Ruge, velho túmulo de heróis

Em 1989, na noite de 8 de janeiro , houve um acidente em alto mar quando um helicóptero de grande porte operava a partir do então navio-aeródromo Minas Gerais, hoje desativado. Eu estava em outro helicóptero e tive a honra de salvar, com a minha equipe, dois dos quatro tripulantes, numa operação noturna, tensa, e difícil.

Eles já se foram... Eram Guerreiros da Marinha; voltemos os pensamentos e orações para suas almas e estendamos a todos esta aura de paz e amor através de um poema que fala do mar e da saudade.

Mar!

Ruge,velho túmulo de heróis.

Escancara, pois,a famélica boca maldita

num rosnar hediondo e profano,

para acalentar almas e mentes

com tristezas, choros e aflições.

Morte!

Donde surgistes a ceifar vidas

fechando a porta deste mundo

para os nossos leais amigos.

Trancas o imenso desconhecido,

sonhos, desejos, risos e alegrias

que hão de ficar engastados e gravados

nos corações e pensamentos

dos Guerreiros que singram o mesmo oceano.

Lembranças!

Quem cobrirá a eterna lacuna

aberta no seio familiar?

Que alquimia aplacará o desespero

daqueles que necessitam das suas presenças

em companhia, afeto, dedicação e amor?

Ecoam no ar sons monossilábicos de pesar,frases e estórias...

E eles ressurgem em cada palavra

formando crônicas de perpétua recordação.

Reza!

Deixai vir a mão do onipotente

a guiar nossos desorientados passos

conduzindo-nos à razão, suprema fé,

para adquirirmos a resignação e o consolo

nesta hora de dor e desespero!

Rogo a vós, Senhor do Universo,

perdão e misericórdia aos que partiram...

Que tenham luz neste plano superior!

E quando a saudade vier cobrar

o quinhão de solidão e lágrimas

elevemos aos céus uma oração ou prece,

que servirá de bálsamo aliviando a angústia

que mora no peito deveras sofrido...

(Autoria atribuída ao L.P.N.)