do “corpo”, da Igreja (cf. 1Cor 12,14).
e) esses dons não são ainda a perfeita plenitude, que se dará somente no dia da vinda do Senhor, como o lembra Paulo na 1Cor 1,7 e, censurando a pretensão de alguns, em 1Cor 4,8. Ate lá, o espírito “nos guiará pelo caminho” (gr. hodegései) “até a plenitude da Verdade”, como nos promete o Senhor em Jo 16,13. E “caminho” é caminho, não é ainda a meta.
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EZEQUIEL anunciara essa purificação, embora não pelo fogo, mas pela água, e pela infusão de um “novo espírito e um novo coração” no íntimo de seu povo… (cf Ez 36,25-27).
“vós porém sereis batizados com o Espírito Santo” – Lucas 1,5.
Mt 3,11: Quanto a mim, eu vos balizo na água (com água) para a conversão (gr. Metánoia, lit. arrependimento), mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu, e eu não sou digno de tirar-lhe (lit. carregar, levar) as sandálias; ele, porém, vos batizará no (com) Espírito Santo e no (com) fogo.
Lc 3,16: Quanto a mim, eu vos balizo na água (com água); vem, porém, o que e mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias; ele voz batizará no (com) Espírito Santo e no (com)
E agora, os textos de Mc 1,7-8 c de Jo 1,33, sem a referência ao “fogo”:
Mc ! .7-8: Depois de mim vem o que é mais forte do que eu, e eu não sou digno de, inclinando-me, desatar-lhe a correia das sandálias. Eu vos balizei com água; ele, porém, vos batizará com (em) Espírito Santo.
Jo 1 ,33: Eu não o conhecia, mas aquele que me mandou batizar com (em) água foi quem me disse: Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer sobre Ele. Esse e quem batiza com (em) Espírito Santo.
1.2 — Nos Atos dos Apóstolos, -a contraposição entre “batismo na água” e “batismo no Espírito Santo” aparece por duas vezes, não mais, porém, na boca de João Batista e sim na do próprio Jesus, como promessa que se cumpre no Pentecostes, mas sem o acréscimo do fogo que apareceu apenas em Mt 3,1 1 e Lc 3,16, como vimos acima. Vejamos também, comparando-os, esses dois textos.
At 1,4-5: Tomando refeição com eles. Jesus lhes ordenou que não se afastassem de Jerusalém, mas aguardassem a Promessa do Pai — aquela que de mim ouvistes: pois João batizou com (na) água, vós, porém, sereis batizados no (com) Espírito Santo não depois de muitos dias.
At 11,16: (Pedro, defendendo-se dos judaizantes, recorda as palavras de Jesus): Lembrei-me então desta palavra do Senhor, segundo dizia: João na verdade batizou com (na) água; vós, porém, sereis batizados no (com) Espírito Santo.
1.3 — Finalmente, na primeira carta aos Coríntios (1Cor 12,13), também Paulo fala do “batismo num só Espírito”, usando a voz passiva (passivo “teológico”!) do verbo batizar, como em At 1,5 e 11.16,
mas sem atribuir expressamente esta palavra ao Senhor: “Pois num só Espírito todos nós fomos batizados, para um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito… ”
“... um só Senhor, uma só fé e um só batismo”. (Ef 4,5)
“... todos nós fomos batizados num só Espírito”, segundo 1Cor 12,13
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CONCLUSÃO
É sabido que a expressão “batismo no Espírito” foi redescoberta pelo movimento pentecostal, primeiro entre os protestantes, desde inícios do século, e agora, desde 1967, entre católicos, na RCC.
Meu objetivo aqui não foi comparar os dados do Novo Testamento, vistos acima, com a pneumatologia pentecostal e/ou carismática. Isto faz muito bem SCHOONENBERG, R, no estudo mais vezes citado NA NOTA [9], e o fazem outros autores NA NOTA [10].
Quis simplesmente rever os textos em que a expressão ocorre e analisá-los, mesmo se sucintamente.
[9] SCHOOONENBERG, P., op. cit, p. 98-109
[10] Só depois de elaborado este artigo e que tomei conhecimento do excelente verbete Carismáticos, com o subtítulo Renovação Carismática, de A. BARRUFFO, no “Dicionário de Espiritualidade”, Paulus, São Paulo, 1989, p. 88-89, o ‘ batismo no Espírito” sendo estudado nas pp. 95-96, sob o título “A efusão do Espírito”.
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CITAÇÕES BÍBLICAS SOBRE O ESPÍRITO SANTO
Gl 4, 6, Paulo afirma que “Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho”, tornando-nos filhos…
Rm 5,5 fala-nos do “amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”…
Capítulos 12-14 da primeira carta aos coríntios, capítulos inteiramente consagrados aos dons do Espírito Santo na comunidade.
[1] A LAPIDE, C., Commentaria in Quatuor Evangelia, Editio novíssima, anterioribus auctior, Venetiis 1740 (ed. original em Anvers/Antuérpia, 1643), coment. in Mt 3, 11.
[2] Cf CARMIGNAC, J. e GU1LBERT, R, Lês Textes de Qumran traduits et commentés, Letouzey et Ané, Paris, 1961, p. 36, também em GARCIA MARTINEZ; F. Textos de Qumran. Edição completa e fiel dos Documentos do mar Morto, Vozes, Petrópolis. 1995 (trad. ), p. 50
[3] . SCHOONENBERG, R, O Batismo no Espírito Santo, in Kung. H. et alii, A experiência do Espírito Santo, Vozes, 1979 (trad.), p. 90-112, aqui, p. 93
[4] Ibid., p. 93
[5] . Cf COENEN, L. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, trad. Ed. Vida Nova. São Paulo, 1981, vol. I, p. 259ss.
Ver também o vol. II, p. 130-135, especialmente p. 132s.
[6] SCHOONENBERG, R. op. cit.. p. 92
[7] Embora, em Jo 4, 2, o evangelista tenha tido o cuidado de observar que não era Jesus quem batizava, mas os seus discípulos.
[8] SCHOOONENBERG, P., op. cit., p. 97-98.
[9]Id., ibid., p. 98-109
[10] Só depois de elaborado este artigo e que tomei conhecimento do excelente verbete Carismáticos, com o subtítulo Renovação Carismática, de A. BARRUFFO, no “Dicionário de Espiritualidade”, Paulus, São Paulo, 1989, p. 88-89, o ‘ batismo no Espírito” sendo estudado nas pp. 95-96, sob o título “A efusão do Espírito”.
[11] BETTENCOURT, E., O que é preciso saber sobre a Renovação Carismática, síntese do livrinho homônimo de MIRANDA, Dom António Afonso, bispo de Taubaté (Edit. Santuário, Aparecida, 1993), in “Pergunte e Responderemos”, Ed. Lumen Christi, Rio de Janeiro, n. 374 (julho de 1993), p. 320. Ver toda a síntese, ibid.. ., p. 318-328.
[12] ALVES, F. G ., Análise do documento da CNBB “Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica”, in REB 55(1995), nº. 218, junho, p. 385-390. aqui, p. 388.
Ai o autor afirma que a expressão “batismo no Espírito” aparece “quatro vezes” no Novo Testamento. Como demonstrei, aparece mais.
Autor: Tácito Coutinho –
Tatá – Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi
http://formacao.comunidadejavenissi.org/2016/07/21/o-termo-batismo-no-espirito-santo/
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Somos chamados a voltar ao Cenáculo, para ter um novo Pentecostes, pois é o Espírito que nos faz experimentar o fogo do amor.
O carisma não é para atrair as pessoas para nós, para nos fazermos de “estrelas”, mas é para levar as pessoas a Deus.
Apóstolos da efusão do Espírito Santo
- Artigo produzido a partir da pregação de 10/01/2008
https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/apostolos-da-efusao-do-espirito-santo/
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O culto do Espírito Santo à luz do Magistério Conciliar
PAPA PAULO VI
AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 26 de Maio de 1971
https://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/audiences/1971/documents/hf_p-vi_aud_19710526.html
Um dos ensinamentos mais importantes, mais característicos e mais fecundos que o II Concílio do Vaticano deixou à Igreja, é o do mistério da própria Igreja e consiste na animação que a faz viver como Corpo Místico de Cristo.
Esta animação provém da efusão do Espírito Santo, que é o Espírito de Cristo.
Pode-se dizer que esta verdade foi sempre conhecida, desde o dia de Pentecostes, e, depois, por meio da doutrina dos Santos Padres (citemos, por exemplo, alguns da Igreja do Oriente, como Santo Atanásio, São Basílio e São Gregório de Nissa, e alguns da Igreja do Ocidente, como Santo Hilário, Santo Ambrósio e São Leão Magno), por meio de recentes documentos pontifícios (por exemplo, de Leão XIII e de Pio XII) e por meio de insignes estudos teológicos (como os de Johann Adam Moehler, de Charles Journet e de Yves Congar).
Mas a catequese ordinária tinha mais propensão para considerar a Igreja no seu aspecto visível e social, que lhe fora reivindicado, de modo especial, pelo Concílio de Trento, em oposição a certas heresias da Reforma.
O recente Concílio, sem negar este aspecto e chegando até a considerá-lo um sinal e instrumento da salvação (como afirmam as suas Constituições Lumen Gentium, nn. 1 e 48; Sacrosanctum Concilium, n. 26; e Gaudium et Spes, nn. 5 e 45), deteve a sua atenção no aspecto espiritual, misterioso e divino da Igreja, ou seja, na « pneumatologia » da Igreja.
Se quisermos ser fiéis ao magistério conciliar, deveremos aumentar o nosso conhecimento doutrinal sobre o Espírito Santo.
Existe, atualmente, uma vasta literatura sobre este estupendo e fecundíssimo tema (podemos citar, por exemplo, para ser usado pelos estudiosos e servir de orientação aos fiéis, o artigo sobre o Espírito Santo, no Dicionário do II Concílio Ecuménico do Vaticano, da autoria do professor T. Federici, publicado pela Unione Editoriale, em 1969; o livro Ecclesia a Spiritu Sancto edocta, Mélanges ..., Duculot 1970; e o trabalho de G. Philips, L'Êglise... I, Desclée 1968 pg. 87).
Estas obras não se ocupam tanto da investigação teológica sobre o Espírito Santo, como das relações que a terceira Pessoa da Santíssima Trindade nutre com a Igreja e com as almas, individualmente.
Os títulos que qualificam as operações do Espírito Santo em relação à humanidade já remida e à que ainda espera receber os frutos da redenção, por merecimento de Cristo, são-nos reevocados deste modo: Ele é o Santo por excelência e o santificador; é o Paráclito, ou seja, o nosso advogado e consolador; é o vivificador; é o libertador; é o Amor; é o Espírito de Deus; é o Espírito de Cristo; é a graça incriada, que habita em nós, como fonte da graça criada e da « virtus » dos sacramentos; é o Espírito de Verdade e Unidade, isto é, o princípio da comunhão e, portanto, o fermento do ecumenismo; é o dador dos sete dons e dos carismas; é quem fecunda o apostolado, sustenta os mártires e inspira interiormente os mestres exteriores; é a voz fundamental do Magistério e a máxima autoridade da Hierarquia; é, por fim, a fonte da nossa espiritualidade: fons vivus, ignis, caritas et spiritalis unctio. Porque vos falamos hoje deste tema imenso e inefável?
Falamo-vos dele porque estamos a fazer a famosa « novena » de preparação para a festa de Pentecostes.
As nossas palavras deveriam, então, deter-se a considerar as disposições que as almas devem ter para celebrar melhor esta festa central do nosso culto católico, a « metropolim festorum », como lhe chamava São João Crisóstomo (cfr. PG 50, 463), e não serem indignas de receber o Dom por excelência, que é, exactamente, o Espírito Santo, o Dom, efeito e sinal do amor (cfr. Santo Tomás, Summa Theologiae, I, q. 38, a. 2).
Como se recebe este Dom, que é o próprio Deus, no acto de Se comunicar?
A melhor preparação é-nos indicada pela expectativa em que ficaram, no Cenáculo, os apóstolos e os discípulos, reunidos com Maria, para ver cumprida a última promessa que Jesus lhes tinha feito, antes da Sua ascensão. Naquela altura, Ele recomendara-lhes que esperassem porque seriam baptizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias (cfr. Act 1, 5).
E, de facto, eles esperaram, juntos, confiantes na palavra do Senhor, em recolhimento e oração.
É preciso ter o espírito aberto, isto é, purificado pela penitência
(cfr. Act 2,38) e pela fé. É preciso estar compenetrado do sentido do tempo, da hora de Deus, em silêncio e, ao mesmo tempo, em comunhão de caridade com os irmãos, em companhia da Mãe beatíssima de Jesus, Maria.
Pode-se dizer que a devoção a Nossa Senhora começa no mesmo momento em que está para nascer o Corpo Místico do Seu divino Filho, cujo corpo físico Ela gerou.
E, assim, é oferecido à nossa espiritualidade um tríplice motivo de interesse central: o Espírito, Nossa Senhora e a Igreja.
Não podemos deixar de fazer algumas recomendações:
não separeis os elementos, muito diversos, mas que estão destinados a constituir uma síntese maravilhosa de aspectos complementares, predisposta pelo desígnio divino. O Espírito Santo deve constituir o ápice do vosso culto, especialmente do culto interior.
Este culto dever-se-á manifestar principalmente na vigilante e trepidante preocupação de O possuir e hospedar — Ele é o doce hóspede da alma. Exprimindo-nos com termos catequéticos e realistas,
podemos dizer: procurai estar sempre na graça de Deus
(cfr. 1 Cor 11, 28; Dante Alighieri, La divina Commedia,
Purgatorio 2, 3 e 9). Não sigais aqueles que, com o pretexto
de eliminar da consciência ansiedades inúteis e
escrúpulos incômodos, vos querem persuadir que não
há necessidade de pôr a alma na graça de Deus, antes
de se sentar à mesa eucarística, ou para viver como
cristãos honestos.
Não deixeis que arrefeça a vossa devoção a Maria, a privilegiada portadora de Cristo ao mundo e Mãe espiritual da Igreja no Cenáculo.
E, por fim, não separeis da hierarquia, da estrutura institucional da Igreja, o Espírito, como se fossem duas expressões antagônicas do cristianismo, ou como se o Espírito nos pudesse ser dado sem o ministério da Igreja, instrumento qualificado de graça e de verdade.
É certo que o Espírito « sopra onde quer » (Jo 3, 8), mas não podemos presumir que Ele venha a nós, se prescindirmos, voluntariamente, do veículo que Jesus estabeleceu para no-Lo comunicar. Quem não adere ao Corpo de Cristo — podemos repetir com Santo Agostinho — sai da esfera animada pelo Espírito de Cristo
(cfr. Santo Agostinho, In Evangelium Johannis, 27, 6, em: PL35, 1618).
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PANORAMA DA LITERATURA PNEUMATOLÓGICA PUBLICADA NO BRASIL NOS ÚLTIMOS TRINTA ANOS - 50 Notas e Comentários _ Persp. Teol. 30 (1998) 251-272
Luiz Eustáquio dos Santos Nogueira, mestre em Teologia pelo CES da Companhia de Jesus (Belo Horizonte-MG). É professor de Teologia Sistemática no Instituto Dom João Resende Costa, diretor do CEFAP (Centro de Formação de Agentes de Pastoral) da Arquidiocese de Belo Horizonte e coordenador do CIT (Curso Intensivo de Teologia gerenciado pela PUC-MG nas férias de janeiro de cada ano), além de exercer a função de pároco na Paróquia Santo Inácio de Loyola. Publicou: O Espírito e o Verbo: as duas mãos do Pai — A questão pneumatológica em Yves Marie-Joseph Congar. São Paulo, Paulinas, 1995. Endereço: Rua Penafiel, 65 — 30310-420 Belo Horizonte — MG 50
FONTE:
http://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/perspectiva/article/viewFile/677/1102
Por uma teologia da vida “no Espírito” (p. 270) está em
“... o Espírito altera e afeta o seu ser livre por um convite intrínseco ao “êxodo”, a sair de si em direção ao outro e aos outros, numa dinâmica antiegocêntrica de desapego e de abertura desinteressada. Desta forma, o Pneuma reproduz na pessoa o movimento trinitário: enviado pelo Pai através do Filho, o outro Paráclito nos envia em direção dos outros, substituindo o medo e o preconceito por uma disponibilidade viva e consciente para a experiência relacional” (nota 48)
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48 Cf. MOLTMANN, J., “Pentecostes e a teologia da vida”, Concilium 265 (1996) pp. 143-144. “O Espírito é a única possibilidade de uma missão que seja realmente universal, assim como de um diálogo entre diferentes religiões, começando por este ponto comum: a vida” (BINGEMER, M. C., “A Pneumatologia como possibilidade de diálogo e missão universais”, em TEIXEIRA, F. (org.), Diálogo de Pássaros – nos caminhos do diálogo inter-religioso. São Paulo, Paulinas, 1993, p. 113). 49 Cf. Ibidem, pp. 114-118
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38 O batismo no Espírito, em Recueil Schillebeeckx, p. 108. A experiência do Espírito, diz RAHNER, maior baluarte desta nova concepção da graça, corresponde ao agir transcendental da Graça Incriada no homem, co-instituindo o seu espírito. Admitir uma espécie de “revelação privada” que reduza a experiência transcendental a uma determinada circunstância particular, não passaria de uma compreensão mitológica do Espírito de Deus (cf. “Experiência do Espírito e decisão existencial”, em Recueil Schillebeeckx, pp. 150-153); cf. também: RAHNER, K., Curso Fundamental da fé (trad.). São Paulo, Paulinas, 1989, pp. 12-13.
39 Cf. op. cit., pp. 164; 171-174; JUANES, B., Falar em línguas – palavra de sabedoria, palavra de ciência, fé carismática (trad.). São Paulo, Loyola, 1997, pp. 45-56, onde o assessor da Renovação no México estabelece uma boa articulação entre psicologia e experiência carismática. Outra sólida abordagem sobre a experiência sensorial da graça, interligando fé e ciência, encontramos em: MÜHLEN, H., Fé cristã renovada: Carisma, Espírito, Libertação (trad.). São Paulo, Loyola, 1980, pp. 68-81; 215-226. Com grande enlevo espiritual, assim considerou o Cardeal Suenens: “Não há linha demarcatória entre o ordinário e o extraordinário (...). Deus não nos ama com um amor ordinário, ao qual faria uma exceção de tempos em tempos por meio de um gesto de amor extraordinário, desmesurado. Não, o extraordinário amor de Deus é inerente a seu ser (...). Para Deus, o sobrenatural é natural, Ele é maravilhoso para a natureza (...). É mister que aprendamos a descobrir o extraordinário amor de Deus, oculto no coração do acontecimento aparentemente mais ordinário, mais acidental. Se crês, diz Jesus, verás a glória de Deus (Jo 11,10)” (O Espírito Santo, nossa esperança (trad.). São Paulo, Paulinas, 19752 , pp. 97-98).
40 Cf. RAHNER, K., Curso Fundamental da fé, pp. 29-30; TILLICH, P., Teologia Sistemática – três volumes em um (trad.). São Paulo, Paulinas, 1984, pp. 102-104. “Milagres não podem ser interpretados em termos de uma interferência sobrenatural nos processos naturais. Se esta interpretação fosse verdadeira, a manifestação do fundamento do ser destruiria a estrutura do ser; Deus estaria dividido dentro de si mesmo, como tem afirmado o dualismo religioso”. Assim entendido, pensa o autor, o milagre assemelhar-se-ia a algo demoníaco. O grande perigo da teoria sobrenaturalista consiste em fazer de Deus um ser mágico e causador de possessão (cf. Ibidem, p. 103).
41 Cf. Ibidem, pp. 470-473; 100. “Em toda experiência extática, todas as funções de compreender e estruturar da razão são conduzidas para além de si mesmas, e também a emoção. O sentimento não está mais próximo do mistério da revelação e sua recepção extática do que as funções cognitiva e ética” (p. 101). L. BOFF enriquece a compreensão do “êxtase espiritual” distinguindo cinco experiências básicas do Espí- rito a nível humano: êxtase (experiência da singularidade da vida e de “extrema densificação” da presença do ser), entusiasmo (exuberância de vida, energia e poder, possibilitadora de criação e gozo), inspiração (pensamento conduzido por uma força maior), comunicação (saída de si e entrega ao outro num processo de autotranscendência), racionalidade e ordem (captação, em meio ao caos, da suprema racionalidade do Espírito no processo cosmogênico). Cf. “O Espírito dorme na pedra...: habita o cosmos”, em Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres. São Paulo, Ática, 1995, pp. 248-251.
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1. Conspecto geral dos principais títulos publicados
1.1. Na década de 70 (de 1967 a 1970) Y. Congar, Se sois minhas testemunhas (obra traduzida, Loyola, 1967): num enfoque teológico-pastoral, sintonizado com os “novos ares” do Concílio, o autor conjuga com propriedade o binômio Espírito e liberdade, refletindo sobre a nova situação vital gerada para os fiéis na Igreja. 3 A esta lista podemos ainda agregar: Der Heilige Geist als Person in der Trinität bei der Inkarnation und im Gnadenbund: Ich-Du-Wir (H. Mühlen, 1969), Le Paraclet (S. Boulgakov, 1970), Gegenwart des Geistes. Aspekte der Pneumatologie (W. Kasper, 1979), Lo Spirito della vita. Per una pneumatologia integrale - trad. orig. alemão (J. Moltmann, 1993) e a obra mais recente de R. Laurentin, L’Esprit, cet inconnu. Découvrir son expérience et sa Personne (1997). 253 H. Mühlen, “O evento Cristo como obra do Espírito Santo” — em Mysterium Salutis III/8 (ob. trad., Vozes, 1974): texto teológico-sistemático fundamental, onde a pneumatologia é apresentada como o fundamento da cristologia, cabendo ao Espírito ser a “mediatíade” de nossa relação bipolar com Cristo. L. Boff, A graça libertadora no mundo (Vozes, 1976): obra clássica da literatura teológica brasileira, em que o autor relê a doutrina tradicional da graça sob novos oculares advindos da filosofia histórica, personalista e existencial, reivindicando o experiencial como lugar hermenêutico do amor gratuito e libertador de Deus que, no Espírito, põe-se ao lado dos pobres. L. Suenens, O Espírito, nossa esperança (ob. trad., Paulinas, 1975); R. Laurentin, O Pentecostalismo entre os católicos (ob. trad., Vozes, 1977); Vários, Renovação Carismática Católica: uma análise sociológica (Vozes, 1979): estas três obras se posicionam sobre o movimento pentecostal católico emergente com enfoques bem distintos: a primeira, considerando-o como umas das maiores esperanças da Igreja pósconciliar; a segunda, desde um prisma psico-fenomenológico, se atém crítica e favoravelmente às manifestações carismáticas do Espírito; a terceira, traça um perfil sociológico e teológico da RCC, deflagrandolhe sérias lacunas, particularmente, a ausência, entre os seus membros, de uma sã teologia da cruz, a repercutir no fraco empenho social da maioria, mais propensa ao louvor exultante. A. Manaranche, O Espírito e a mulher (ob. trad., Loyola, 1976); L. Boff, O rosto materno de Deus (Vozes, 1979): enquanto o primeiro autor, com inaudita lucidez, considera a ação do Espírito em Jesus Cristo, na Igreja e na pessoa de Maria como algo desconcertante e anti-esclerosante, propiciador de liberdade e criatividade, o segundo, visando o resgate positivo do arquétipo feminino no discurso teológico, levanta a polêmica tese de uma plena autocomunicação do Espírito Santo a Maria que, no seu assentimento total a Deus, veio a ser hipostaticamente assumida pela Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Recueil Schillebeckx, A experiência do Espírito Santo (ob. trad., Vozes, 1979): teólogos de renome, sob variados enfoques (histórico, bíblico, teológico, sacramental, psico-pastoral), consideram com acuidade crítica certos temas da atualidade eclesial, entre os quais: “Sacramento da Confirmação e Batismo”, “Espírito-Cristo-Igreja”, “o Batismo no Espírito Santo” (a propósito do movimento pentecostal), “experiência do Espírito e decisão existencial” (onde K. Rahner situa a experiência de Deus no horizonte da transcendentalidade humana). Concilium 148, Espírito Santo: mistério e história (ob. trad., Vozes, 1979): numa perspectiva ecumênica, teólogos de distintas Igrejas cristãs debatem em torno de alguns temas pneumatológicos controverti- 254 dos: a questão histórica e teológica do Filioque; as relações entre “Palavra — Espírito — Ministério” e os diferentes acentos ou polarizações vigentes na práxis eclesial dos Reformados, dos “Fanáticos” (Anabatistas) e dos Católicos; vitalidade e riscos da experiência carismática e a primazia a ser dada ao discernimento dos espíritos.
1.2. Na década de 80 H. Mühlen, Fé cristã renovada: Carisma, Espírito, Libertação (ob. trad., Loyola, 1980): desde uma abordagem interdisciplinar, o renomado assessor da RCC alemã considera os fenômenos carismáticos por meio de uma sadia interligação entre fé e ciência. M. F. Miranda, Libertados para a práxis da justiça (Loyola, 1980): segundo o autor, a missão básica do Espírito Santo consiste em universalizar, na liberdade de cada pessoa humana, a atitude fundamental de Jesus, ou seja, a obediência filial ao Deus do Reino que nos leva à práxis solidária do amor e da justiça, especialmente ao lado dos pobres. J. Comblin, O tempo da ação (Vozes, 1982); O Espíri 255 B. Forte, A Trindade como história (ob. trad., Paulinas, 1987); L. Boff, A Trindade e a Sociedade (Vozes, 1987), A SS. Trindade é a melhor comunidade (Vozes, 1988): o primeiro autor serve-se do pensamento dialético-histórico hegeliano para encetar uma releitura do mistério trinitário, vendo na “história” do Espírito Santo o extravasamento do amor do Pai para além do Filho, a distinção e superação da distinção no amor em Deus, ou seja, o êxtase de Deus para o seu outro que franqueia e unifica a liberdade ad intra e ad extra (no relacionamento com as criaturas). L. Boff, por sua vez, nas duas obras correlatas, assume o paradigma da comunidade e da sociedade como alternativa às categorias tradicionais de substância e pessoa aplicadas a Deus e postula a comunhão pericorética trinitária, isenta de qualquer subordinação, como base para a libertação social e integral. Assim como J. Comblin, entende que o Espírito realiza a sua obra pela ação, fazendo “dos rostos humanos transfigurados ou humilhados o seu próprio Rosto divino”. Y. Congar, Espírito do homem, Espírito de Deus (ob. trad., Loyola, 1986); A Palavra e o Espírito (ob. trad., Loyola, 1989): no primeiro livro, sob um enfoque teológico-pastoral, o autor aborda, sem aprofundar, vários aspectos da pneumatologia, colocando em destaque certas dimensões eclesiais da vida no Espírito, como o não conformismo, o combate da carne pela caridade política, a prática da comunhão ecumênica, a emergência dos carismas na base, concluindo com uma síntese dogmática sobre a Terceira Pessoa. No segundo livro, Congar preconiza de forma sistemática o nexo insuperável entre cristologia e pneumatologia, as quais remetem ao passado e ao futuro, tirando daí profundas conseqüências para a teologia fundamental, a eclesiologia, a cosmologia e a cristologia mesma, com respaldo ecumênico.
1.3. Na década de 90 J. Santa Ana et al., A presença do Espírito nos processos históricos atuais (ob. trad., Paulinas, 1992): neste subsídio genuinamente profé- tico preparado para a Sétima Assembléia do Conselho Mundial das Igrejas, o Espírito Santo é apresentado como “força subversiva” vivamente atuante no mundo, cuja obra ultrapassa a devoção privada e o círculo estreito do espiritualismo individualista. O Espírito desperta nas Igrejas e na sociedade civil contemporâneas as “energias primordiais” submersas para o combate à dominação do poder econô- mico, estabelecendo alianças em favor da luta pela promoção da justiça, da liberdade e da paz. E. Schweizer, O Espírito Santo (ob. trad., Loyola, 1993); M. Mateos, A vida nova: fé, esperança e caridade (ob. trad., Vozes, 1993): desde um 256 enfoque bíblico-existencial, o exegeta evangélico oferece-nos um belíssimo livro, extraindo do AT e do NT quatro características fundamentais do Espírito: autonomia divina (uma “força estranha”), ação criadora e recriadora (“olhar transfigurador”), origem do conhecimento de Deus (doador da fé em Jesus crucificado), primícia do Reino definitivo (graça de Ressurreição). O segundo biblista, jesuíta católico, relê o tratado clássico da graça e das virtudes teologais sob o prisma da libertação, postulando uma espiritualidade da vida protagonizada pelo Espírito, enquanto sujeito transcendente de interioridade, liberdade e solidariedade humano-cristã. R. DeGrandis, O repouso no Espírito (ob. trad., Loyola, 1989); O dom da profecia (ob. trad., Loyola, s/d); O dom dos milagres (ob. trad., Loyola, 1992); O dom das línguas (ob. trad., Loyola, 1994): em todas estas obras, sem respaldo crítico consistente, quer bíblico, teológico ou científico, o autor retrata algumas manifestações psicomotoras e psicoafetivas correntes junto a grupos carismáticos, passíveis inclusive de indução mecânica (línguas) ou mental (repouso), atribuindo-as sem mais ao Espírito Santo, desde um horizonte supranaturalista indiscutivelmente mal discernido. B. Juanes, Que é a RCC? (ob. trad., Loyola, 1994); A cura física e interior (ob. trad., Loyola, 1994); Falar em línguas: palavra de sabedoria, palavra de ciência, fé carismática (ob. trad., Loyola, 1997); K. McDonnell e G. Montagne, Iniciação cristã e batismo no Espírito (ob. trad., Louvaa-Deus, 1995): B. Juanes, bem mais moderado e razoável que R. DeGrandis, considera em seus livros a experiência dos dons carismáticos na Renovação, partindo do princípio de que o Espírito serve-se da natureza humana, particularmente do psiquismo profundo ou inconsciente, para atuar nas pessoas e libertá-las. Os autores seguintes, perpassam exaustivamente o NT e a tradição pós-bíblica primitiva para concluir, desde vários testemunhos, que o “batismo no Espírito”, isto é, o despertar do Espírito com seus dons sensíveis, configura um elemento essencial da “Iniciação cristã” na Igreja das origens. J. Moltmann, Doutrina ecológica da criação: Deus na criação (ob. trad., Vozes, 1993); L. Boff, Ecologia: grito da terra, grito dos pobres (Ática, 1995): dois trabalhos ricos e instigantes, que estendem para o âmbito da gestação do cosmo inteiro a ação do Espírito Santo, até algum tempo atrás restrita apenas à obra de recriação e santificação do homem. Ambos os autores insistem na presença do Espírito na criação, tendenciando-a à unificação, cujo dinamismo criador convida o universo à comunhão mediante a rica rede de relações que se forja entre os viventes. L. E. Nogueira, O Espírito e o Verbo: as duas mãos do Pai; a questão pneumatológica em Y. M.-J. Congar (Paulinas, 1995): nesta dissertação 257 de mestrado, que organiza e sintetiza a extensa obra pneumatológica do insigne teólogo francês, a missão do Espírito na criação, no homem e na Igreja é vista dialeticamente interligada à missão do Filho, de modo a corrigir possíveis desvios no Cristianismo, quer para um eclesiocentrismo juridicista paralizante, quer para um autonomismo espiritualista alienante. E. Johnson, Aquela que É: o mistério de Deus no trabalho teológico feminino (ob. trad., Vozes, 1995); L. Scherzberg, Pecado e Graça na teologia feminista (ob. trad., Vozes, 1997): duas obras de peso escritas por teólogas católicas que enriquecem a teologia do mistério trinitário e a teologia da graça hodiernas com preciosos insights antropológicos e pneumatológicos feministas. Na primeira obra, o Espírito-Sophia representa o movimento imanente ao mundo do Deus vivo transcendente, em sua paixão criadora pela vida e liberdade das criaturas todas, a deslegitimar as estruturas patriarcais vigentes na sociedade e na Igreja, obstáculos para a reciprocidade do amor comunitário. Na segunda obra, atribui-se à pneumatologia a tarefa de intermediar, no conjunto da reflexão teológica, imanência e transcendência divina, liberdade humana e soberania de Deus, natureza e graça, auto-realização e altruísmo, experiência mística pessoal e ação sócio-política, numa inter-relação harmoniosa, não dualista e criadora, das várias polaridades, bem peculiar à percepção da mulher. Concilium 265, Movimentos Pentecostais: um desafio ecumênico (ob. trad., Vozes, 1996); Perspectiva Teológica 76, Pentecostalismo: as Igrejas entre a Renovação e a Desagregação (1996): ambas as revistas dedicam um fascículo praticamente inteiro para tratar do instigante fenô- meno dos movimentos pentecostais, que explode em todas as sociedades do mundo ocidental, sobretudo junto às massas populares, desafiando teológica e pastoralmente, tanto o catolicismo quanto o protestantismo histórico. F. Rolim, Pentecostalismo: Brasil e América Latina (Vozes, 1995); A. Corten, Os pobres e o Espírito Santo: o Pentecostalismo no Brasil (1996); R. Prandi, Um sopro do Espírito (EUSP, 1997): os três autores tratam da problemática pentecostal sob o viés histórico-sociológico. Enquanto o primeiro analisa, na cultura popular, o deslocamento devocional da crença no poder supra-social do santo protetor à fé irrestrita no poder divino, o segundo interpreta a efervescência das seitas como “a revanche do antipolítico dos pobres”, mantida pela tensa oposição de dois mundos, o divino e o demoníaco, ao passo que o terceiro concentra a sua pesquisa no movimento da RCC brasileira, considerando-o reacionário, seja no campo da intimidade moral-familiar, seja na esfera da vida pública, além de julgá-lo pouco afinado, se comparado às CEBs, ao genuíno ethos popular do pobres. 258 Lina Boff, Espírito e Missão na obra de Lucas – Atos (Paulinas, 1996); Revista de Cultura Bíblica 77/78, Espírito Santo e Bíblia (Loyola, 1996); H. Matos (org.), O Espírito Santo: fonte de vida (O Lutador, 1997): na primeira obra, um ensaio de pneumatologia narrativa lucana descreve o protagonismo do Espírito na vida de Jesus e na démarche eclesialmissionária dos primeiros cristãos, com especial destaque à participação das mulheres. Na obra seguinte, vários biblistas brasileiros enfocam temas diversos relacionados à experiência do Espírito Santo no ontem e hoje das comunidades cristãs, retratando o midrash de Pentecostes como festa da nova aliança e o batismo no Espírito como efusão dos dons outrora prometidos, numa tensão escatológica que pede o discernimento histórico constante. Por fim, a última obra resgata o essencial da mensagem bíblica sobre o Espírito, extraindo dela os fundamentos para uma autêntica espiritualidade cristã. J. Pixley, Vida no Espírito: o projeto messiânico de Jesus depois da Ressurreição (ob. trad., Vozes, 1997); V. Codina, Creio no Espírito Santo; pneumatologia narrativa (ob. trad., Vozes, 1997): ambos os autores trabalham a pneumatologia em chave histórico-profética, conscientes de que a celebração do Espírito no continente latino-americano não pode estar desvencilhada da luta pela justiça em favor dos pobres. Enquanto Pixley, desde um ponto de vista ecumênico metodista, recupera a experiência do Espírito vivificador dos corpos nas origens do movimento formado por Jesus e esforça-se por tecer um diálogo crítico entre pneumatologia e ciência moderna, desmascarando os sistemas totalizadores que seqüestram a vida do povo, Codina narra o caminho percorrido pela Igreja Católica neste segundo milênio, desvendando-lhe os sinais, seja de esquecimento seja de presença viva do Espírito profético de Cristo. Diante das perplexidades e mudanças do atual contexto mundial e eclesial, fonte de inquietação para a reflexão teológica latino-americana, o conhecido teólogo jesu- íta vê como sinal da novidade do Espírito a emergência de um novo paradigma, o “cultural”, a instigar novos “lugares teológicos” para uma pneumatologia autóctone: a religião, a terra, a mulher, os grupos indígenas e afro-americanos, a festa e os ritos populares. Comissão Teológico-histórica do Grande Jubileu do ano 2000, “Senhor, a terra está repleta do teu Espírito” (ob. trad., Paulinas, 1997): com expressiva sensibilidade ecumênica, esta obra recolhe o que há de melhor na tradição patrística grega e latina e propõe uma teologia geral do Espírito centrada na antropologia da graça, ou seja, na deificação do ser humano mediante a restauração de sua “condição icônica”. B. Kloppenburg, Parákletos: o Espírito Santo (Vozes, 1998); R. Cantalamessa, O Canto do Espírito (ob. trad., Vozes, 1998): seguindo um enfoque mais doutrinário e moralizador, o primeiro autor reco- 259 lhe, primeiramente, alguns temas da pneumatologia católica tradicional para em seguida discorrer sobre a RCC e os fenômenos carismáticos, estabelecendo um paralelo entre os cultos pentecostais e as sessões espíritas. O autor italiano, por sua vez, propõe-se a compor uma pequena suma teológica sobre o Espírito Santo, pela meditação dos versos do clássico hino Veni Creator, construindo uma espiritualidade delineada, especialmente, a partir da ação interior da graça nos corações e das demandas individuais de santificação.
1.4. Esboço de um perfil Uma visão de conjunto das obras supra-mencionadas permite-nos estabelecer alguns paralelos e descortinar, com relativa segurança, um prisma articulador ou enfoque dominante para cada década apresentada. Conforme o nosso parecer, prevalece na década de 70 o enfoque dogmático (predomínio da razão), na década de 80, o histórico (predomínio da práxis), e na década de 90, o existencial (predomínio da experiência). A década de 70 revela uma pneumatologia incipiente que procura o seu estatuto próprio através do diálogo fértil com várias disciplinas ou tratados teológicos mais consistentes. Nos dez títulos contemplados neste estudo, referentes a esta fase, teólogos sistemáticos contactam a temática do Espírito Santo com as áreas da cristologia, eclesiologia, antropologia teológica, sacramentologia e mariologia, estabelecendo, também, um diálogo sistemático, intra-teológico com o fenômeno pentecostalista católico emergente. Como já salientamos, percebe-se na literatura deste período uma preocupação mais incisiva com os fundamentos teóricos de uma nova dogmática sobre o Espírito em gestação. A década 80 caracteriza-se pelo uso quase generalizado do paradigma histórico, que tanto marcou o conteúdo e o método da teologia da libertação. A preocupação com a historicidade do pensar teológico e com o caráter imperativo da práxis histórica, como razão verificadora da verdade do Espírito, constitui um traço quase unânime no conjunto de obras consideradas, inclusive nas de origem estrangeira. Ressalte-se a simpatia de Y. Congar e de B. Forte para com a teologia latino-americana e a forma insistente com que P. Tillich dissolve o imaginário supranaturalista do êxtase cristão, postulando uma experiência histórica do Espírito. A década de 90, por fim, contempla o surgimento de uma coletâ- nea bem mais numerosa e diversificada de títulos, se comparada às décadas anteriores. Não obstante a heterogeneidade das publicações, tanto com respeito à sua qualidade quanto à variedade dos temas 260 propostos (espiritualidade e pneumatologia bíblica, espiritualidade da libertação, pentecostalismo no Brasil e na América Latina, experi- ência carismática, Espírito e cristologia, Espírito e cosmologia, pneumatologia feminista, Espírito e inculturação, Espírito e profetismo num mundo globalizado e excludente...), vemos em todas elas uma marca comum: a preocupação com os aspectos existenciais e experienciais da vida no Espírito. O resgate do místico, da “experiência de Deus”, todavia, toma direções diversas e, às vezes, até opostas. Se, para alguns, repercute em formas intimistas autocomplacentes, emocionais e evasivas de “vida espiritual”, para outros representa uma instância criativa e fecundante, desencadeadora de práxis histó rica de libertação no Senhor. 2. Alguns temas em destaque 2.1. Espírito Santo e teologia trinitária A afirmação clara do caráter analógico de todo falar teológico constitui um pressuposto hermenêutico de grande relevo, atualmente, para a episteme da fé. Os teólogos admitem hoje, bem mais que no passado, a dimensão fundamentalmente simbólica e doxológica da teologia. Mesmo os enunciados extraídos das Escrituras, argumentam, não são suficientes para exaurir o mistério de Deus, em sua transcendência apofática e escatológica, eivado de “assombro e promessa”.4 Por conseguinte, não existe uma linguagem perene sobre Deus, ficando sempre aberta a história conceitual da Trindade divina e, com ela, da Terceira Pessoa. Um estatuto inédito de liberdade possibilita à teologia hodierna ir ao encontro de novas tematizações, cada vez menos unívocas e decididamente mais plurais.5 No tocante à formulação do conceito trinitário, há uma forte tendência na literatura teológica recente a problematizar o antigo modelo processional greco-latino em favor do modelo pericorético trazido ao Ocidente por São Boaventura. As relações das pessoas divinas no 4 Cf. FORTE, B., A Trindade como história; ensaio sobre o Deus cristão (trad.). São Paulo, Paulinas, 1987, pp. 19-22; CONGAR, Y., A Palavra e o Espírito (trad.). São Paulo, Loyola, 1989, pp. 13-16; BOFF, L., A Trindade e a Sociedade, Petrópolis, Vozes, 1987, pp. 17-20. 5 Conforme o depoimento de Elizabeth JOHNSON, falar de Deus na ótica feminista não se coaduna a um discurso unitário e imediato, haja vista a experiência das mulheres de que toda posição monolítica desfavorece inevitavelmente alguma parte (cf. Aquela que É – O mistério de Deus no trabalho teológico feminino (trad.). Petrópolis, Vozes, 1995, p. 27). 261 mistério, sustenta L. Boff, “são antes de participação e revelação recíproca que de derivação hipostática. São de correlação e de comunhão e menos de produção e processão”.6 Há uma contradição entre igualdade e disposição hierárquica rígida no modelo processional, diz E. Johnson, que pode ser superada pela valorização do padrão relacional da mutualidade, onde aquele que doa também recebe, impedindo qualquer subordinacionismo.7 Após longas digressões e debates entre católicos, ortodoxos e protestantes sobre a controvérsia do Filioque, 8 o resgate da “pericórese” ou da “circumincessio” pode atender à tarefa ecumênica lançada por D. Ritschl de se rever não somente o monoteísmo modalista de Agostinho e da tradição ocidental, como também o monopatrismo e a posição imprecisa do Espírito face ao Filho da tradição greco-ortodoxa.9 Não obstante o vigor do paradigma relacional, fica-nos, porém, uma inquietação: a abolição sem mais do modelo processional não colocaria em risco as propriedades pessoais dos Divinos Três? Certamente, como advertiu T. Stylianopoulos, os termos “geração” (gennêsis) e “processão” (ekporeusis), embora bíblicos, não são decisivos em si mesmos. Por especulação racional, não é possível saber o que de fato significam. O que se espera com eles é distinguir o Filho do Espírito em sua comum alteridade para com o Pai.10 Unidade e distinção configuram o mistério em Deus, onde o pessoal (a identidade relacional) equivale, a um só tempo, ao interpessoal e ao transpessoal. A força do pessoal (esse in) está na ousadia do ser-para, do existir-para-além-de-si (esse ad). Quanto mais se comunicam e se 6 Op. cit., p. 254. Na comunidade trinitária, os Divinos Três existem sempre um pelo outro, para o outro, com o outro e no outro (cf. Ibidem). 7 Op. cit., pp. 281-283. 8 Cf. CONGAR, Y., pp. 115-135; RITSCHL, D., História da controvérsia sobre o filioque, em Concilium 148 (1979) 15-26; FAHCY, M., “Filho e Espírito: teologias divergentes entre Constantinopla e o Ocidente”, Concilium 148 (1979) 27-35; STYLIANOUPOULOS, T., “Filho e Espírito: posição ortodoxa”, Concilium 148 (1979) 36-45; NOGUEIRA, L. E., O Espírito e o Verbo: as duas mãos do Pai. São Paulo, Paulinas, 1995, pp. 31-39; MANARANCHE, A., O Espírito e a mulher (trad.). São Paulo, Loyola, 1976, pp. 83-95; SANTA ANA, J., Ecumenismo e Libertação (trad.). Petrópolis, Vozes, 1991, pp. 139-154; COMBLIN, J., O Espírito Santo e a libertação. Petrópolis, Vozes, 1987, pp. 207-217; PIXLEY, J., Vida no espírito: o projeto messiânico de Jesus depois da Ressurreição (trad.). Petrópolis, Vozes, 1997, pp. 187-199; FORTE, B., op. cit., pp. 107-129. 9 Cf. art.cit., p. 26. Vale aqui recordar que as Escrituras, em momento algum, referem-se ao Filioque ou ao a solo Patre, conclusão a que chegaram teólogos católicos e ortodoxos, reunidos em 1950, anos antes do Concílio (cf. CODINA, V., Creio no Espírito Santo – pneumatologia narrativa (trad.). Petrópolis, Vozes, 1997, pp. 61-64). Como bem entendeu a questão B. FORTE, a urgência de agora está em “desenvolver uma cristologia pneumatológica dentro de uma teologia inteira e coerentemente trinitária” (op. cit., p. 129). 10 Cf. art. cit., p. 38. 262 unem uma às outras, tanto mais as pessoas divinas se distinguem e se realizam em sua identidade própria relacional.11 É justamente aqui onde vemos emergir com inaudita força a figura do Espírito Santo, em sua qualidade hipostática de “relação da relação”, como aquele que supera a relação Eu-Tu introduzindo-se como o “Nós Divino”,12 da mesma forma como faz garantir no mesmo mistério, a singularidade de cada pessoa.13 À luz das seqüências bíblicas pré-pascal “Do Pai no Espírito ao Filho” e pós-pascal “Do Pai pelo Filho no Espírito ao mundo”, o “Terceiro” converte-se no que há de “primeiro” na relação com a vida e o ser divinos, enquanto imediatidade mediadora de toda relação no amor eterno, seja ad intra seja na pura excedência do ad extra.14 Donde a excelência da seqüência “No Espírito com o Filho de junto do Pai”, destituindo pretensas subordinações e tirando do anonimato o “Elã vital amorizante” que a teologia trinitária ocidental latina ocultou no mais íntimo do mistério.15 Estabelece-se, pois, um “ethos” relacional que trará fortes conseqüências para toda a reflexão teológica, sobretudo para a antropologia-cosmológica e a eclesiologia.16 11 Cf. JOHNSON, E., op. cit., pp. 282-302; FORTE, B., op. cit., pp. 149-151; COMISSÃO TEOLÓGICO-HISTÓRICA DO GRANDE JUBILEU DO ANO 2000, “Senhor, a terra está repleta de teu Espírito” (trad.). São Paulo, Paulinas, 1997, pp. 11-24. 12 Cf. BOFF, L., A Santíssima Trindade é a melhor comunidade. Petrópolis, São Paulo, 1988, p. 139. 13 Com muito acerto, A. MANARANCHE tece este comentário de elevado significado teológico-espiritual: “Seja qual for o lugar, o fundo ou as vinculações donde procedamos [com respeito às relações intra-trinitárias], não evitaremos o limiar do êxtase: recusar franqueá-lo seria encerrar-se dentro de um ‘eu’ que, breve, viria a confundirse com o vazio, ou tramar um ‘nós’, cujas ambigüidades não são menores. Ao vencer este dilema, o da comunhão ou da solidão, o Espírito nos ensina que todo desejo humano é convidado a realizar sua própria Páscoa: o viver-em-si e o viver-com-outros convergem numa igual morte espiritual, que lhes suprime a oposição e, com isto, possibilita o verdadeiro amor” (op. cit., p. 95). 14 Cf. MÜHLEN, H., art. cit., p. 6s. 15 Aqui se faz justiça à teologia oriental que vê na ação econômica expressiva do Espírito o transbordamento do ser do Pai que se revela no Filho (KASPER, W., Espírito-Cristo-Igreja, em RÉCUEIL SCHILLEBEECKX (suplemento à rev. Concilium 99/1974), A experiência do Espírito (trad.), Petrópolis, Vozes, 1979, pp. 76-78). Para a teologia latina, toda ação ad extra de Deus procede da natureza ou essência comum às Três pessoas, razão pela qual se esmaece na doutrina da graça a viva realidade da Graça Incriada (cf. MIRANDA, M. F., Libertados para a práxis da justiça; a teologia da graça no atual contexto latino-americano. São Paulo, Loyola, 1980, p. 131). 16 Ver, por exemplo, FORTE, B., op. cit., pp. 155-199; Ibid., A Igreja: ícone da Trindade – breve eclesiologia. São Paulo, Loyola, 1987, pp. 25-61; BOFF, L., op. cit., pp. 107-113; 161-69; Ibid., Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. São Paulo, Ática, 1995, pp. 15-62; 217-265; ALMEIDA, A. J., Teologia dos ministérios não-ordenados na América Latina. São Paulo, Loyola, 1989, pp. 165-206; MOLTMANN, J., Doutrina ecológica da criação: Deus na criação (trad.). Petrópolis, Vozes, 1993, pp. 17-88; 350- 393; 422-453; p.30: “A essência da criação no Espírito é, portanto, a ação em conjunto, e as relações manifestam a presença do Espírito na medida em que deixam reconhecer a sintonia geral. No princípio era a relação (M. Buber)”. 263 2.2. Espírito Santo e história Concebido pela teologia latina como “Dom de Deus” gratuitamente oferecido às criaturas, o Espírito é também reconhecido pelas tradições cristãs como “Doador de vida”, força criadora e renovadora de todo o cosmo. Segundo as descrições vétero-testamentárias, o Espírito de Deus detém um poder ativo e dinâmico sobre a natureza e a humanidade, revestido de estranha inquietude e imprevisibilidade. Ora se aproxima, ora se distancia, com incrível liberdade, atestamnos os profetas.17 Compete-lhe na história da salvação abrir o mundo de Deus à humanidade e às criaturas todas, e unificar tudo que está dividido e desfigurado pelo mal. Pois no Espírito, afirma B. Forte, tudo é criado e mantido no ser, e onde existe o ser, existe o amor, enquanto na imanência do ser transcende a bondade do Espírito.18 E se “é próprio do amor, completa Santo Tomás, mover e impelir a vontade daquele que ama em direção ao objeto amado”,19 a implantação da vida em comunhão, fraterna e solidária, liberta de toda opressão, será o maior distintivo da ação do Espírito em meio aos processos históricos.20 O Espírito realiza sua obra pela ação. Eis o melhor contributo da reflexão teológica latino-americana para uma pneumatologia histórica. J. Comblin, maior expositor deste paradigma, desenvolve a tese de que o Espírito faz os homens entrarem no tempo da ação, que é seu tempo. Ação que é transformação do mundo, da sociedade e dos indivíduos e, sobretudo, dela mesma, num contínuo discernimento histórico. Suas modalidades são várias: passividade, atividade, resistência, revolução. Sejam quais forem os limites, êxitos ou riscos, não obstante a fraqueza dos instrumentos, é nela onde o Espírito acontece. Por conseguinte, fugir da ambigüidade da história não é o caminho do cristão autêntico.21 17 Cf. SCHWEIZER, E., O Espírito Santo (trad.). São Paulo, Loyola, 1993, pp. 19-23; MATOS, H. C., O Espírito Santo: fonte de vida. Belo Horizonte, O Lutador, 1997, pp. 15-19. 18 Cf. FORTE, B., op. cit., pp. 112-114 e 160. 19 Summa Theologiae 1, q.36, a.1 apud JOHNSON, E., op. cit., p. 211. 20 Cf. COMBLIN, J., O Espírito Santo e sua missão (Breve curso de teologia - t. II). São Paulo, Paulinas, 1984, pp. 261-264; BOFF, L., A Trindade e a Sociedade, pp. 231- 258. 21 Cf. O tempo da ação; ensaio sobre o Espírito e a História. Petrópolis, Vozes, 1982, pp. 352-379. O despertar do Espírito entre os povos, comenta M.-D. CHENU, ocasiona práxis, fraternidade e descoberta da história (cf. “Despertar evangélico e presen- ça do Espírito nos séc. XII e XIII”, em RECUEIL SCHILLEBEECKX, op .cit., pp. 142- 145). É sintomático que a ausência do Espírito e de uma autêntica teologia do Espí- rito coincida com a ausência da mediação da história na fé (cf. COMBLIN, J., A força da Palavra; “No princípio havia a palavra”. Petrópolis, Vozes, 1986, p. 119). 264 A teologia clássica coloca na consciência humana o lugar privilegiado da ação do Espírito, a sede subjetiva do discernimento. A Encíclica Dominum et Vivificantem segue o mesmo esquema.22 No entanto, retorque Comblin, manifesta-se o Espírito de modo objetivo e não tanto por fenômenos de consciência, onde o subjetivismo constitui uma constante ameaça. Segundo a teologia paulina (e joanina), a realidade é quem nos diz o que fazer, estando nos frutos da ação o seu melhor critério e meio de discernimento.23 Enriquecendo a perspectiva lançada, sob um enfoque feminista, E. Johnson descreve a ação do Espírito-Sophia, “movimento do Deus vivo”, intermediado pelo mundo natural, pelo plano das experiências humanas pessoais e interpessoais e pelo nível dos macrossistemas. Em todos estes meios o Espírito age como quem sustenta, faz resistir, desafia, liberta e completa. Doando vida e renovando-a, transmitindo força e poder, Ele (Ela) livra da hibernação, restaura as estruturas sociais e políticas enfermas, atua junto aos sofredores, purificando o impuro e reconciliando os pecadores. Sua paixão misericordiosa pela libertação de todos os cativos da história atesta um compromisso irrevogável de Deus com a justiça no mundo, rompendo com todos os padrões e interditos segregadores de vida e relação comunional.24 Em meio ao caos social do terceiro e quarto mundos, K. Raiser vê na luta pela justiça a luta acerca da verdadeira e falsa espiritualidade. Enquanto práxis de transcendência no interno da realidade histórica, a vida no Espírito ultrapassa os limites do in22 Cf. JOÃO PAULO II, Carta Encíclica Dominum et Vivificantem – Sobre o Espírito Santo na vida da Igreja e do mundo (trad.). São Paulo, Loyola, 1986, pp. 65-73; assim também: KLOPPENBURG, B., Parákletos: o Espírito Santo. Petrópolis, Vozes, 1998, pp. 85-88; CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (trad.). Petrópolis, Vozes, 19934 , nn. 1776 a 1802, onde lemos a conhecida citação da Gaudium et Spes 16: “A consci- ência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz”. 23 Cf. Rm 7,4; Gl 5,16-23; Jo 15,1-2.8; COMBLIN, J., O Espírito e sua missão, pp. 200- 203; A. CANTALAMESSA argumenta que o critério objetivo nem sempre é suficiente, sobretudo quando é preciso discernir a vontade divina em relação a um bem e outro bem; donde a importância do discernimento interior e orante dos espíritos (cf. O Canto do Espírito – meditações sobre o Veni Creator (trad.), Petrópolis, Vozes, 1998, pp. 341-344). Mas nem mesmo neste caso, a “objetividade” do discernimento é desfalcada, pois, seu parâmentro será sempre o que for objetivamente melhor para a comunidade e que somente o tempo dirá ao certo. Com efeito, diz COMBLIN, “a ação não vem pronta do céu e não é revelada numa intuição carismática: deve ser buscada e estudada no mundo exterior que é preciso conhecer e provar” (O tempo da ação, p. 357). Um brilhante estudo sobre teologia e discernimento histórico dos “sinais dos tempos” encontramos em: TRIGO, P. Criação e história (trad.). Petrópolis, Vozes, 1988, pp. 221-298. 24 Cf. Op. cit., pp. 187-220. 265 teresse egocêntrico, a lógica fechada da razão instrumental, com vistas à nova criação. Esta práxis pneumática subverte a lógica míope do mercado, onde a satisfação individual destitui o bem do outro.25 Sendo o Espírito força profética de vida e poder, como aumentar, pergunta-se J. Santa Ana, a energia dos sem-poder perante a monocultura atual dos grandes, e sem permitir que esse poder se converta também num ídolo destruidor? Mediante o resgate, responde o teólogo, das energias primordiais, dádivas do Espírito, em suas três fontes: energias do desespero, do ethos e das mulheres. Energias de resistência e combate à dominação e à injustiça, orientadas para o serviço da vida pela Sabedoria divina que, pedagogicamente, convida o povo à metanóia (nova consciência ética), ao enlace orgânico (comunidade de partilha) e aos intercâmbios (redes regionais, nacionais e internacionais). Descortina-se daí, conclui o autor, o decisivo apelo do Espírito às Igrejas de hoje, de que utilizem todas as suas energias para a consolidação democrá- tica da sociedade civil. 26 Acrescentemos, por fim, a recente contribuição de V. Codina à presente temática, quando chama-nos à atenção para o novo paradigma emergente na reflexão teológica latino-americana: o cultural.27 Revendo algumas lacunas e limites da praxiologia só- cio-política da libertação que marcou época em nosso continente, este teólogo descortina no novo paradigma a primazia do simbó- lico sobre a lógica estritamente racional. Surge, com isso, a chance de recuperar dimensões essenciais da vida do povo negligenciadas ou mesmo banidas do pensamento racionalista moderno, à sombra do qual também se instalou a teologia da libertação nas duas décadas passadas. Incorporando, pois, “o cordial, o imaginativo, o vital, o mítico, o poético”, o viés simbólico “enlaça as raízes últimas do ser humano e do povo”.28 No momento presente, o Espírito convida os teólogos da América Latina a um mergulho mais despojado e despretensioso na vida cotidiana do povo, dispondo-nos à solidariedade com os pobres não somente em seus 25 Cf. SANTA ANA, J. et al., A presença do Espírito Santo nos processos históricos atuais - Estudo sobre o tema da Sétima Assembléia do CMI (trad.). São Paulo, Paulinas, 1992, pp. 93-102. Disse N. Berdaiev: “Meu pão de cada dia é um problema material. O pão de cada dia de meu próximo é um problema espiritual” (Apud Ibidem, p. 100). A vida no Espírito consiste em afirmar a ressurreição da vida do pobre, mesmo no deserto hostil da realidade (cf. PIXLEY, J., op. cit., pp. 233-239). 26 Cf. SANTA ANA, J., op. cit., pp. 25-63. Cf. também COMBLIN, J., “A ação do Espírito na América Latina”, em O Espírito Santo e a libertação, pp. 37-52. 27 Para o que se segue, cf. CODINA, V., Creio no Espírito Santo, pp. 161-213. 28 Ibidem, p. 175. 266 anseios de justiça e libertação, face às situações de pobreza que experimentam, mas também em suas manifestações culturais, religiosas e aspirações utópicas, acolhendo-os como sujeitos reais de sua própria riqueza.
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Jo 10,10; cf. Ibidem, p. 119; MOLTMANN, J., art. cit., pp. 150-152.
http://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/perspectiva/article/viewFile/677/1102
ESPÍRITO SANTO — Original Grego e Hebraico
A expressão “Espírito”, ou “Espírito de Deus”, ou ainda “Espírito Santo” se encontra na grande maioria dos livros da Bíblia. No Antigo Testamento a palavra hebraica empregada de forma uniforme para “Espírito” se referindo ao Espírito de Deus é רוּח, rūaḥ significando “sopro,” “vento” ou “brisa.” A forma verbal da palavra é רוּח, rūaḥ, ou ריח, rı̄aḥ usado apenas no Hiphil e significando “respirar”, “soprar”. Um verbo semelhante é רוח, rāwaḥ, significando “respirar”. A palavra que sempre é usada no Novo Testamento para “Espírito” é o substantivo grego neutro πνεῦμα, pneúma, com ou sem o artigo e para o Espírito Santo, πνεῦμα ἅγιον, pneúma hágion, ou τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον, tó pneúma tó hágioň. No Novo Testamento, nós encontramos as expressões, πνευματι θεου (“O Espírito de Deus”), πνευμα κυριου (“Espírito do Senhor”), πνευμα του πατρος (“Espírito do Pai”), πνευματος ιησου χριστου (“Espírito de Jesus Cristo”). A palavra grega para “Espírito” no grego vem do verbo πνέω, (pnéō), “respirar”, “soprar”. O correspondente em Latim é spiritus, de onde derivamos o nosso português “espírito”.
https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2013/03/espirito-santo-original-grego-e-hebraico.html
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NO DICIONÁRIO
"Xenoglossia (do grego xen(o) = estranho, estrangeiro + gloss(o) = língua) consiste no falar, de forma espontânea, em língua ou línguas, que não foram previamente aprendidas. É também um suposto fenômeno metapsíquico no qual uma pessoa seria capaz de falar idiomas que nunca aprendeu..."
https://educalingo.com/pt/dic-pt/xenoglossia
Xenoglossia - essa palavra evoca a efusão do Espírito Santo em grego (o mérito de falar outras linguas além da pessoa vem do Espírito Santo e não da pessoa - que é o meio pelo qual Deus comunica a boa notícia aos ouvintes).
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Já a glossolalia é restrita à habilidade de aprender falar línguas diferentes por determinada pessoa ao longo da vida.
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A linguá única entendida por todos movidos pelo Pentecoste diante da Pregação dos Apóstolos às multidões. Diferente da Babel: a dispersão por orgulho e afronta a Deus - uma cidade sem Deus, não dá certo!
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JOÃO CAMPAGNOLO - nos explica a XENOGLOSSIA.
O fenômeno das línguas é xenoglossia (Atos 2, Bíblia) cada estrangeiro ouvia os apóstolos e os discípulos falando-lhes na própria língua (dos Apóstolos).
(CONTRIBUIÇÃO DO MEU AMIGO: PEDAGOGO - PREGADOR CATÓLICO DA RCC - JOÃO CAMPAGNOLO).
Obrigado!
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Glossolalia - substantivo feminino
1. religião - suposta capacidade de falar línguas desconhecidas quando em transe religioso (como no milagre do dia de Pentecostes).
2. psicopatologia - distúrbio de linguagem observado em certos doentes mentais que creem inventar uma linguagem nova.
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Saudades de todos nós no Espírito Santo de Deus, alma da Igreja.
J B PEREIRA