Obrigado meu Deus!
Obrigado, Meu Deus!
A festa era linda.Transbordavam de alegria os olhos dos presentes.
Era o culminar de anos de sacríficio,de noites perdidas,do desfolhar constante dos livros de estudo. Com a alegria chegaram também recordações do passado.
Fazendo parte da festa,a alegria estampada no rosto,a mãe,mãe avó,como lhe chamavam,abriu lentamente o "baú" da memória,e deixou que lentamente fossem recordados outros tempos. P'ela memória lhe correram os dias de trabalho duro,sem descanso.As canseiras,o granjear do solo.A terra era fértil,os braços rijos habituados ao trabalho.Lembrou os tempos da escola as primeiras letras.O pequeno jardim,as primeiras flores.O primeiro filho,a continuação da vida na própria vida
O tempo foi passando.Já não era mais o seu tempo. Rodeada de todo o carinho,ali estava sentada no vetusto cadeirão,assistindo á festa bem dizendo a vida.Agradecendo a Deus. No entanto o olhar vagueava por outros horizontes.Lembrava o tempo não muito distante,que,sentada naquele banco no velho caramanchão,á sombra de uma árvore tão velha que ninguém sabia a idade,lembrava os dias felizes, que a prole entretanto aumentada,em correrias se divertia alegremente.Primeiro os filhos,agora os netos.Tudo,tudo lhe corria p'ela
memória. Não esqueceu tampouco o chilrear dos passarinhos que com o passar do tempo se acostumaram á sua companhia.
Ali estava! Rodeada de todo o carinho.Este era um dos dias mais felizes da sua vida. Valeram a pena os sacríficios.
P'ela santidade do seu rosto,aonde o tempo foi construindo os caminhos que só a idade dá,deixou correr devagar,lentamente algumas lágrimas que ninguém viu.Não de tristeza mas de contentamento,de júbilo de alegria.
E,do fundo da alma com um suspiro abafado, murmurou apenas.
Obrigado,meu Deus!
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