Aos milhões sobreviventes

Dedico,

Aos que sobreviveram com um salário.

Aos que inventaram e adaptaram para facilitar seu trabalho.

Aos que brincaram sem brinquedo.

Aos que beberam água que não era incolor.

Aos que plantaram e subsistiram.

Aos que na chuva, as panelas impediram o alagamento.

Aos que do cobre e alumínio tiveram um extra no fim do mês.

Aos que por déficit nutricional, tiveram déficit de atenção.

Aos que morreram nos leitos por negligência.

Aos que naturalmente chamavam imbecis de doutores.

Aos que naturalmente baixaram a cabeça perante o burguês.

Aos inúmeros talentos desperdiçados nas celas.

É de vocês, é nosso.

aliás, tudo nosso!