DESPEDIDA QUE AINDA DÓI
Confesso.
Confesso que ainda é difícil de acreditar...
Que eu me recuso, nego que a senhora morreu,
Confesso...
Que essa dor de saudades ainda é imensa
Que prefiro acreditar que a senhora fez uma viagem e que em breve irá voltar.
Confesso
Que sinto na minh'alma
Em minhas entranhas
Como se faltasse um pedaço de mim.
E na verdade falta...
Confesso...
Confesso, admito que vou tentando me conformar com a falta que tem me feito, que assim foi o melhor pra senhora.
Confesso, que cada conquista minha, cada novidade é pra senhora que gostaria de contar...
Confesso,
Admito vozinha, que ao entrar no seu quarto senti seu cheiro, o calor do seu abraço,
Até ouvi sua voz me dizendo para parar de ser "boba", que está bem e tudo ficará bem, que Deus sabe o que faz..
Confesso
Que sentirei pra sempre falta do seu colo, do seu abraço,dos seus lindos e perfeitos cabelos brancos, do seu cheiro...
Até mesmo dos nossos desentendimentos, por sermos de gerações diferentes, por termos uma personalidade marcante e tão parecida...
Entendo que tudo isso faz parte do luto.
Que tenho que vivencia-lo tal qual ele é
Por mais doloroso que seja
Por mais difícil que ele é
Tenho que me permitir viver
Pra poder seguir.
Pra continuar vivendo
Pra me fortalecer
Negar o que sinto, só me trará sofrimentos, irei adoecer e acabarei morrendo em vida
E essa sabemos que é a pior morte.
E isso vozinha vai passar e tudo ficará bem. Se tem um aprendizado, um legado que a senhora me deixou é entender e sentir a fé em qualquer situação, não importa o que aconteça a fé é o que nos move, nos impulsiona. Te amo vó. Ainda iremos nos reencontrar..
Com todo amor que tenho dedico esse texto a minha amada Avó materna Clementina Barbosa de Oliveira
* 23 de julho de 1931
† 12 de janeiro de 2018