Inverno de Abril
Cada e todo 28 de abril, me vem à mente que completaria mais um ano de vida aquele que, durante os 48 em que pôde pulsar parcas vezes titubeante, esbanjou saúde, espalhou alegria, inspirou calma, respirou retidão, amou amigos, acertou errando, errou tentando, semeou rosas e lideu com espinhos, furou-se com a espinhosa missão de abrir caminhos. Viveu como se morrer fosse horizonte distante. Morreu sem pestanejar pela vida que se esvaía em ritmo galopante. Fechou definitivamente os olhos abrindo enormes e irremediáveis fendas. Abriu sorriso quando as perspectivas se apresentavam horrendas. Sem almejar qualquer heroico feito, ascendeste como viva memória a ser seguida por todos que o viram ao leito. Ansiando passar despercebido, gravou definitivamente os sentidos dos que compartilharam um dia contigo. Maroto ingênuo e a criança se fez pai. Piada de mal gosto sarrear em repouso o vazio que fica, nos que aqui letárgicos observam a vida que vai!