DECLARAÇÃO DA DELEGADA DE POLÍCIA NÍVEL ESPECIAL SOBRE SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE EM 2011.

POLÍCIA CIVIL - Minas Gerais.

SUPERINTENDÊNCIA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO E PAGAMENTO DE PESSOAL

SEÇÃO DE REGISTRO E ALTERAÇÕES

OFICIO Nº 0777/GAB/DAPP/RG Nº 0424/2011.

Belo Horizonte, 01 de março de 2011.

Senhora Delegada,

Reportamo-nos ao Ofício nº 115/1ªDRPC/GAB/2011, de 07/02/11, recebido nesta Diretoria de Administração e Pagamento de Pessoal em 09/02/11, para encaminhar a V. Exa. A Declaração nº 008/ DAPP/SRA/2011/REG Nº 424, ORA ACOSTADA, expedida pela Seção de Registro e Alterações, contendo todos os dados funcionais do servidor Sebastião Bemfica Milagre, Escrivão de Polícia, Nível Especial, Masp 80.045- 8, conforme solicitado.

Atenciosamente,

p/ Claudia Regina Campos de Araújo

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO E PAGAMENTO DE PESSOAL

CARIMBO DA Valéria Garcia e Silva

Delegada de Polícia Nível Especial

Masp 368.841-3

EXCELENTÍSSIMA SENHORA

DOUTORA APARECIDA DUTRA DE BARROS QUADROS

DELEGADA REGIONAL DE POLÍCIA CIVIL/ 1º DRPC/7ºDPJC

DIVINÓPOLIS, MG

Cidade administrada presidente Tancredo Neves

Rodovia Prefeito Américo Gianetti –se/nº - 4º andar – Edifício Minas

Barrio Serra Verde - Belo Horizonte, MG

CEP: 31.630-900 –

Fones: 31 – 3915- 7242 ou FAX: 31 3915 - 7288

____________________

POLÍCIA CIVIL - Minas Gerais.

SUPERINTENDÊNCIA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO E PAGAMENTO DE PESSOAL

SEÇÃO DE REGISTRO E ALTERAÇÕES

Carimbo da Superintendência.

DECLARAÇÃO: nº 008/DAPP/SRA/2011/RG Nº 424

DECLARAÇÃO

Declaramos, para os devidos fins e à vista de documentos arquivados nesta Diretoria, que constam no prontuário funcional de SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE, MASP 80.045 – 8, ocupante de cargo de Escrivão de Polícia, Nível Especial, filho de Legítimo de Olinto Bemfica Milagre e de Deodata Maria Sempreviva Milagre, nascido em 02/09/1923, natural de Divinópolis/MG, os seguintes registros e alterações:

30/09/1947 – Nomeado, em virtude de aprovação em concurso de provas, para exercer o cargo de Escrivão, Letra A;

19/08/1949 – Promovido, por antiguidade, ao cargo de Escrivão, Letra B, de Delegacia Adjunta;

07/10/1949 - Promovido, por antiguidade, ao cargo de Escrivão, Letra C, de Delegacia Adjunta;

29/12/1951 - Cargo de Escrivão, Letra B, de Delegacia Adjunta, foi transformado em Escrivão de Polícia, Padrão J;

19/04/1955 - Promovido ao cargo de Escrivão de Polícia, Padrão k;

31/12/1956 - Cargo de Escrivão de Polícia, Padrão k, foi classificado como Escrivão de Polícia de 3ª classe;

30/10/1962 - Promovido, por merecimento, ao cargo de Escrivão de Polícia de classe especial;

03/04/1964 - O cargo de Escrivão de Polícia de classe especial, foi classificado como Escrivão de Polícia Auxiliar;

22/02/1968 – Aposentado no cargo de Escrivão de Polícia Auxiliar;

22/02/1992 – Falecido.

Eu, Diego Augusto de Melo, chefe de Seção – Masp: 1247.778-8, em exercício na Seção de Registro e Alterações da Diretoria de Administração e Pagamento de Pessoal de Superintendência de Planjamento, Gestão e Finanças da Política Civil do Estado de Minas Gerais, passei a presente Declaração, em Belo Horizonte, aos 24 de fevereiro de 2011.

André Candido Goulart

p/Chefe de Seção.

Agente de Polícia, Masp: 341875-3

Visto – Valéria Garcia e Silva

Delegada de Policia Nível Especial.

Masp: 368841-3

Carimbo da PM –

MG. 18.715.532/0001-70 –

Belo Horizonte, MG.

______________

Textos de e sobre SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE

“Sedento/ bebi nas fontes em surdina.

Poeta, gerei um livro.”

“Vida”, poema de O Viaduto das Almas"

(1986, p. 37-9)

"... sexo/agenário, sacri/fico, bombador/

tomba em dor, heca/tombos, mira/

colosso e miraculoso"

"O homem – (colosso!) – osso, osso

em Lixo atômico

( 1987, p.38)

SUMÁRIO DO ANEXO II - DISSERTAÇÃO DE JOSÉ JOÃO BOSCO PEREIRA

UFSJ - 2011

PASTA I – DOS ARQUIVOS DE SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE

1. Roteiro milagreano em Divinópolis..................11

2. Roteiro milagreano de viagens........................17

3. Do roteiro das crônicas milagreanas em Divinópolis......................................23

4. Das obras de Sebastião Bemfica Milagre: temática recorrente..........................................29

MEMORIAL CIRCUNSTANCADO DAS ATIVIDADES REALIZADAS.........................58

5. Das antologias milagreanas............................66

6. Do prefaciador de obras..................................67

7. Dos poemas e/ou textos inéditos –

Arquivo pessoal de Maria do Carmo Mendes, a Cacau –

19 de jan. de 2011..............................................68

8. Das obras alusivas a Sebastião Bemfica Milagre,

alguns de seus objetos e arquivos pessoais e institucionais......................73

PASTA II – DOS ARQUIVOS SOBRE SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE

9. Dos escritores de Divinópolis e das leituras e a influências

na obra de Sebastião Bemfica Milagre.................................85

10. Do arquivo da Academia Divinopolitana de Letra: atas,

pasta e a correspondência ativa e passiva de Sebastião Bemfica Milagre................92

11. Álbum da Família Bemfica Milagre – P. 24

Fotografias disponibilizadas por Paulo Milagre sobre o poeta..............................95

12. Correspondência no arquivo da ADL

sobre Milagre...........................................98

13. Primeiro Livro de Atas da ADL: 08/06/61 A 07/01/89.............................................99

14. Segundo Livro de Atas da ADL: 18/02/1989 a 04/05/1996..................................................101

15. Neologismos milagreanos, outros processos de

formação de palavras e rimas..............103

16. Diálogos intertextuais milagreanos............106

17. Referência à Biblioteca de Sebastião Bemfica Milagre segundo amigos e pesquisa dearquivos da ADL...................110

18. Obras de Sebastião Bemfica Milagre (corpus desta pesquisa em ordem cronológica)................................113

19. Lista de nomes da correspondência ativa e passiva

de Sebastião Bemfica Milagre.......................114

20. Entrevistas a pessoas conhecidas por Sebastião Bemfica Milagre

e filmagem em Divinópolis............................117

21. Os Arquivos de Divinópolis

sobre Sebastião Bemfica Milagre...................118

p. 11

ANEXO II

PASTA I – DOS ARQUIVOS DE SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE

1. ROTEIRO MILAGREANO EM DIVINÓPOLIS

__________

GRITOS - OBRA DO POETA (1972)

Soneto da Despedida

É esse soneto que aparece em Gritos; registrado em 2-11-1970:

‘o autor declamou à beira de seu túmulo”. p. 43

É considerado pela crítica local o melhor livro do

poeta, seu intimismo dilacerante revela a crise do

poeta quarentão que perdera a esposa. p. 5-129 1972

As orelhas da capa

A síntese de Lázaro Barreto é tecida em consideração

à solidariedade da dor milagreana.

Barreto foca que a “familiaridade do poeta com o artesanato mais

moderno da linguagem” implica: “Gritos é mais que

um livro: é a prova de que o Amor puro, eterno, fiel,

imensurável, ainda existe. (...)

Não é inacreditável?” Para confirmar essa posição, Barreto elabora sobre as bases dessa tragicidade da experiência do poeta

Milagre como

“...a solidão abrupta e definitiva” ,

uma leitura criativa em

Dante, Camões, Poe, Shakespeare.

O tema da amada morta é universal, sem deixar de ser

primeiro local. A mulher amada torna o spectrum

assombrando o poeta... Uma miragem e a vertigem

sem tréguas. O amor não morre com a morte.

A poesia e épica são construções culturais válidos ou

sublimação do Eros e Tanatos. Deste modo, uma das

práticas sociais legitimadas da canalização da dor da

separação.

Barreto destaca: “... uma constatação

comovente a de que valores que mais marcaram

a permanência do belo através das idades,

ainda são hoje vivos e experimentados

por um amante e um poeta como Sebastião Milagre”.

-

Dedicatória do poeta

Para Rose Gontijo

uma recordação de Lilia.

Sebastião. 16.8.1973.

Sequência Sumário da obra:

Gritos é a primeira parte e o oitavo dia é a segunda.

-

Apresentação

O autor começa a evocar o poeta Canavarro Gontijo,

que disse; “Gritos que esmagam e dilaceram...”,

pois como não gritar que o amor é incompreensível

por sustentar-se eterno na sugacidade da vida terrena?...”

13-14

P. 35

Biografia O poeta constitui e constrói a vida de Lilia em dados,

cujo início se dera com o casamento em 08 de setembro de 1944

e o falecimento no Finados de 1970.

P. 17

Gritos A primeira parte inaugura-se

com o soneto da despedida à maneira de Vinícius de Moraes.

A religiosidade está presente e vai sendo inquietante,

à medida que o soneto vai ser referencial de leituras e

desconstrução inteligente, crítica e criativa...

ao longo de toda a obra.

p. 23

Lilia Todas as quadras e trovinhas terminaram com o eco

melancólico e o luto do poeta insistente: Lilia.

Essa evocação é um diálogo intertextual de leituras

de Milagre nas obras universais e nacionais,

inclusive dos poetas mineiros, seja da tradição,

seja do modernismo.

Dante, Shakespeare, Edgar A. Poe, Cruz

e Souza, Alphonsus Guimarães estão presentes nesse

lamento pela amada falecida prematuramente.

27-41

Visita O poeta visita o túmulo de Lilia.

45

Final _ O poeta rememora os tempos de namoro e casamento. 49

O oitavo dia Inicia-se a segunda parte. 51

Abertura Um dos poemas mais lindos.

A epígrafe é de Beethoven.

E o poeta metaforiza “a sombra do fataldia”

como um trombo/tromba/tampa...

o fim da amada no jazigo.

57

O “rezo” “ó Cristo dai-lhe o céu” /

(pelo inferno de dor/ que

me destes)

61

No Sonho

O mundo noturno e do sonho

é a neblina de desejos e

evocações à amada,

o infeliz se sente feliz...

65-66

Os felizes Os que amam sem se apegar...

“por que tive que amar

desesperadamente/

amando neste tempo/

e alem da eternidade?”

69

Meu “grato”

Antes a todos agradecia, todos que passam e vivem

da rua... Mas, agora é silêncio.

“Calai-vos,

locomotivas...

Ontem, feliz.

Hoje pranto. ”

73-76

O oitavo dia

O poeta projeta um amor no futuro, no além... 79-80

Ai:

a Luiz Evangelista de Oliveira

“Aí de quem não se sentiu abandonado, em pranto,

se cansou da vida, de quem quer morrer e não morre,

teve medo da vida, foi tido por louco, não buscou

refúgio do sonho, acreditou na fé sem retorno

da amada...”

83-84

Ex-mãos O poeta fala como ex-ministro da Eucaristia:

agora se sente abjto

diante dos homens;

vive só e a solidão

o isola dos que creem...

87-88

O primeiro mandamento

Como amar o Deus do céu depois da perda do amor

na terra? O poeta amou Lilia sobre todas as coisas...

91-92

p.36

Verônica

A dor de Verônica é a personificação da dor de

Milagre. Ele é um dos que vive a paixão do amor...

95

O sinal

O sinal é o amor de reencontrar além sua Lilia. 99

No além do alento.

Nunca mais terra outra Lilia aqui.

O poeta bebe o fel

de seu desejo

e a carne clama pelo amor...

103-104

A última ceia

“Quem comer deste pão viverá eternamente!

Ela comeu a carne pedrificada/ onde a carne é vida

eternamente?”, ‘o hidrato de carbono, a proteína

dessa carne a última vez...” o poeta fundamenta

teologia e biblicamente seu desespero de amor...

vem em seu encontro a escatologia

de Augusto dos

Anjos...

“o frigorífico a encerra / vinte séculos

amém?”

“Que morte é esta/ que é vida eternamente?”

107-108

____________

Variações semânticas

Aqui aparecem 5 dessas variações à maneira neoconcreta.

Na primeira variação semântica:

‘Lilia

nunca mais (Tião nunca mais)”

vai se modificando e

acrescentando novos argumentos

da melancolia e

revolta do poeta...

Na segunda,” Viver não quero

mais, quero morrer...”, idem.

Na terceira, “Vida

breve, como és longa!”, idem.

Na quarta, “faltam três

horas para a minha morte...”, o tempo sincrônico fica

anacrônico, até não mais contar as horas,

porque o poeta já morreu poeticamente e eternamente...

Na quinta, “agora e a para sempre”,

o tempo histórico da carne e do amor a dois vai transcender a si mesmo em outra realidade, da qual o poeta tanto deseja... logo!

O discurso indireto-livre é o fluxo da consciência

onde o poeta na escrita de si se confunde com a

escrita do outro/Lilia/seu desejo de superação da dor

e da melancolia no plano metafísico,

liricamente

projetado no céu,

com Lilia.

_____________

Via-Sacra (1960), 1ª obra publicada na Imprensa Oficial de Belo Horizonte –

obra emblemática da tradição e da catolicidade milagreana,

práticas culturais da cidade de Divinópolis

desde sua origem colonial no século século XVIII

e durante a emancipação em 1912 até 1960.

____

Toma cuidado, Menina (1965) - obra do poeta

Esta obra é composta em parceria com Antônio Weber, seu filho mais velho, engenheiro químico, poliglota, residente no Rio de Janeiro.

Observa-se a entrada da publicidade como esforço estratégico de imagem construída pelo poeta dentre os patrocínios, além de inclusão

de seu filho como parceiro de trovas.

Há, no final do opúsculo, vários temas de humor e dicas ou aconselhamento.

Há 15 estrofes que revelam o valor que o poeta dava ao seu trabalho como escrivão, leiloeiro oficial, vendedor de seguros e secretário de faculdade.

_______________

Enciclopédia de Literatura Brasileira, v. 2

Resenha sobre a vida e obra de

Milagre, publicada por Afrânio

Coutinho e outros. MEC/ 1989, Rio

de Janeiro.

Seus dados estão referentes até 1978 para a Antologia

“Anu, Poetas” em Trovadores I, de Fernandes; é citado Sozinho na

multidão de 1979.

_____________

ESCRITORES MINEIROS. p. 338. 2010

Nessa obra, Sebastião Bemfica Milagre

é citado ao lado de vários escritores mineiros do passado

e da atualidade. Veja internet:

www.autenticaeditora.com.br/d

ownload/capitulo/2010042310

3201.pdf

__________________

SILVA,Mercemiro Oliveira.

Antologia 2009. Divinópolis: Edições ADL, 2009. p. 94-96

Há a crônica “Revisitando a poética de Sebastião Milagre!”,

de José João Bosco Pereira.

___________

PEREIRA, José João Bosco.

Momentos poéticos. Serfor, p. 50 Divinópolis,

MG, 2006.

Nesse livro de poesias sobre a

memória, o poema “Tradição e

renovação” traz em seu interior a

referência como o poeta da

transição do antigo ao novo na

literatura divinopolitana.

Apresentam-se as transformações

religiosas e culturais de Divinópolis

em duas fases: a tradicional e a

moderna cidade, com sua

implicação na literatura local.

______________

Hinos da FADOM, do Guarani Esporte Clube

– o Bugre mineiro, de Patos de Minas (esse para concurso) 1969

Fez Hino da Fadom – Faculdade de Direito do Centro Oeste de Minas -

em 1969, do Guarani Esporte Clube – o Bugre mineiro.

Letra e gravação em Bessa

(2003)

__________________

Nove Haicais para nove professoras

Milagre fez pouquíssimos haicais em vida.

Aparece um em Doador de sangue

(1990, p. 94).

Milagre, com os nove haicais, homenageia algumas professoras de

Divinópolis:

Ana, Lenirce, Sandra, Cidinha, Kenya, Fátima, Diva,

Rosana e Bernadete:

“Ana Maria, o teu nome/ é duplamente de

santa:/ assim, duplamente, encanta.//

Lenirce, com sua calma/ e seu capricho, é lição:/

faz tudo com perfeição.// Sandra, demais

esforçada,/ terá a vida/ de triunfos

pontilhada.//

O esposo é veterinário/ e de

Alegria é vizinha;/ sabem seu nome?

É Cidinha.// Kenya, em África, é país;/

Kenya, aqui, é professora;/ - seu aluno, sou feliz.//

Fátima lembra MARIA/ em terras de

Portugal:/ - embaixatriz da Alegria.//

Diva é “deusa”/ além de ser professora,/ é do aluno

protetora.//

No pré-primário, a Rosana/ tem a

mais linda experiência:/ trabalha com a

inocência.//

Bernadete, professora;/ Bernadete,

“pastorinha”;/ uma da outra se avizinha.”

1 lauda 09/09/1991

_________________

Leia em: SAIBA MAIS...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

PROGRAMA DE MESTRADO EM LETRAS

JOSÉ JOÃO BOSCO PEREIRA

SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE: UM LÍRICO DA MODERNIDADE

EM DIVINÓPOLIS

São João del-Rei, MG

2011

https://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/mestletras/A_DISSERTACAO_de_JOSE_JOAO_BOSCO_PEREIRA.pdf

___________

NEOLOGISMOS MILAGREANOS, OUTROS PROCESSOS DE

FORMAÇÃO DE PALAVRAS E RIMAS

1. divinopopolenses: “Adeus!” em Quartetos de sopro (1990 )

2. caldeamento, uma sui generis casta divinopolitana, quem vem a Divinópolis é verifica, fica e bem-fica em Doador de Sangue

(1990, p. 75)

3. divícia (de divina + sevícia, que aparece também no poema “O Lutador” de CDA): no poema “A recompensa”, em Doador de Sangue (1990), Milagre prioriza seu ser poeta acima do escrivão, que se interessa pela sua cidade na delegacia:

“A glória é ter exercido/ uma função policial/

(fui escrivão de polícia)/

sem ter feito nenhum mal/

nem praticado sevícia./

(além de glória, divícia!)/

Glória é passar/ pelas ruas,/

desarmado/ (...) e, de muitos, escutar/

(cujos nomes já esqueço)/ cumprimentos de efusão/

- ôi! Como vai, Sebastião? Out. 1989.”

(MILAGRE, 1990, p. 59)

104

4. Sidilirismo (Bairro Sidil + lirismo) em Doador de sangue

(1990, p. 93): tem a ver com a Sociedade Imobiliária de Divinópolis, depois o nome do bairro.

5. Poeta de vanguara (não vão-gurada) /

descobriu o inaudito na tua brancatez /

descobriu o inaudito na tua brancatez,

lancinante regougo, sina-agonia, suave remígio,

almas duendes,

fossa abstrusa taça de cicatrizes

em Doador de sangue

(1990, p. 89, 123, 124)

6. Noite/acoite, a poesia está a bordo na viagem da vida,

vencedor sem vitórias,

gesto amigo e perdoante,

minha vida alvar, exausto/hausto, dores/amargores,

mundo hostiliense, medo/arremedo, dolo/consolo em Procissão da soledade

(1990, p. 133, 136, 144,148 e 149)

7. 99% das folhas estão caídas.

Inverno, outono/bom sono, eu-findo/exaurindo,

feliz/cidade, quem me dera só na musica pairar-me!/

só na poesia quem me dera alar-me!,

o homem que rosna,

que quer locupletar-se no disfarce...,

em Procissão da soledade (1990, p. 153, 155 )

8. industriaria, estudoria, trabalhoria, comercioria,

praçaria, cidade-não de pé no chão no Catalão, bitolia,

paternaria

em A Igreja de João XXIII (1986, p. 45-6)

9. sozinhamplia

em A Igreja de João XXIII (1986, p. 45-6):

“Sozinhamplia / tranformaria;/ mas da pobreza / geme a dureza.”

10. Col/omnia (de colônia),

feral (de fera),

af-rica (África)

em Doador de sangue

(1990, p. 36, 37)

11. Restaura/ aura, borda/horda, luxúria/fúria, coito/oito/afoito, sexo/amplexo, nome/nume/múmero,

anjas (para poetisas),

oficineiros do verso,

Eva/pore,

em Doador de sangue (1990, p. 13, 20, 55, 56, 60, 65)

12. Puseram mandinga no poeta:

dizem que está sofrente, estressado, etc.

Nem o poeta sabe do que tem, dizem...

Só Deus sabe o que ele tem!

Ele está de acre dor-de-cotovelo...

em Doador de sangue (1990, p. 66)

13. extravia/ extra via; tua/

atua em A Igreja de João XXIII

(1986, p. 25)

14. maio/ria em A Igreja de João XXIII

(1986, p. 12)

15. Viga/rio (ponte de ligação) em A Igreja de João XXIII

(1986, p. 10)

16. tiranura (tirania + ditadura) em Viaduto das almas

(1986, p. 23)

17. divino pó em Divinópolis –

“o pó de cada dia”,

ressaltando a poluição das chaminés

em Viaduto das Almas

(1986, p. 32)

18. agioso

(agir + oso, pedágio, ágio, ágil, hábil, agiota)

título em O homem agioso (1986)

19. Dez/ esperas (de desesperas)

em O homem agioso (1986, p. 56)

20. Triacanto, cem-mistérios (de cemitérios)

em O mundo mundo-outro, v. 1

(1976, p. 55)

21. Sidero/tecnia em Viaduto das Almas

(1986, p. 26)

22. poder/ossos, poder/ócios (de poderosos)

em O homem é a caixa preta (p. 39)

23. neg/ócios em O homem agioso

(1986, p. 79)

24. inflaticida (inflar + fratricida) em O homem e a caixa preta

(1982, p. 13)

25. pa-lavrou (de palavra) em O homem é a caixa preta

(1982, p. 11)

26. maná/ncial (de maná + manancial)

em O homem é a caixa preta

(1982. p. 69)

27. em/presa em O homem é a caixa preta

(1982. p. 42)

28. padec/entes em O homem agioso

(1986, p. 54)

29. Coloriar em 1975“...

a manhã vindoura/

vai coloriar os seres/

e as ondas multiformes...”

em O homem agioso

(1986, p. 71)

30. o/briga, só(rindo), pa/deceres, pa/lavrares,

cousas/lousas,

moço/osso, sabor/dissabor, mo(a)tivado,

multa/culpa, másculo/ ejáculo,

cópula/ válvula/ fístula,

pro(a)gressividade

em O homem é a caixa preta

(p. 8, 12, 15, 16, 42, 43 e 56)

31. informa/deforma,

esque/cimento

em O homem é a caixa preta (p. 26 e 57)

32. É difícil /edifício em Viaduto das Almas

(1986, p. 33) e #3 EM 1 (19 )

33. O homem – (colosso!) – osso, osso

em Lixo atômico ( 1987, p.38)

34. dis/putas em Lixo atômico

(1987, p. 17)

35. e/terna, sebastião bem/fica o milagre em Lixo atômico

(1987, p. 44)

36. assídua/ocídua em Lixo atômico

(1987, p. 52)

37. ab/surdos em O homem agioso

(1986, p. 56)

38. ode (ódio) à beleza em O mundo mundo-outro

(197 , p. 29)

39. inocengênuo em O mundo mundo-outro

(197 , p. 11)

40. roseiras estão rosando; olhar fidelcino/

mundo diamantino/

tempo ferino

em O mundo mundo-outro

(197 , p. 36).

41. mundo-polvo em Viaduto das almas

(1986, p. 54)

42. mundo (i)mundo em Procissão da soledade

(1990, p. 156),

este (i) mundo e seus prazeres

em O homem agioso (1986, p. 91)

43. circu/ilhado em Viaduto das almas

(1986, p. 55)

44. auto-progresso, quando?:

ironia milagreana

em Viaduto das almas (1986, p. 56)

45. simbol/isso em Viaduto das almas

(1986, p. 59)

46. cân-ser em Viaduto das almas

(1986, p. 62)

47. epi(v)erme em Viaduto das almas

(1986, p. 62)

48. corpo al-quebrado Viaduto das almas

(1986, p. 64)

49. efê-meros em Viaduto das almas

(1986, p. 64)

50. olvi/dado em Viaduto das almas

(1986, p. 73)

51. abs/trato em Viaduto das almas

(1986, p. 76)

52. Dez/ilusões em Viaduto das almas

(1986, p. 91)

53. inter/esses; olho/ando; com/média

em Viaduto das almas

(1986, p. 80)

54. fe/rir; mel/melhor

em Viaduto das almas (1986, p. 80)

55. Deus oniatendente

em O homem agioso (1986, p. 84)

56. Fataldia, trombodoença,

morrenova, atri/burlado,

amor mor/morre, sênquio (de Thank you)

em Gritos (1972, p. 57, 74)

57. Supic/ante em Gritos (1972, p. 104)

58. Nexo/sexo, bombaatomizado, físsil/ míssil, nucle/ares, guerra fria/garra fria em O mundo e o terceiro mundo (1981, p. 15)

59. som agride/ agridição, televi/som,

líder/lanças, feliz/idade, mera

ilusão/merd’ilusão, ser/viços, esper/ânsia,

terceiro mundo/

bundo-bunda do mundo

em O mundo e o terceiro mundo

(1981, p. 9, 10, 13,14, 18, 27 e 28)

60. sexo/agenário, sacri/fico, bombador/

tomba em dor, heca/tombos, mira/

colosso e miraculoso,

61. “...alegra-nos uma cousa/

a visita do poeta Lincoln de Souza”

em Pão de sal (1966, p. 49)

62. perene/indene, ser-se/ ter-se,

minh’alma/calma,

baloiçar/mar, impoluto/bruto,

corruscante/ causticante,

moneras/ esferas, encontrarás/paz, altruísmo/

paraxismo,

iluminura/ alvura,

protegê-las/estrelas,

injusta/locusta,

domem/homem,

espanejar/luar, bemóis, rouxinóis,

fugace/face

em Sozinho na multidão

(1979, p. 35, 43,55, 57, 59, 63, 65, 67,79, 81, 93, 95,97, 99, 103)

63. inter’esse, homem vendível,

aero/era, agrava-idade, sum/ir-me, consum/ir-me,

(o poeta tem um soneto denominado

L, em Mar, todas as águas te procuram: 1963, p. 225)

L/luto/luzes (Lilia), álcool/auto/alto/trago/estrago

em O homem agioso (1986, p. 64, 65, 78, 79, 81)

página 106 -

64. celestiável (1987, p. 39) é outro neologismo de Milagre,

que aparece em Lixo atômico..

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MEMORIAL CIRCUNSTANCIADO DAS ATIVIDADES

REALIZADAS POR

SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE

NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS

ANTES DE FALECER

Ele lançou Lixo atômico (1987);

Arquivos (poesias mimeografadas). Divinópolis: ADL , 1987. 32 p.,

O Doador de sangue (1990) e Quartetos de sangue (1991),

aparece seu retrato e textos em Memorial de Divinópolis de Lázaro Barreto em 1992;

poemas inéditos de 1989, 1990, 1992, trovas em 1991,

09 haicais em 1991, 35

anos do Diário do Oeste em 1991, o verbete em Enciclopédia literatura brasileira em 1989, antologias, Aqui poesia de Sete Lagoas (1992), prefaciador em 1992, Cartal de natal;

50 anos de poesia em O poeta sobre o mundo em Cinquent’anos,

Aqui pra nós, Jornal da Cultura, Caçarola (1991), Anuário ADL – 1991, Revista 20 da Editora do Escritor 1992, Antologia ADL 2000, participação de I, II e III

Encontro de Academias em out.1989 e julho de 1991;

Academia Mineira de Trovas em 3 nov.1991;

Concurso São Lourenço em fev. 1991, ofício-convite em julho de

1991 por J. Arimathéa Mourão, Jazz-convite em out.1991 por Tulio Mourão;

poesia inédita Felipe e os Cavalos em 1991;

Palestras na Faced em Nov. 1988 e “Rumos da poesia brasileira” em nov. de 1988;

Atas da ADL entre 08/06/61 a de nº 10/1991 (dois livros de atas);

Termo de Posse: Milagre como vice-presidente de Mercemiro

Oliveira, na ADL, em seis de junho de 1987, p. 171 b e repete isso em 18 de julho de 1988, p. 184 b, Milagre doa dois volumes de Lixo Atômico em 07 de out. 1987, conforme Ata 10/87, p. 177, Milagre é aprovado em trovas no concurso de UBT – União Brasileira de Trovadores – e AFEMIL - Academia Municipalista de Letras,

em 15 de Nov. de 1987, como primeiro encontro de academias mineiras em Divinópolis, conforme ata especial dessas entidades, p. 6b, Milagre declama um seu poema antigo, em Ata 12/87, p. 181, em 05 de dez. de 1987, Milagre participa de reunião com Cacau, sua segunda esposa, conforme ata 06/88, p. 185, Faz palestra:

O que é Poesia? e declama o poema “Felipe e os cavalos”, de Bueno de Rivera, p. 189b, Ata 10/88, de 5 de Nov. de 1988, Milagre faz homenagem a Petrônio Bax com poema especial, em sete de jan. de 1989, Ata 01/89, p. 194;

Revista Dimensão em set. 1988, Revista de Poesia em 1989; Jornal de Brasília e da Casa do Escritor de São Roque;

Discurso de posse de Padre Olavo em julho de 1990; Substitui Fernando Teixeira na reunião da ADL em julho de 1990;

Voto de pesar pelo falecimento de GTO – Geraldo Teles de Oliveira - em out.1990. Sebastião Bemfica Milagre faleceu em 22 de fev. de 1992.

Lixo atômico (1987): esse poema como sugere o tema se inscreve em uma época de fobia da bomba atômica e consequências da Guerra Fria.

São poema com aspectos históricos e contemporâneos de Minas Gerais com temas do cotidiano numa variedade caleidoscópica do mundo atual.

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J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 05/01/2018
Reeditado em 05/01/2018
Código do texto: T6217727
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